Ex-inspectores do SEF rejeitam trabalho administrativo para regularizar imigrantes
Sindicato defende que não cabe aos inspectores da PJ que vieram do SEF instruir processos administrativos de concessão de autorização de residência, mas sim combater a criminalidade organizada.
O Sindicato dos Profissionais de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (SPIC-PJ) contestou esta quinta-feira a decisão do Governo de fazer regressar os ex-inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) a trabalhos administrativos para regularizar imigrantes.
Em causa está a decisão do Governo de criar uma estrutura de missão na Agência para a Integrações, Migrações e Asilo (AIMA) com 300 elementos — que incluem antigos inspectores do SEF, desmantelado pelo antigo Governo — e com funções distribuídas pela estrutura que rege as migrações e a Polícia Judiciária.
"Não cabe aos inspectores da PJ que vieram do SEF, como nunca lhes coube, instruir processos administrativos de concessão de autorização de residência", afirma o presidente do SPIC-PJ, Rui Paiva, em comunicado.
Segundo o ministro da Presidência, Leitão Amaro, a nova estrutura de missão visa regularizar os 400 mil processos de regularização de imigrantes que estão pendentes.
Segundo Leitão Amaro, está previsto um "grupo de especialistas, envolvendo trabalhadores da AIMA e ex-inspectores do SEF que podem ajudar a fazer o tratamento administrativo e documental dos processos" pendentes.
A estrutura de missão vai contemplar recursos para o reforço do atendimento presencial, com recolha de dados biométricos, num total de duas centenas de elementos.
Mas o sindicato da PJ recusa essa proposta. "Aos polícias o trabalho de polícia", afirma o seu presidente.
"Os inspectores do SEF eram polícias antes, polícias são agora como inspectores da PJ", referiu Rui Paiva, recordando que "não lhes cabe, como nunca coube, instruir processos administrativos de concessão de autorização de residência".
Segundo o presidente do SPIC-PJ, "os inspectores da Polícia Judiciária devem dedicar-se ao que fazem como ninguém: combater a criminalidade organizada, complexa e transnacional, e proteger as suas vítimas".
Para o dirigente sindical, a criação da estrutura com inspectores da PJ vai retirar recursos ao combate à criminalidade.
"É do mais elementar bom senso, humanismo e sentido de Estado, colocar o combate ao crime e a defesa das vítimas em primeiro lugar", salientou o presidente do SPIC-PJ, considerando que o "problema da AIMA é administrativo e só se resolve com profissionais administrativos".