Em Portugal, os rapazes votam mais à direita e as raparigas mais à esquerda?
Estudos internacionais apontam para um fosso cada vez mais acentuado nas posições ideológicas e de valores dos jovens homens e mulheres. Mas em Portugal ainda “não há um panorama tão claro”.
“Todo o mundo moderno dividiu-se entre conservadores e progressistas. O trabalho dos progressistas é continuar a cometer erros. O trabalho dos conservadores é prevenir que os erros sejam corrigidos.” Pelo menos, assim pensava G.K. Chesterton (1874-1936), escritor inglês que serviu de inspiração a Duarte Abreu Loureiro, um “conservador e tradicionalista” de 20 anos, que já foi “muito mais liberal e progressista do que hoje”. Vindo de uma família conservadora, os “takes de direita” sempre estiveram lá, mas isso acentuou-se “ao sair do secundário”, quando encontrou, não os podcasts de Andrew Tate a que os homens da geração Z parecem estar a aderir, mas os livros de Chesterton e os valores da família e do “transcendente”.
Já Leonor Castelo, de 24 anos, identifica-se como “progressista” e sempre votou à esquerda, muito devido ao “impacto da troika e do Governo do PSD”, que a fizeram afastar-se “desse lado do espectro político”. Hoje, continua a encontrar na esquerda as soluções para aquilo que mais a preocupa: a igualdade de género e o ambiente. E admite que, num momento em que vê os seus direitos a serem “questionados” — nomeadamente, pelo livro Identidade e Família —, “o debate fica mais claro”.
Duarte e Leonor são dois casos isolados, mas espelham uma realidade que, a nível internacional, começa a delinear-se entre os jovens: as mulheres entre os 18 e a casa dos 30 anos estão a tornar-se mais progressistas ou a votar em partidos de esquerda e os homens da mesma idade estão a ficar mais conservadores ou a depositar o seu voto em forças políticas de direita.
Foi essa a conclusão de um artigo de Março da The Economist que analisou dados de 20 países com base no Inquérito Social Europeu, o Inquérito Social Geral e o Inquérito Social Coreano e concluiu que, em 2020, havia uma distância de 0,75 pontos nas posições políticas dos jovens homens e mulheres entre os 18 e os 29 anos, quando, há 20 anos, essa diferença era praticamente nula.
Numa escala de zero a dez, em que zero corresponde a “muito progressista” e dez a “muito conservador”, os homens quase chegavam ao ponto 5 e eram apenas dois pontos percentuais mais progressistas do que conservadores, ao passo que as mulheres pouco passavam do ponto 4 e estavam 27 pontos percentuais mais à esquerda. Esse fosso “não se traduz directamente em padrões de voto, mas é visível”, explica a revista, que dá como exemplo o facto de o Chega ter atraído o voto dos homens jovens com baixos níveis de educação nas legislativas de 10 de Março.
Aos 16 ou 17 anos, Duarte Loureiro, estudante de Ciência Política no ISCSP, “nunca teria votado no Chega” e olhava para Donald Trump como “um monstro de sete cabeças”. Depois de um “processo de conversão religiosa” que também teve uma “certa influência”, diz-se atraído por “uma força, uma vontade de fazer e de mudar” que encontra nesse “quadro ideológico”. E garante que “há uma tendência clara” da sua geração “nesse sentido, sem dúvida alguma, mais nos homens”.
“A minha geração está cansada de ver abanar a bandeira da liberdade há 50 anos — também queremos condições de vida”, diz. No seu caso, essas condições são “ter uma vida estável, no campo, com uma família grande”. Mas acredita que “as cartas não jogam” a seu “favor”: “As pessoas não gostam, repudiam de alto a baixo a maneira como eu quero viver, tudo o que seja um modo de vida tradicional.”
Isso leva-o a orientar-se ainda “mais nesse sentido” e acredita que o mesmo acontece com outros jovens. “Os homens têm-se sentido um bocadinho postos de lado e as mulheres, que já cresceram neste ambiente, têm na cabeça que são livres e independentes e há um afastamento imediato de qualquer pessoa que dê a aparência de tirar isso”, diz.
Também para Leonor Castelo, professora, as “cartas não jogam a favor”, mas por ser mulher. A maioria dos jovens homens que conhece, ao contrário das mulheres, vota na Iniciativa Liberal e identifica-se com a “ideia do capitalismo selvagem” ou “acredita muito na meritocracia”. “Os rapazes imaginam-se muito com sucesso numa empresa e acham que aquelas propostas fazem sentido para eles. Nós achamos isso menos realista, porque, na verdade, beneficiam as pessoas que fazem muito dinheiro”, diz, argumentando que “é mais fácil” para os homens “ignorarem” algumas preocupações sociais.
E dá um exemplo: “Sou assediada na rua desde os 13 anos. É uma coisa constante do nosso dia-a-dia e a eles não lhes passa pela cabeça.” Já as raparigas, mesmo que tenham “privilégios”, sabem “o que é não estar nessa situação, por isso sabem o que é ter empatia com as pessoas que passam mais dificuldades” e querem “trabalhar para um futuro mais igual e justo”. “Os partidos de esquerda dão mais resposta a essa preocupação”, constata.
Menos conservadores, mais materialistas
Estas diferenças não passam despercebidas na academia. O estudo Igualdade de género ao longo da vida – Portugal no contexto europeu (2018) da Fundação Francisco Manuel dos Santos, feito com base no Inquérito Social Europeu de 2014, identificou alguns valores comuns aos jovens e concluiu que há pontos de encontro, mas também contrastes entre os géneros.
Umas das características que separa os mais novos dos mais velhos é a maior “abertura à mudança” e, nesse ponto, “o nível de adesão de mulheres e de homens é igual”. Já no que toca ao conservadorismo, o caso muda de figura: “Os valores como a tradição, o conformismo com regras e costumes, a segurança ou o bom comportamento, isto é, o conservadorismo, são globalmente rejeitados pelos jovens e pelas jovens na Europa”, ao contrário das “pessoas na fase tardia da vida activa” (50 a 65 anos). Mas são as “mulheres jovens” até aos 29 anos e entre os 30 e os 49 anos que “rejeitam mais fortemente” esses valores. Sobretudo, em Portugal, onde o “nível de rejeição” das jovens pelo conservadorismo é “o mais elevado dos países” europeus analisados.
É uma realidade que, segundo Bernardo Coelho, um dos autores do estudo e professor de Sociologia do ISCSP, decorre do quão “tardiamente” as “políticas de igualdade” começaram em Portugal, devido ao Estado Novo. “Como chegam mais tarde, esses valores da igualdade, que são mais associados à esquerda, estão mais presentes nas mulheres portuguesas”, afirma. Mas não em todas. As mulheres mais velhas “aderem mais ao conservadorismo” do que as jovens e até do que os homens, porque estão menos integradas no mercado de trabalho.
É também isso que explica outra diferença entre as gerações. Ao contrário da geração X e de uma parte dos millennials, os sub-30 têm uma “tendência mais materialista da vida” — isto é, aproximam-se mais dos “valores materiais ou do poder pessoal” — porque “é entre os homens e, sobretudo, entre as mulheres jovens que mais frequentemente” existem “formas não permanentes e instáveis de integração no mercado de trabalho”.
“Olhares diferentes”...
Mas se ambos os grupos sentem os “problemas ligados ao acesso ao mercado de trabalho”, têm “olhares diferentes sobre o que pode ser a solução”. “Enquanto os homens viram à direita, talvez por questões de identidade, as mulheres, pela questão dos direitos, estão mais à esquerda”, o que é o “inverso do que foi durante muito tempo”, defende Bernardo Coelho.
Até aos anos 80, as mulheres “tendiam a ser mais conservadoras do que os homens”, mas com a “entrada no mercado de trabalho” e as “lutas pela emancipação”, começaram a posicionar-se mais à esquerda, explica a professora Anália Torres, coordenadora do estudo do ISCSP. Em Portugal, esse fenómeno chegou mais tarde. Em 2002, o Inquérito Social Europeu indicava que o chamado “modern gender gap” existia em quase todos os países, “excepto nos da Europa do Sul”, como Espanha e Portugal, onde só passou a ser uma realidade em 2020 — o que “é coincidente com o crescimento dos partidos populistas e neofascistas”, salienta Bernardo Coelho.
Para aí apontam também as investigadoras Edna Costa, Ana Espírito-Santo e Patrícia Silva, que escreveram um capítulo sobre género e voto na obra O Eleitorado Português do Século XXI (2024), em que afirmam que este fosso “nunca foi claramente visível” em Portugal. As eleições entre 2002 e 2022, contudo, mostram que houve um “reforço do gender gap” — que chegou aos 4,7 pontos percentuais há dois anos — “ancorando o voto feminino mais à esquerda”, seja por causa da “crise económica de 2009” ou da “entrada da direita radical no Parlamento” em 2019.
O estudo não avança se as mulheres jovens votaram mais à esquerda do que as mais velhas, embora indique que, nas democracias ocidentais, o “realinhamento à esquerda é mais visível entre as coortes mais jovens”. Mas mostra que a distância entre homens e mulheres durante estes 20 anos em relação à probabilidade de votarem à direita foi maior nos jovens dos 18 aos 34 anos. Dito de outra forma: é menos provável que as mulheres desta faixa etária votem à direita do que os homens da mesma idade, mas também do que as mulheres mais velhas. E os jovens homens são aqueles que têm mais probabilidade de votar à direita, tanto face às mulheres como às outras gerações.
Essa é outra mudança que os autores identificam no voto dos jovens nos últimos 20 anos: as gerações mais novas votaram quase sempre menos à direita do que o resto da população, mas nas eleições legislativas de há dois anos houve “uma maior tendência para o voto à direita”, “com uma diferença de 20 pontos percentuais para os adultos”.
A sondagem à boca da urna da Pitagórica das eleições de 2022 mostra que, na faixa etária até aos 34 anos, foram os homens que apoiaram mais a direita, isto é, o PSD, o Chega e a IL, sendo até o grupo em que a IL e o Chega têm mais apoiantes (a par dos homens dos 35 aos 54 anos) e o segundo que mais eleitores deu aos sociais-democratas. Já as jovens mulheres votaram mais no PS e no BE, sendo o grupo em que os bloquistas tiveram mais força, como mostra o estudo do ICS/Iscte sobre as Bases sociais do voto nas legislativas de 2022, de Pedro Magalhães e João Cancela.
Um estudo semelhante deste ano, As bases sociais do novo sistema partidário, relativo às legislativas de Março, conclui que “as eleições de 2024 confirmam a adesão de Portugal ao chamado ‘gender gap moderno’”: “PS, BE e PAN atraíram desproporcionalmente as mulheres que votaram, enquanto a IL e (especialmente) o Chega fizeram-no com os homens.” E traça perfis do eleitorado dos três maiores partidos que mostram novamente que o Chega é mais forte entre os jovens homens sem curso superior e a AD entre os homens da mesma idade com curso superior. Isto não acontece com o PS, partido que cativa um eleitorado mais velho e ao qual as mulheres até aos 34 anos aderem mais do que os homens dessa faixa etária.
... mas pouco?
Apesar de estes dados parecerem indicar que existe um fosso entre géneros acentuado nos jovens, os investigadores salientam que faltam estudos que cruzem as variáveis da idade e do género em Portugal. Olhando para o “posicionamento no espectro político” (e não para o voto), o sociólogo Bernardo Coelho ressalva que o gender gap “no âmbito dos jovens existe, mas é menor do que noutras idades”. “Aquilo que se assinala é que os jovens são menos conservadores e viraram menos à direita”, explica, observando que há um posicionamento entre os homens novos apenas “ligeiramente mais à direita” e não um “deslize para a extrema-direita”. E que, no caso das mulheres jovens, dá-se uma “estabilização de uma posição mais à esquerda”, mais do que uma “grande viragem progressista”.
Em todo o caso, “é difícil fazer afirmações definitivas”, porque há uma “grande volatilidade” nestes comportamentos, sendo necessário “observar com o tempo” este fenómeno. É o caso de França, onde houve “uma viragem numa semana” da Frente Nacional, de extrema-direita, para a Nova Frente Popular, de esquerda, que teve precisamente maior apoio dos jovens. Uma das causas pode estar nas redes sociais. “Há aqui uma introdução de uma variável que faz transformar muitas vezes o comportamento e o posicionamento das pessoas que são as novas tecnologias, o TikTok, o Instagram”, explica Bernardo Coelho.
Os próprios jovens não são indiferentes a essa questão. “A verdade é que o algoritmo nos mostra coisas diferentes e isso é um bocadinho assustador, porque está fora das nossas mãos”, diz Leonor, a quem aparecem comentários nos vídeos do Instagram diferentes daqueles que o seu namorado encontra. Duarte tem a mesma experiência, mas não o vê de forma negativa: “As redes sociais adaptam-se àquilo que eu quero ver.” “Se temos cada vez mais jovens a ver coisas de teor conservador, se calhar é isso que eles querem ver.”
Também Edna Costa, professora de Ciência Política da Universidade do Minho, considera que “não há uma distinção tão rígida nas mulheres mais novas entre aquelas que votam à direita ou à esquerda”, já que se “distribuem de forma mais uniforme”. A única certeza é que “os jovens estão a votar mais” e “tendencialmente nos partidos novos”, isto é, Chega, IL e Livre — dois dos quais são de direita —, faltando ver como se estabiliza esse voto.
A politóloga admite que “os rapazes estão a votar, principalmente em tempo de crise, mais à direita” e que os “novos movimentos informais online do ‘novo machismo’ estão a recrutar rapazes jovens”. Já “as novas gerações de raparigas têm uma consciência das desigualdades de género muito mais clara do que as gerações anteriores”, estando “envolvidas em movimentos de mulheres e manifestações feministas”. Mas em Portugal “não há um panorama tão claro de oposição entre voto feminino e masculino, mais jovem ou mais velho”, como nos Estados Unidos ou no Reino Unido, defende.
Nesses países, as mulheres dos 18 aos 30 anos são 30 pontos e 20 pontos mais progressistas do que os homens da mesma idade, respectivamente, um fosso que demorou apenas seis anos a surgir. Isto, de acordo com um artigo do Financial Times, de Janeiro, feito com base numa sondagem do instituto Gallup, que argumenta que “a Gen Z são duas gerações, não uma”. E o mesmo acontece em países como a Alemanha, a Polónia ou a Coreia do Sul.
Anália Torres considera igualmente que o grupo dos jovens não é “homogéneo”. A socióloga admite que há uma “sensibilidade” de que as mulheres mais novas “estão a afirmar-se como feministas”, até porque, como “têm mais formação, têm mais capacidade de vocalizar”. Já “os jovens têm um lugar de privilégio de que não têm consciência, porque nunca tiveram as experiências que as raparigas tiveram”, havendo, por isso, uma “probabilidade grande de que haja alguns zangados com a denúncia da violência que exercem sobre as mulheres”.
Isso significa que eles podem estar mais à direita e elas à esquerda? “É provável, porque quem está a defender os direitos são agendas mais à esquerda.” Mas “precisamos de estudos mais aprofundados”, avisa, lembrando ainda que “os jovens são mais abertos” e que nem todos os partidos à direita têm “agendas conservadoras”.
“Homem zangado” e agendas que vão “longe de mais”
O “síndrome do homem branco zangado”, cunhado por Michael Kimmel, é precisamente uma das potenciais razões para a viragem masculina à direita. “Os homens sentem que estão a perder coisas”, como o “acesso ao mercado de trabalho, o sucesso profissional”, a que “achavam que tinham direito, mas que, na verdade, são privilégios e, à medida que as políticas de igualdade vão crescendo, esses privilégios deixam de existir”, explica Bernardo Coelho.
O reverso da medalha é que isso cria “ressentimentos, zanga, frustração”, “uma grande revolta contra as políticas de igualdade”, de que os partidos de extrema-direita se aproveitam. É por isso que “se sentam sobre um pilar de discurso e de práticas anti-igualdade, anti-LGBTI”, observa. “O virar à direita” não é, por isso, “apenas um voto de protesto” face às condições económicas, mas “uma questão quase identitária”.
Já as mulheres tendem a acreditar em “soluções colectivas mais do que individuais”, isto é, “que as políticas públicas defendem os seus interesses”, porque “a agenda dos direitos e da igualdade é desfavorável”. De facto, segundo o estudo do ISCSP, os valores da igualdade de género são “mais defendidos pelas mulheres jovens” – por exemplo, 70% das jovens são favoráveis à “aceitação das famílias monoparentais e de casais do mesmo sexo” face a 50% dos jovens e 60% das mulheres novas concordam com a “introdução de quotas para garantir o acesso das mulheres a cargos de chefia e direcção”, em comparação com 40% de jovens homens. Há, ainda assim, uma concordância elevada sobre as ideias de que “as despesas da casa devem ser partilhadas pelos dois membros do casal” ou de que deve haver “igualdade salarial entre homens e mulheres”.
Também Edna Costa explica que, como “tendem a estar no fundo em situações de crise”, seja porque há uma “diferença ao nível dos descontos para a Segurança Social” ou “desigualdades salariais”, as mulheres optam pelos partidos de esquerda, que, “tendencialmente, prevêem um tipo de protecção social maior do que os partidos de direita”. Até porque “são muito mais dependentes do apoio do Estado do que os homens”, nomeadamente, de políticas que “vão determinar a possibilidade de se manterem no mercado de trabalho”, como “o apoio a creches ou as licenças de parentalidade partilhadas”.
O fosso salarial é, aliás, mais visível entre os jovens. De acordo com um retrato da população jovem portuguesa do Instituto Universitário de Ciências da Saúde, de Abril, mais de 65% dos jovens recebe menos de mil euros por mês e as mulheres até aos 30 anos auferem menos 26% do que os homens da mesma idade, ao passo que o Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens de 2022, por exemplo, aponta para uma disparidade de género da população em geral de 16%.
A questão dos direitos das mulheres é justamente uma das razões que levam Rita Martins, jurista de 22 anos, a votar à esquerda, uma posição a que a eleição de Donald Trump em 2016 não foi alheia. Mas também “as questões da imigração e das pessoas LGBT”. Já para o namorado, Tomás Monteiro, economista de 23 anos que faz parte da JSD, sendo toda a família de esquerda, o que pesa são as “questões económicas”. A razão? “As questões sociais falam mais alto” para as mulheres porque se sentem “atacadas”.
Mas, embora ressalve que existe um “grupo a tentar manter o statu quo, abalado pelo papel mais importante da mulher”, Tomás argumenta que se instalou uma “ideia errada de que a direita quer atacar os direitos fundamentais”, como mostra o facto de não ter havido “retrocessos” com o novo Governo. “A verdade é que Luís Montenegro, no Dia da Mulher, celebrou um homem. Acho isso preocupante”, contrapõe Rita. O namorado admite que há “preocupações” que “não estão no topo” ou sequer na “agenda” da direita, mas defende que assim seja: “Tem de existir um espaço de representação para quem não concorda com essas agendas.”
As “agendas” a que se refere, como a linguagem inclusiva, o direito ao aborto ou a autodeterminação de género é precisamente aquilo que mais os separa e cria “discussões” entre os dois, a par da guerra na Palestina. Tomás acredita que “nalgumas questões se está a ir longe de mais”, o que está “a levar as pessoas a caminhar mais para a direita” e até para a extrema-direita. Já Rita rejeita que a esquerda seja culpada. “É muito mais problemático que a direita dita moderada não se coloque numa posição de diferenciação”, diz, argumentando que “devia estar mais aberta” a este tipo de questões, que “também beneficiam a população masculina”.
Na conversa com o PÚBLICO, foram várias as ocasiões em que se envolveram em trocas de ideias um com o outro sobre esses temas que os dividem. Mas, num tempo de suposta polarização dos jovens, respondem com “uma nota de esperança”: “Se conhecerem uma pessoa do quadro político diferente, mas estiverem apaixonadas vão em frente porque pode funcionar.”
O estudos da Fundação Francisco Manuel dos Santos estão disponíveis para download gratuito em ffms.pt/estudos/estudos
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