Haley e DeSantis, ex-adversários de Trump, prestam-lhe vassalagem em Milwaukee

Segunda noite da convenção republicana foi marcada por declarações de apoio de antigos adversários de Trump. Nikki Haley, a última rival a cair nas primárias, ouviu apupos e aplausos.

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Nikki Haley, crítica acérrima de Donald Trump até há poucos meses, diz que não é necessário concordar com o ex-Presidente "a 100%" para votar nele Jeenah Moon / REUTERS
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Foi uma espécie de “tudo está bem quando acaba bem”, digno do último episódio de uma telenovela. Antigos adversários republicanos de Donald Trump e vários dos nomes preteridos pelo ex-Presidente norte-americano para concorrer sob a sua asa à vice-presidência subiram na noite de terça-feira ao palco da convenção nacional republicana em Milwaukee, no Wisconsin, para enterrar divergências ou amuos e apelar ao voto no candidato.

Sob apupos e aplausos, o momento da noite foi protagonizado por Nikki Haley, a última candidata derrotada por Donald Trump nas primárias republicanas. Num derradeiro acto de submissão, a antiga governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, que há poucos meses declarava que Trump era “tóxico” e que não tinha idoneidade para voltar a ocupar a Casa Branca, apela agora ao voto no ex-Presidente. “A bem da nossa nação”, declara.

“Não temos de concordar a 100% com Trump para votar nele. Vejam o meu exemplo. Nem sempre concordei com o Presidente Trump. Mas concordamos mais vezes do que as que discordamos”, disse Haley.E defendeu o legado do antigo chefe de Estado na política externa: “Quando Donald Trump era Presidente, Putin não fez nada. Não houve invasões, nem guerra. Isso não foi um acidente.”

Outro antigo adversário de Trump a prestar tributo a Trump no palco principal da convenção foi Ron DeSantis, outro candidato batido durante as primárias republicanas. O governador da Florida, que já tinha apelado ao voto no ex-Presidente logo após desistir da sua candidatura, em Janeiro, centrou o seu discurso num ataque cerrado a Joe Biden. “A América não aguenta mais quatro anos de uma presidência ao estilo de Fim-de-Semana com o Morto”, disse, colhendo aplausos e gargalhadas.

“Vamos enviar Biden de volta para a sua cave e vamos enviar Donald Trump de volta para a Casa Branca”, declarou DeSantis.

Na tribuna, e com um penso ainda sobre a orelha ferida no ataque de sábado na Pensilvânia, Trump reagiu com um sorriso esfíngico às declarações de apoio dos antigos rivais. A sua presença no pavilhão Fiserv não estava garantida esta noite, desencadeando uma correria de jornalistas e apoiantes pelos corredores e galerias do recinto ao anúncio da sua chegada.

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Trump assistiu na tribuna aos discursos dos antigos rivais

Foi também uma noite de discursos de vários nomes que chegaram a integrar, em algum momento, uma longa lista de potenciais candidatos à vice-presidência. Ted Cruz, senador do Texas que no passado também fora um crítico veemente de Trump, e que fora insultado e humilhado por este, integrou a sua declaração de apoio num violento discurso contra a imigração ilegal, recuperando uma popular e infundada teoria da conspiração entre os republicanos que postula que os democratas estão a permitir a entrada irregular de estrangeiros para recolher ilegalmente os seus votos nas eleições. Não há qualquer prova de que haja imigrantes indocumentados a votar em massa nos Estados Unidos.

Mais moderado e conciliatório foi Marco Rubio, senador da Florida que, tal como Cruz, também concorrera contra Trump em 2016 e, até há poucos dias, era dado como uma das mais prováveis escolhas de Trump para a vice-presidência. “Fomos levados até à beira do abismo e, pela mão de Deus, fomos lembrados daquilo que realmente importa nas nossas vidas e no nosso país”, disse, apelando à união dos norte-americanos e declarando que Trump transformou o Partido Republicano num movimento popular abrangente.

Sarah Huckabee Sanders, antiga porta-voz da Casa Branca, actual governadora do Arcansas e outro nome que chegou a ser apontado para a vice-presidência, pintou Trump como um homem de família. Vivek Ramaswamy, outro candidato nas primárias republicanas, que sempre recusou atacar Trump, dirigiu-se ao eleitorado jovem: “Querem ser rebeldes? Apareçam nas vossas universidades e digam-lhes que são conservadores. Digam que querem casar, ter filhos e ensinar-lhes o juramento de lealdade aos Estados Unidos. É libertador.”

Esta quarta-feira, o destaque irá para o primeiro discurso de J.D. Vance como candidato à vice-presidência. Na quinta-feira, Donald Trump encerra a convenção com o seu discurso de aceitação da nomeação como candidato presidencial republicano, numa comunicação que terá sido reescrita após ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato, sábado, na Pensilvânia.

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