Activistas climáticos condenados a penas entre quatro e cinco anos de prisão em Inglaterra

Apoiantes da Just Stop Oil foram condenados a sentenças recorde para protestos não violentos por conspiração para desordem pública devido aos protestos que pararam uma auto-estrada.

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Apoiantes do Just Stop Oil à beira do tribunal onde foram sentenciados cinco manifestantes Sam Tobin / REUTERS
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Cinco manifestantes relacionados com o grupo climático Just Stop Oil foram considerados culpados de conspiração para desordem pública, avançou o The Guardian. Os activistas foram condenados a sentenças recorde para protestos não-violentos, por causa do seu papel no movimento que bloqueou a auto-estrada londrina M25 durante quatro dias consecutivos, em Novembro de 2022.

Roger Hallam, de 58 anos e co-fundador do grupo climático, foi condenado a cinco anos de prisão. Os outros quatro envolvidos foram condenados a quatro anos.

Os cinco arguidos ter-se-ão juntado no Zoom, a 2 de Novembro de 2022, numa reunião onde discutiram o planeamento do protesto. Na mesma reunião, terão tentado recrutar as pessoas para o bloqueio da auto-estrada. Um jornalista do The Sun ter-se-á juntado à chamada e enviou as gravações à polícia.

Durante o julgamento que culminou nas sentenças recordistas, 11 manifestantes foram detidos por desacatos no exterior do tribunal. Christopher Hehir, o juíz, considerou que "a perturbação foi intricadamente planeada" e havia "provas irrefutáveis" da existência de uma conspiração, como citado pela Sky News.

Para além disto, Hehir acrescentou que os manifestantes se "autonomearam como os únicos juízes daquilo que deve ser feito em relação às alterações climáticas" e que estes passaram "de preocupados a fanáticos" há algum tempo.

O Climáximo, grupo de activistas climáticos portugueses, mostrou-se solidário para com a Just Stop Oil. Em comunicado, o grupo declarou que os manifestantes condenados são “presos políticos de uma guerra que as empresas fósseis declararam à sociedade” e comparou esta situação à pena suspensa de um ano meio para os oito manifestantes do grupo, julgados pelo bloqueio da Avenida Duarte Pacheco, em Lisboa, a 14 de Dezembro de 2023.

A Amnistia Internacional também se manifestou contra a pena. “Estas longas sentenças para pessoas que apenas procuram justiça climática deviam gerar alarme sobre a repressão recorrente contra protestos pacíficos neste país. Isto viola todos os nossos direitos humanos”, disse Tom Southerden, conselheiro jurídico e de direitos humanos da Amnistia do Reino Unido, citado pelo The Independent.

Os procuradores alegaram que os protestos, durante os quais 45 pessoas subiram aos pórticos da auto-estrada, tiveram um custo económico de pelo menos 765 mil libras, cerca de 907 mil euros. Para além disso, a manifestação terá custado o equivalente a 1,3 milhões de euros à Polícia Metropolitana.

Os protestos também causaram cerca de 50 mil horas de atraso e afectaram 700 mil veículos, deixando a M25 comprometida durante mais de 120 horas.

Um agente da polícia também ficou com hematomas depois de ter sido derrubado por uma mota no trânsito causado no protesto.

Recentemente o Just Stop Oil, já reconhecido pela forma mediática das suas manifestações, cobriu o Stonehenge com pó cor de laranja na véspera do Solstício de verão, para pedir o fim do uso de combustíveis fósseis.