“Eu levei um tiro pela democracia”, diz Trump no primeiro comício depois da tentativa de assassínio
O candidato republicano dedicou o seu discurso a ridicularizar os democratas que têm questionado a manutenção de Joe Biden na corrida.
Donald Trump realizou este sábado o seu primeiro comício de campanha desde que escapou por pouco a uma tentativa de assassínio há uma semana, ridicularizando os democratas num recinto fortemente vigiado no estado do Michigan, um dos que vai decidir a eleição.
No comício, o candidato e antigo Presidente dos Estados Unidos ridicularizou frequentemente o Presidente democrata Joe Biden, considerando-o fraco. Trump aproveitou também para gozar com membros seniores do Partido Democrata por tentarem persuadir Biden a desistir da sua candidatura à reeleição, tendo chamado de “cão” à antiga presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi.
Depois de ter apelado por breves momentos à unidade nacional no início da semana, Trump regressou assim às suas tácticas habituais de campanha - utilizando uma linguagem insultuosa e por vezes ofensiva para atacar os seus adversários e repetindo uma série de afirmações falsas sobre a imigração, a economia e a fraude eleitoral, elementos importantes do seu discurso de sábado.
Acabado de sair da sua convenção de nomeação, onde a sua tomada de controlo do Partido Republicano foi cimentada, Trump apareceu em Grand Rapids com o candidato a vice-presidente, o Senador J.D. Vance do Ohio. Subiram ao palco no seu primeiro evento de campanha juntos, com o Partido Republicano unificado a apoiá-los.
Em contrapartida, já não é certo que o Presidente Joe Biden seja o candidato do Partido Democrata a enfrentar Trump nas eleições de 5 de Novembro.
No discurso, Trump atacou os democratas, dizendo que eles queriam expulsar Biden da corrida depois de ele ter ganho as primárias de nomeação presidencial. "Eles têm alguns problemas. O primeiro é que não fazem ideia de quem é o seu candidato", disse Trump, entre risos e troças. "Este tipo vai e obtém os votos e agora querem tirar-lhos".
"Como estão a ver, o Partido Democrata não é o partido da democracia. Eles são realmente os inimigos da democracia", declarou.
E acrescentou: "E eles continuam a dizer: 'Ele é uma ameaça para a democracia'. Eu digo: 'Que raio fiz eu pela democracia?' Na semana passada, levei um tiro pela democracia".
Referindo-se a Nancy Pelosi, Trump disse: “Ela virou-se contra ele como um cão. Ela é tão louca como um percevejo”.
O gabinete de Pelosi não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Steven Cheung, porta-voz da campanha de Trump, quando lhe foi pedido um comentário sobre as afirmações referindo-se a Pelosi como um “cão”, o porta-voz escreveu: “Hahahahahahaha”.
Trump referiu-se ainda à tentativa de assassinato várias vezes neste sábado. “Espero não ter de passar por aquilo outra vez. Foi tão horrível”, afirmou.
As sondagens mostram uma corrida renhida entre os dois homens a nível nacional, mas Biden está atrás de Trump nos estados que provavelmente determinarão o vencedor.
Houve uma forte presença policial no comício de Trump em Grand Rapids, no sábado, com polícias em todas as esquinas ao longo de vários quarteirões. Os agentes dos Serviços Secretos dos EUA estavam posicionados nas varandas superiores da Van Andel Arena, o que lhes dava uma visão panorâmica da multidão no interior.
As revistas aos sacos das pessoas que entraram no recinto coberto no início do dia foram longas e minuciosas, e a vistoria dos Serviços Secretos ao edifício demorou cerca de uma hora mais do que o habitual.
O comício do fim-de-semana passado em Butler, na Pensilvânia, foi ao ar livre. Nesse evento, o atirador conseguiu escalar o telhado de um edifício fora do perímetro dos Serviços Secretos antes de abrir fogo sobre Trump, cortando-lhe a orelha, matando um participante no comício e ferindo vários outros.
Os Serviços Secretos, responsáveis pela protecção de Trump, não quiseram comentar a segurança do evento de Grand Rapids. Está a decorrer uma investigação sobre as falhas de segurança no comício de Butler.
Trump fez um relato pormenorizado do seu pequeno encontro com a morte no discurso na convenção, na quinta-feira, dizendo à audiência que só estava a falar com eles "pela graça de Deus Todo-Poderoso".
O ex-médico de Trump, Ronny Jackson, disse no sábado que o ex-Presidente está a recuperar como esperado do ferimento de bala na orelha direita, mas notou uma hemorragia intermitente e disse que Trump pode precisar de um exame auditivo.
A bala disparada pelo atirador no comício de 13 de Julho na Pensilvânia esteve "a menos de um centímetro de entrar na sua cabeça", disse Jackson, um congressista republicano do Texas que foi médico dos Presidentes Trump e Barack Obama.