Estreias, subidas e descidas: as novidades da nova Câmara dos Comuns britânica

Estas eleições trouxeram várias novidades ao Parlamento britânico, como a entrada de Farage, a eleição de Corbyn como independente, as subidas do Sinn Féin e dos Liberais Democratas e a queda do SNP.

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Corbyn volta a ganhar no círculo de Islington North, desta vez como independente JON ROWLEY / EPA
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Farage foi eleito à oitava tentativa, em Clacton Clodagh Kilcoyne / REUTERS
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Liberais Democratas de Ed Davey obtiveram um resultado histórico, com 71 deputados Phil Noble / REUTERS
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Nacionalistas escoceses do SNP perderam 38 deputados face a 2019 Russell Cheyne / REUTERS
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A noite eleitoral de quinta-feira trouxe várias novidades para a próxima legislatura no Reino Unido, que durará cinco anos, entre estreias, regressos e subidas e descidas, umas mais esperadas que outras. O Partido Trabalhista, de Keir Starmer, foi o grande vencedor das eleições legislativas, mas há outros pontos de interesse na nova composição da Câmara dos Comuns de Westminster.

Na direita radical, à oitava foi de vez: Nigel Farage foi mesmo eleito deputado para a Câmara dos Comuns na oitava tentativa, pelo círculo eleitoral de Clacton, na região do Leste inglês de Essex. O líder do Reform UK já tinha sido candidato sem sucesso em 1994, 1997, 2001, 2005, 2006 e 2015 pelo partido que liderou e ao qual esteve ligado até 2018, o UK Independence Party (UKIP).

Farage torna-se, assim, um dos quatro deputados eleitos pelo Reform no sufrágio deste ano, sendo a primeira vez que o partido da direita radical e populista elege qualquer representante para a câmara baixa do Parlamento britânico.

À esquerda, Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista que foi expulso por causa da forma como a sua direcção lidou com as denúncias de anti-semitismo dentro do Labour, foi eleito, como independente, com 49,2% dos votos no círculo londrino de Islington North, pelo qual é deputado desde 1983. Corbyn superou o candidato do seu antigo partido, que obteve apenas 29,9% dos votos.

Para além de Corbyn, que tinha no apoio à Palestina uma das suas bandeiras políticas, outros quatro deputados independentes foram eleitos em várias zonas do país com plataformas eleitorais fundamentalmente baseadas na oposição à guerra israelita na Faixa de Gaza.

Shockat Adam, Ayoub Khan, Adnan Hussein e Iqbal Mohamed venceram as respectivas candidaturas, em círculos espalhados pelo Centro e Norte de Inglaterra, incluindo nas cidades de Birmingham, Leicester e Blackburn.

Outra das grandes novidades da noite eleitoral foi o ressurgimento dos Liberais Democratas, que conseguiram uma enorme subida, sob a liderança de Ed Davey, aumentando de oito deputados eleitos em 2019 para 71 nas últimas contagens, prevendo-se que possam ganhar um dos dois círculos que ainda não foram declarados.

Davey, que fez uma campanha inusitada com entrevistas e acções de campanha em parques de diversões, aulas de paddle e sessões de dança, festejou o bom resultado na sede de campanha ao som de Sweet Caroline, música de Neil Diamond tipicamente associada a festejos desportivos.

“Nem foi preciso entrar de parapente”, brincou Ed Davey, debaixo de fortes aplausos e risos. O líder dos Liberais Democratas agradeceu o trabalho dos militantes e a confiança dada pelos eleitores, que culminaram no melhor resultado do partido centrista em mais de 100 anos.

Na Escócia, os independentistas escoceses do Partido Nacional Escocês (SNP) não têm razões para grandes festejos. O partido, que tem sido a principal força na região desde 2011, elegeu apenas nove deputados. Em 2019 tinha elegido 51, pelo que perde o estatuto de principal força regional para o Labour, que venceu 37 círculos eleitorais na Escócia.

Já na Irlanda do Norte, o grande vencedor foi o partido nacionalista irlandês Sinn Féin, que elegeu sete dos 18 deputados do território. O partido, que se candidata em eleições na Irlanda do Norte e na República da Irlanda, possui uma política abstencionista, ou seja, não participa na Câmara dos Comuns por recusar jurar lealdade à Coroa inglesa, não reconhecendo a soberania britânica sobre o território no Norte da ilha irlandesa.

Em sentido contrário, os unionistas ultraconservadores do Partido Unionista Democrático (DUP) perderam o estatuto de maior partido da Irlanda do Norte no Parlamento, descendo de oito para cinco deputados nestas eleições.

A novidade na Irlanda do Norte foi a entrada do pequeno partido da direita radical unionista Voz Tradicional Unionista, partido aliado do Reform UK no território, que venceu no círculo eleitoral detido por Ian Paisley Junior, filho do histórico líder unionista do DUP, o reverendo protestante Ian Paisley, que chegou a ocupar esse mesmo lugar.

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