Esta newsletter Educação é especial e foge ao formato habitual (e, também por isso, sai à sexta-feira e não à quinta). Dedicamo-la inteiramente aos rankings das escolas que hoje foram conhecidos.
Foi em Julho de 2001, num Governo liderado por António Guterres, que, pela primeira vez, o Ministério da Educação facultou aos meios de comunicação social uma base de dados com as notas dos alunos nos exames, aluno a aluno, escola a escola. Dados anonimizados, claro, mas que permitiam perceber as diferenças de desempenhos entre escolas de uma mesma cidade, entre litoral e interior, entre Norte, Sul, Regiões Autónomas, e entre ensino público e privado.
Até 2001, esta informação estava reservada aos serviços do Ministério da Educação.
O PÚBLICO tinha sido um dos jornais que, durante anos, tinham pedido que fosse tornada pública essa informação. A Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos acabou por decidir que o ministério tinha de disponibilizá-la.
Era ainda uma base de dados muito limitada. Mas cada órgão de comunicação social trabalhou essa informação, e alguns, como o PÚBLICO fez e continua a fazer, associaram-se à academia para desenvolver análises mais seguras. No nosso caso, o trabalho é feito em parceria com a Católica Porto Business School.
Houve uma enorme evolução desde então. Os dados disponibilizados pelo ministério foram sendo cada vez mais ricos, muito além das notas — sendo certo que muito há ainda a melhorar nesse ponto.
No PÚBLICO há muito que divulgamos não apenas o ranking das médias dos exames, mas também um ranking da superação, onde só entram escolas públicas. Tem em conta o contexto das escolas (se ali estudam mais ou menos alunos com acção social escolar, se os alunos estão integrados em famílias mais ou menos escolarizadas, se têm mais ou menos retenções) e compara-as com outras semelhantes. Muitos outros indicadores são fornecidos: notas internas, dados sobre a equidade, dados sobre actividades extracurriculares (pode escolher que indicadores quer valorizar usando a ferramenta “Faça um ranking à sua medida”).
Ainda assim, os rankings nunca deixaram de ser polémicos. Há quem os considere injustos. Quem não veja como pode o ensino melhorar com este exercício de exposição de médias de exame, taxas de retenção, taxas de conclusão e afins, escola a escola, que, dizem os críticos, acaba por levar todos, incluindo os professores, a centrarem o ensino mais no resultado medido por uma nota e menos nos processos.
Do lado oposto, há quem defenda que é um democrático exercício de transparência; e que a comunidade tem o direito de saber como se comparam as escolas da sua zona com outras e porquê – e, se for o caso, de pressionar os seus autarcas, para a melhoria das condições escolares, e o Governo central, para que mude políticas e reforce apoios às escolas que enfrentam mais desafios. E que sem dados públicos não há decisões fundamentadas e escrutináveis.
Seguro é que sem a divulgação da informação que hoje o ministério disponibiliza saberíamos muito menos sobre as desigualdades que atravessam o sistema educativo, e sobre as escolas que têm encontrado forças e recursos para superar as dificuldades.
Para a edição especial deste ranking falámos com dezenas de professores, directores, alunos, investigadores, mas também autarcas, pais, organizações da sociedade civil. Tudo para contextualizar os resultados, perceber as dificuldades e as potencialidades de vários projectos educativos. E há histórias muito inspiradoras. “O ranking da superação do PÚBLICO mostra de forma inequívoca que o sucesso das aprendizagens não é exclusivo das escolas privadas nem das escolas que recebem alunos provenientes de classes médias e altas. Há escolas inseridas em meios particularmente desfavorecidos a fazer um trabalho notável e a alcançar feitos dignos de destaque”, escreve a investigadora Isabel Flores.
Aqui está uma selecção das reportagens deste especial rankings:
E mais aqui: