Cartas ao director

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Com Deus a seu lado

“Senti-me muito seguro, porque tinha Deus a meu lado”, disse Trump no encerramento da sua convenção eleitoral; mas, há dias, o sistema de segurança não esteve ao lado de Trump.

Um atirador rasteja num telhado branco, transportando uma arma; daí tinha de ver os snipers da polícia na cumeeira dum telhado em frente, e estes tinham de ver algo que não podia ser mais suspeito, um atirador a rastejar num dos três únicos telhados próximos que tinham de vigiar. O que terá dado confiança a um rapaz inteligente para avançar a descoberto? Porque não disparou antes a polícia?

Alguém conseguiu obter a conivência das duas partes, para atingir um objectivo: eliminar Trump. Num país onde impera o ódio, em que os adversários políticos passaram à categoria de inimigos, a existência do Estado federal só pode ser garantida se as instituições funcionarem, se a Guarda Nacional, o FBI e a CIA garantirem a unidade nacional. Mas, agora, temos agentes do FBI que, temendo uma vingança por processos extrajudiciais, já põem a hipótese de abandonar o país face a ameaças de Steve Bannon, um ideólogo da extrema-direita, próximo de Trump, que os aconselha a tirarem já o passaporte e saírem do país, para se juntarem aos imigrantes deportados anunciados por Trump no seu discurso em Milwaukee.

Não, o discurso de Trump demonstra que não houve uma epifania: Trump continua a ser o mesmo. A tese de uma motivação ideológica do atirador esfuma-se a cada dia, reforçando a pergunta: a quem interessava este atentado? E qualquer resposta lógica deixa o mundo a perguntar-se se Deus está ao nosso lado.

José Cavalheiro, Matosinhos

As viagens de Montenegro

Li com curiosidade a notícia das viagens do primeiro-ministro de Portugal ao estrangeiro. Li porque, enquanto cidadã, não entendo esta matéria como uma verdadeira notícia. Propaganda, para nos fazer entender o quão ocupado anda? Ou um resumo para que possamos colectivamente entender o quão intensamente nos representa no estrangeiro? Não sei.

Sei apenas que a pegada de carbono é gigantesca. Será que o PM foi a Espanha de comboio, como a UE recomenda aos cidadãos? Ou será que foi de avião ou automóvel? De qualquer forma, enquanto não for calculada a pegada de carbono da nossa representação (inter)nacional, a notícia está incompleta. Os nossos representantes têm de dar o exemplo, os media devem registar que esse exemplo é praticado. Porque, ensinam-me desde criança, “o exemplo vem de cima”.

Leonor Veiga Ponsar, Montpellier, França

O PSD-Açores e as crianças pobres

Não consigo entender por que razão o PSD-Açores foi atrás do Chega e da sua conversa populista e aprovou uma resolução que dificulta o acesso às creches gratuitas para as crianças cujos pais têm a pouca sorte de estarem desempregados. Ninguém fica desempregado por opção e é lamentável que o PSD-Açores tenha optado por ser enganado pelo Chega, que é um partido que não respeita quem sofre na pele a dureza da vida porque não tem um rendimento de trabalho. A ideia do Chega de que só está desempregado quem quer é uma falácia e está totalmente longe da realidade. Infelizmente, também a Iniciativa Liberal, que dizia defender totalmente o acesso à educação de todos, se absteve nesta decisão. Apesar da independência do PSD-Açores face ao PSD nacional, será que Luís Montenegro não sente vergonha do que se passou e não deveria manifestar publicamente uma posição face à vergonhosa resolução aprovada nos Açores com os votos favoráveis do PSD-Açores?

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Um erro, a abolição das provas do 2.º ano

Ao contrário do que escreveu o leitor José Carvalho, de Chaves, nas "Cartas ao director”, a abolição das provas do 2.º ano não é uma boa medida. Essas provas, baseando-se em conteúdos específicos do currículo, eram definidoras da literacia e competência dos alunos. Não será necessário trazer o modelo PISA à colação. O problema do ensino em Portugal sempre passou pela estrutura e complexidade dos currículos, pelas metodologias de ensino e pelos manuais escolares. Está-se sempre a mudar, a procurar o “modelo mais perfeito” que não se encontra. Os sucessivos “cientistas da educação” do Ministério da Educação, em vez de estarem imersos na procura do ensino “ideal”, devem procurar currículos que preparem os alunos para o mundo do trabalho real, que exige competências específicas e diversificadas que se compaginem com os sectores e áreas onde se encontrem ofertas de empregabilidade. O ensino em Portugal está atrasado e desfasado e não consegue acompanhar o dinâmico e evolutivo mundo do trabalho.

António Cândido Miguéis, Vila Real

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