Vereador sul-coreano culpa mulheres pelo aumento da taxa de suicídio nos homens

Kim Ki-duck acredita que a entrada da mulher no mercado de trabalho está a retirar oportunidades de emprego aos homens. Além da falta de trabalho, não encontram interessadas em casar.

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Vereador sul-coreano culpa as mulheres pelo aumento da taxa de suicídio nos homens Priscilla Du Preez/Unsplash
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O vereador da cidade sul-coreana de Seul Kim Ki-duck publicou um relatório no site da autarquia onde afirma que as mulheres são “parcialmente responsáveis” pelo aumento da taxa de suicídio nos homens.

Kim Ki-duck acredita que o papel das mulheres no mercado laboral tem sido “cada vez mais dominante” nos últimos anos e está a transformar a Coreia do Sul numa “sociedade predominantemente feminina”. De acordo com a BBC, que cita o documento, o político diz ainda que as mulheres estão a retirar os empregos aos homens, que, por consequência, não conseguem encontrar interessadas em casar. O relatório foi publicado no site do Conselho Metropolitano de Seul.

As afirmações estão a ser criticadas pelos sul-coreanos nas redes sociais e a preocupar especialistas em saúde mental. Em declarações ao mesmo site, Song In Han, professor de Saúde Mental na Universidade de Yonsei, destaca que as declarações do político são “perigosas e insensatas” e que os motivos que levam os homens da Coreia do Sul a tentarem o suicídio devem ser estudados cientificamente.

Confrontado pela BBC sobre as afirmações, Kim Ki-duck, do Partido Democrático (centro-esquerda), explicou que apenas manifestou uma opinião pessoal e que não tinha intenção de “criticar a sociedade dominada por mulheres". Ainda assim, acrescenta que as conclusões do relatório se baseiam nos dados sobre os homens que se atiraram das pontes do rio Han, em Seul, nos últimos anos.

Segundo o vereador, o número de suicídios de homens na cidade passou de 430, em 2018, para 1035 em 2023. Ou seja, a taxa de suicídio aumentou 10% (de 67% para 77%) nestes anos.

A Coreia do Sul tem uma das maiores taxas de suicídio dos países mais ricos do mundo, mas, ao contrário do que diz o político, as mulheres não têm melhores empregos do que os homens. Na verdade, escreve a mesma fonte, a maioria trabalha a part-time ou em empregos temporários. E apesar de a disparidade salarial estar a diminuir, continuam a receber menos do que os colegas do sexo masculino — em média, 29% menos.

No Parlamento do país, as mulheres representam 20% dos membros e nas autarquias locais 29%.

Kim Ki-duck não é o primeiro político a criticar a presença feminina no mercado de trabalho. Em Junho, um outro vereador de Seul afirmou que as mulheres deveriam fazer ginásticas e exercícios pélvicos para aumentar a taxa de natalidade. O Governo do país também recomendou que as raparigas começassem a escola mais cedo para que os rapazes se sentissem atraídos por elas e, no futuro, se casassem.

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