Adolescentes condenados em Espanha por criar imagens eróticas de colegas com inteligência artificial

Os menores foram condenados por um tribunal espanhol a um ano de liberdade condicional e a frequentar aulas de formação. As vítimas eram colegas de escola dos jovens.

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Os menores sobrepuseram fotos dos rostos das vítimas em imagens de corpos de mulheres nuas Paulo Pimenta
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Quinze adolescentes, entre os 13 e os 15 anos, foram condenados por um tribunal nesta terça-feira no sudoeste de Espanha por criar e partilhar imagens eróticas de colegas, com recurso a inteligência artificial, informa o jornal The Guardian.

O caso aconteceu em Badajoz, no município de Almendralejo. O tribunal condenou os adolescentes por 20 crimes de criação de imagens de abuso de menores e 20 crimes de ofensa contra a integridade moral das vítimas, informa o jornal britânico. Os menores vão ficar em liberdade condicional por um ano e vão ter de frequentar aulas de formação em igualdade de género e uso responsável da tecnologia.

“Foi comprovado que os menores utilizavam ferramentas de inteligência artificial para obter imagens manipuladas de outros menores; usaram fotos partilhadas nas redes sociais dos rostos das meninas e sobrepuseram essas imagens em corpos de mulheres nuas. As fotografias manipuladas foram então partilhadas em dois grupos de WhatsApp”, lê-se num comunicado do tribunal, citado pelo The Guardian.

O caso começou a ser investigado em Setembro de 2023, após relatos feitos pelos pais das vítimas às autoridades espanholas.

“Muitas meninas estavam completamente apavoradas e tinham ataques de ansiedade tremendos, porque estavam a sofrer em silêncio”, disse a mãe de uma das crianças à agência Reuters. “Elas sentiam-se mal, tinham medo de contar, temiam serem culpadas pelo que aconteceu”, afirma.

Num dos casos, cita o jornal El País, os adolescentes fotografaram uma menina durante um treino de voleibol no ginásio municipal para depois usar as imagens na plataforma de inteligência artificial.

“É chocante ver”, disse a mãe de outra das vítimas ao The Guardian. “A imagem é completamente realista. Se não conhecesse o corpo da minha filha, teria pensado que a imagem era real”, afirma.

A associação Malvaluna, que assumiu a defesa jurídica de 17 das 21 menores afectadas, sublinha a necessidade de uma educação sexual adequada na escola, para que as crianças não aprendam sobre sexo a partir de pornografia, o “que gera mais sexismo e violência”, cita o The Guardian.

“Além deste julgamento específico, o ocorrido deve fazer-nos reflectir sobre a necessidade de educar as pessoas sobre a igualdade de género”, disse a associação Malvaluna ao jornal online El Diario.

Texto editado por Mariana Adam

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