Biden volta à televisão para tentar apagar má imagem, mas democratas já o questionam

Debate presidencial contra Trump, na semana passada, expôs fragilidades do Presidente. Democratas dividem-se sobre interrupção da campanha eleitoral e Pelosy acha legítimo questionar a sua saúde

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O Presidente norte-americano, Joe Biden Elizabeth Frantz / REUTERS
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O Presidente norte-americano, Joe Biden, dará na sexta-feira a sua primeira entrevista desde o polémico debate presidencial da semana passada, anunciou esta terça-feira o canal ABC News, que sediará o evento televisivo.

Biden será entrevistado pelo apresentador George Stephanopoulos, antigo director de comunicação da Casa Branca (durante o mandato de Bill Clinton). Uma primeira parte da conversa será transmitida ainda na sexta-feira e as restantes serão exibidas no próximo sábado e domingo.

Em causa está a primeira entrevista de Biden depois de ter sido duramente criticado pelo seu desempenho no debate contra o ex-Presidente Donald Trump na semana passada.

O debate presidencial expôs as fragilidades físicas e mentais do chefe de Estado, com 81 anos, o que levou vários membros do Partido Democrata a equacionar uma mudança de candidato às eleições deste ano.

A ex-líder da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, considerou esta terça-feira "legítimo" questionar a saúde do chefe de Estado e um congressista democrata apelou mesmo a que Joe Biden abandone a corrida presidencial.

Os apelos de democratas eleitos, instando o Presidente e a sua comitiva a serem transparentes sobre a forma do líder octogenário, multiplicaram-se nas últimas horas.

A essas vozes juntou-se Bernie Sanders, um influente senador democrata que goza de grande popularidade entre o eleitorado mais jovem, que descreveu o desempenho de Joe Biden no debate como "doloroso".

Numa entrevista, Sanders, ele próprio mais velho do que Biden — com 82 anos — admitiu não estar confiante de que o chefe de Estado possa vencer as eleições de Novembro. Porém, o senador progressista de Vermont não quer que Biden se afaste da corrida.

Em vez disso, Sanders, que foi o principal adversário de Biden na disputa pela nomeação do Partido Democrata em 2020, está a pedir aos eleitores "maturidade" ao avaliar as suas opções, contrastando o histórico e as políticas do democrata com as do republicano Donald Trump.

“Uma eleição presidencial não é uma competição dos Grammy Awards para o melhor cantor ou artista. É sobre quem tem as melhores políticas que têm impacto nas nossas vidas", disse Sanders. “Farei tudo o que puder para ver Biden reeleito."

Contudo, são muitos os doadores, estrategas e membros do partido a querer que Biden suspenda a campanha, para evitar uma derrota que temem ser certa em Novembro.

Lloyd Doggett tornou-se esta terça o primeiro legislador do Partido Democrata a pedir publicamente que Joe Biden renuncie à corrida à Casa Branca, argumentando que o desempenho do chefe de Estado no debate não conseguiu "defender efectivamente as suas muitas realizações".

O congressista insistiu que Biden deveria "tomar a dolorosa e difícil decisão de se retirar". "A minha decisão de tornar públicas essas fortes reservas não é feita levianamente, nem diminui de forma alguma o meu respeito por tudo o que o Presidente Biden conquistou", frisou Doggett.

"Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o primeiro compromisso do Presidente Biden sempre foi com o nosso país, e não consigo próprio, tenho esperança de que tome a dolorosa e difícil decisão de se retirar. Peço respeitosamente que o faça", instou.

Com vários cenários em aberto, pessoas próximas a eventuais substitutos de Biden — incluindo o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, ou a vice-Presidente, Kamala Harris — estão a manter conversas informais sobre os possíveis próximos passos a tomar caso Biden mude abruptamente de rumo e se afaste.

Até agora, não há nenhuma indicação de que o Presidente esteja a considerar renunciar à corrida eleitoral.

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