A distopia de uma França hostil à cultura roubou o palco em Avignon

O cenário plausível do desmantelamento do sistema cultural francês tomou conta do maior festival de teatro da Europa. Directamente ameaçados, os artistas estão em luta até domingo — e muito mais além.

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A poucos dias da segunda volta das legislativas em França, o Festival de Avignon assumiu-se como um lugar não apenas de contemplação de espectáculos, mas também de participação política CHRISTOPHE RAYNAUD DE LAGE/Festival de Avignon
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Entre a floresta de cartazes que todos os anos rebenta por esta altura no centro histórico de Avignon, ocupando como uma trepadeira descontrolada cada milímetro de parede disponível, são minoritários os materiais de campanha da Nova Frente Popular – cujo candidato local, o militante antifascista Raphaël Arnault, continua perdedor nas sondagens face à concorrente da União Nacional. Mas os slogans metralhados antes, durante e depois dos espectáculos que compõem a 78.ª edição do Festival de Avignon são inequívocos: a organização, encabeçada pelo dramaturgo e encenador português Tiago Rodrigues, a imensa massa de trabalhadores, muitos deles intermitentes, que fervilha nos bastidores, e os múltiplos públicos que esgotam as plateias estão resolutamente do lado esquerdo da barricada nesta recta final para as eleições legislativas de domingo. E esta, dramatizam, é nada menos do que uma luta pela sobrevivência.

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