Antifascismo, de novo
É absolutamente revelador que a extrema-direita e os seus intelectuais orgânicos se empenhem em negar a persistência da cultura fascista no século XXI e em fazer-se passar por coisa nova.
Incrédulos durante um mês. Para que teria querido Macron dissolver a Assembleia e convocar novas eleições? Hoje sabemos de fonte certa (o pai do Presidente garante em entrevista que o filho lhe antecipara a dissolução dois meses antes) que a ideia era apanhar a esquerda desprevenida e dividida e, a dois anos das próximas presidenciais, encenar outro duelo com Le Pen. A egolatria é tal que Macron não percebeu o que quase toda a gente tinha percebido: um dos fatores centrais na opção de voto dos franceses é a rejeição do Presidente. Antevisto o desastre eleitoral (a coligação que o apoia passou do 1.º para o 3.º lugar na primeira volta, atrás da Nova Frente Popular e da extrema-direita), Macron passou a jogar com o fogo. Le Pen e o seu delfim Bardella que viessem para o governo, que ele, na Presidência, se encarregaria de dificultar a vida à extrema-direita. O paralelismo histórico com a nomeação de Hitler para a chancelaria alemã, em 1933, é evidente; a tese de então era a de dar o poder aos nazis para “tratar” dos comunistas, deixá-los que demonstrassem a sua incapacidade de governar (como se a sua “competência” fosse essa) e queimar assim a sua popularidade. Viu-se...
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