Director executivo do SNS quer mais dados para avaliar reforma das Unidades Locais Saúde

“Sem percebermos como está a correr é muito difícil aferir o que vai acontecer”, afirmou Gandra d’Almeida, para quem a opção por agregar hospitais e centros de saúde “foi uma transformação enorme”.

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O novo director executivo do Serviço Nacional de Saúde, António Gandra d’Almeida, durante a sua audição na Comissão de Saúde António Pedro Santos/ Lusa
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O director executivo do Serviço Nacional de Saúde reconheceu nesta quarta-feira que precisa de dados para avaliar a reforma das Unidades Locais de Saúde (ULS) e perceber os ajustes necessários e prometeu contratar “as pessoas mais competentes” para os conselhos de administração.

“Foi uma transformação enorme (…), mas sem percebermos como está a correr é muito difícil aferir o que vai acontecer”, afirmou António Gandra d'Almeida, que foi ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde, a pedido do PS, sobre os internamentos sociais.

Questionado sobre a reforma das ULS, disse que é preciso recolher dados, dando tempo para que o sistema se possa “adequar às novas realidades” e às “integrações dos diferentes serviços”, dos cuidados de saúde primários às estruturas hospitalares. “Certamente haverá pontos a melhorar”, reconheceu o responsável, acrescentando: “Estamos do lado da solução.”

A avaliação das ULS está em curso, como anunciou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na semana passada. O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes lidera uma comissão técnica independente que está a avaliar a organização em ULS nos hospitais universitários. Este tipo de organização está ainda a ser avaliado por outras duas entidades, a Escola Nacional de Saúde Pública e um projecto da Comissão Europeia.

A ministra da Saúde, que sempre foi crítica da organização em ULS dos hospitais universitários, tem insistido que não existiam "nem existem ainda dados” que permitam concluir que estas unidades devem ser o caminho a fazer”, como referiu na última sexta-feira na Assembleia da República. Ana Paula Martins aproveitou para recordar os dois pareceres da Unidade Técnica do Ministério das Finanças (UTAM), apresentados pela própria no Parlamento e que não conseguiram concluir se as novas ULS têm viabilidade económica e financeira.

Sobre as dificuldades apontadas pelos autarcas, que se sentiram excluídos desta reforma, o director executivo do SNS disse nesta quarta-feira que, mesmo tendo assumido funções há duas semanas, já visitou algumas ULS e considerou que as autarquias “são fundamentais” e “fazem parte da solução porque têm a percepção dos problemas localmente”.

“Cada uma [das ULS] tem a sua particularidade. Uma ULS no Alentejo é diferente de uma ULS no Norte. Cada uma tem as suas particularidades”, afirmou, acrescentando que se tem “de analisar não só os números, mas as necessidades e realidades locais”.

António Gandra d'Almeida foi também questionado pelo deputado da Iniciativa Liberal Mário Amorim Lopes sobre as contratações para os conselhos de administração das ULS —​ depois de a ministra da Saúde ter dito que havia “lideranças fracas—​, tendo garantido que a estratégia é “colocar as pessoas mais competentes”. “E é isso que vamos fazer”, acrescentou.

As ULS foram generalizadas no território continental no início deste ano, com a criação de 31 novas unidades, que se juntaram às oito que já existiam. Este é um modelo de organização que integra os centros hospitalares, os hospitais e os agrupamentos de centros de saúde de uma área geográfica.