Inquérito de Estimação: Associação Empatinhas

No Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda animal que o mundo deve conhecer. A Empatinhas resgata animais abandonados e mal tratados em Paredes.

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A associação nasceu em Maio de 2022 para responder aos pedidos de ajuda dos habitantes de Paredes, no Porto, sobre o número de animais abandonados do concelho. Alguns já nasceram em matilhas de cães e colónias de gatos selvagens que, não estando sociabilizados, nunca poderão ser adoptados.

A Empatinhas conseguiu diminuir a população de gatos de rua através do programa CED (capturar, esterilizar, devolver), que têm em parceria com o Centro de Recolha Oficial de Animais de Paredes. Mas no dia-a-dia de resgates são frequentes os casos de animais mal tratados e negligenciados pelos donos.

“Desde a criação da Empatinhas já conseguimos salvar mais de 250 animais, sendo que 90 foram esterilizados. Também conseguimos colocar 160 microchips em animais assilvestrados e abrigos em terrenos estratégicos para os mesmos”, explica Beatriz Ribeiro, membro da associação, em resposta ao inquérito de estimação.

A Empatinhas foi criada há um ano e ainda não dispõe de um espaço para acolher os animais que salva. As famílias de acolhimento temporário ficam responsáveis por cuidar dos cães e gatos até a associação encontrar um novo dono.

“Todas as despesas são asseguradas pela associação”, esclarece Beatriz Ribeiro. Até ao momento, conseguiram que 45 animais fossem adoptados.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

Neste momento, considerando a quantidade de animais errantes que existem em Portugal, é urgente focar a atenção na esterilização do maior número possível, independentemente de estarem na rua ou terem dono.

Existe o programa CED, mas a lei só permite que seja aplicado às colónias de gatos. No caso dos cães, o número de ninhadas que nascem na rua continua a aumentar. São animais que vivem sem cuidados e, em muitos casos, acabam por morrer.

Além disso, há muitos tutores que ainda consideram que esterilizar um cão é retirar-lhe a virilidade. É importante transmitir a importância da esterilização, tanto em cadelas como em cães, uma vez que só assim conseguimos evitar a reprodução em massa e, consequentemente, diminuir o número de animais que têm uma vida pautada pelo sofrimento.

Um caso marcante

Não é uma questão simples de responder. Ao longo destes dois anos de Empatinhas, foram muitos os animais que nos marcaram, como o Nando e o Leão.

O Nando foi dos primeiros cachorros que resgatámos. Nasceu no monte e, depois de várias tentativas com uma armadilha, uma transportadora, muitas horas e paciência, conseguimos capturá-lo. Era um cão extremamente dócil, mas com um medo tremendo de pessoas. Ficou em casa de uma voluntária durante cinco meses. Depois de muita dedicação e tentativas de socialização, conseguimos que estivesse tranquilo com animais e humanos. E que fosse adoptado.

O Leão, outro dos nossos cães, foi um dos casos mais emocionalmente desgastante que tivemos até ao momento. Era um dos 16 cachorros que estava em casa de um acumulador que ia recolhendo os animais na rua, colocando-os em gaiolas e jaulas muito inferiores ao seu tamanho. Além de cães, tinha gatos, coelhos, pássaros, todos em condições deploráveis.

O Leão estava no exterior da casa, preso a cadeado e sem abrigo. Era frequentemente atacado por raposas e outros animais que visitavam o terreno. Quando o encontramos tinha feridas no corpo todo, mas, desde o primeiro contacto, mostrou ser um cão extremamente meigo e à procura de segurança.

Foi adoptado por uma família de Lisboa que continua a dar-nos notícias e a mostrar os longos passeios pela natureza e as sestas que faz no sofá.

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Quando os futuros adoptantes visitam os nossos animais, transmitimos sempre a mensagem de que a adopção de um animal é algo importante e que deve ser muito bem ponderado. Ter um animal é como ter um recém-nascido durante todo o período de vida que tiver. Precisa de atenção, paciência, dedicação e muito amor. Não é um objecto.

Se realmente querem adoptar e é a primeira vez que vão ter um animal, reflictam bem no assunto. Percebam se o vosso tempo pessoal permite ter um animal em casa que esteja feliz e que tenha os momentos de passeio a que tem direito. E, acima de tudo, pensem na responsabilidade que é ter um animal que sente e sofre como uma pessoa.

Um projecto que tem de ser conhecido

Achamos relevante mencionar a ABPA —​ Associação Brigantina de Protecção aos Animais. Tal como na Empatinhas, dedicam-se a resgatar e cuidar de animais abandonados ou sem dono para serem adoptados por uma família definitiva.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

É complicado referir apenas uma pessoa, porque temos contado com o apoio de várias que têm um papel muito importante no crescimento e trabalho da associação. Ainda assim, achamos importante referir a D. Fátima, uma senhora na casa dos 60 anos que, com alguns problemas físicos, nunca se recusou a receber os pedidos de ajuda que lhe foram feitos e está sempre de braços abertos para receber animais em casa. Dá-lhes todo o amor e dedicação que necessitam para, muitas vezes, voltarem a confiar no ser humano.

A D. Fátima recebeu ninhadas, cadelas gestantes e cães adultos. Uma dessas cadelas perdeu os bebés e, apesar de todo o sofrimento envolvido pelo facto de sentir estes animais como sendo dela, nunca se recusou a continuar a ajudar.

Não temos palavras suficientes para agradecer a todos os seres humanos fantásticos que puseram sempre o bem-estar dos animais à frente do seu. É graças a pessoas como a D. Fátima e restantes famílias de acolhimento que conseguimos continuar a ajudar os animais.

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