João Almeida candidata-se a “segundo galo” da Emirates no Tour

O português aproximou-se de Juan Ayuso como n.º 2 da UAE. Na luta pela etapa e pelo Tour, Remco Evenepoel e Tadej Pogacar rolaram na etapa 7 da Volta a França com “veículos diferentes” dos demais.

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João Almeida em acção no Tour Stephane Mahe / REUTERS
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Na Volta a França, a equipa Emirates tem um galo para um poleiro. Chama-se Tadej Pogacar e ninguém, nem mesmo um atrevido Juan Ayuso, ousa colocar isso em causa. Mas já se percebeu que vai ser importante estabelecer quem é o “segundo galo” – até porque no ciclismo nada garante que o primeiro não venha a ter problemas.

Nessa medida, esta sexta-feira foi um bom dia para João Almeida e talvez não muito bom para Ayuso e para a própria equipa Emirates.

No contra-relógio da etapa 7, escreveu-se mais uma batalha na “guerra silenciosa” – que por vezes não foi tão silenciosa assim – entre Ayuso e Almeida.

O português tirou 21 dos 22 segundos que o separavam do espanhol, subiu dois lugares na geral e estão, agora, em quinto e sexto lugares, com vantagem de um mero segundo para Ayuso. Possivelmente, isto era tudo o que a Emirates não queria, já que adensa as dúvidas sobre quem é o “segundo galo” da equipa.

Almeida não só se desgastou mais em prol de Pogacar como ainda foi buscar tempo a Ayuso no “crono”, algo que deixa o português com legitimidade para reclamar maior protecção por parte da equipa, por exemplo com trabalho mais tardio nas montanhas para aquele que se mostrar mais forte.

Mas a equipa também pode limitar-se a analisar a classificação e, nessa vertente, Ayuso continua a ser o n.º2.

Remco e Tadej foram de "mota"

Na luta pela etapa e pela vitória no Tour, Remco Evenepoel e Tadej Pogacar rolaram na etapa 7 da Volta a França com veículos diferentes dos demais. Serve a caricatura para explicar que o belga e o esloveno fizeram um contra-relógio de nível superior a todos os outros – Remco em primeiro, Pogacar em segundo.

Na classificação geral esta diferença não tem especial impacto e tudo continua em aberto, mas, curiosamente, mostrou coisas boas sobre os quatro mais fortes deste Tour.

Vejamos: Pogacar está forte, como se esperava que estivesse, e segue de amarelo. Evenepoel está melhor do que se esperava, com pujança física evidente, pelo menos neste início de corrida. E ganhou 12 segundos ao esloveno.

Vingegaard também deu boas indicações, porque a perda de 37 segundos para Remco, apesar de não ser boa, não é o que poderia ter sido, dadas as dúvidas sobre a condição actual do bicampeão do Tour. E Roglic, que gastou mais 34 segundos do que o vencedor, também não vai ter insónias, já que o teórico quarto favorito foi, neste “crono”, o terceiro mais forte. Não foi óptimo, mas não é resultado de desdenhar.

A festa à porta de casa

Quanto ao restante "crono" há pouco para contar. Os dias de contra-relógio são, geralmente, algo aborrecidos na óptica do espectador, mas nem todos entraram no marasmo – ou então entraram demasiado, depende da perspectiva.

Foi o caso de Julien Bernard, ciclista da Trek que encarou esta etapa como um dia de festa, como provam as imagens em baixo. A correr perto de casa – e sem qualquer objectivo classificativo no Tour – prestou-se, primeiro, a cumprimentos ao público em plena corrida, acenos, danças e sorrisos. Depois, chegou mesmo a parar. Com a mulher e o filho bebé na berma, pôde parar o seu “crono” e ir cumprimentá-los. No fundo, deu para tudo.

Um pouco mais competitivos foram Nélson Oliveira e Rui Costa, que terminaram o dia nas 16.ª e 67.ª posições da tabela. Para Oliveira, foi um dos últimos treinos competitivos antes da presença no contra-relógio dos Jogos Olímpicos.

Para este sábado está desenhada uma etapa montanhosa, mas não muito. Com várias pequenas elevações, não é crível que haja duelo pela camisola amarela, até por ser a véspera de um dia que se prevê bastante duro – e bastante importante –, com uma etapa estilo clássica, com muita terra batida.

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