Imprensa norte-americana pede a Biden que se afaste da corrida presidencial

“Maior serviço público que Biden pode prestar agora é anunciar que não vai continuar a concorrer à reeleição”, defende o conselho editorial do New York Times.

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Joe Biden já afastou a possibilidade de abandonar a candidatura Elizabeth Frantz / REUTERS
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Depois de um desempenho desastroso no debate contra Donald Trump, a imprensa norte-americana vem agora pedir a Joe Biden que abandone a corrida às eleições norte-americanas de Novembro. Num artigo publicado pelo Conselho Editorial do The New York Times, lê-se mesmo que não se recandidatar à presidência dos Estados Unidos “é o melhor serviço público que Biden pode prestar”.

Para o Conselho Editorial, um órgão independente da redacção do jornal, composto por cronistas, no debate de quinta-feira, em que Biden apareceu como uma “sombra”, incapaz de, por mais do que uma vez, “chegar ao fim de uma frase”, o Presidente norte-americano “falhou no seu próprio teste”.

Tal como recorda o artigo publicado na sexta-feira, foi Joe Biden quem desafiou Trump para o debate. Duelo perdido, é agora tempo de “reconhecer que Biden não pode continuar a corrida e criar um processo para seleccionar alguém mais capaz, para o substituir e derrotar Trump em Novembro”, sublinham.

“Há líderes democratas mais bem preparados para apresentar alternativas claras, convincentes e enérgicas a uma segunda presidência de Trump. Não há razão para o partido arriscar a estabilidade e a segurança do país, forçando os eleitores a escolher entre as deficiências de Trump e as de Biden”, defende o Conselho Editorial do jornal americano.

Apontando fortes críticas ao antigo Presidente dos Estados Unidos — “mentiu descarada e repetidamente”, descreveu planos capazes de “prejudicar a economia americana, minar as liberdades civis e desgastar as relações dos EUA com outras nações” e “recusou-se a prometer que aceitaria a derrota, voltando ao tipo de retórica que incitou o ataque de 6 de Janeiro ao Congresso” —, para os cronistas, “o fardo para colocar os interesses da nação acima das ambições de um único homem recai sobre o Partido Democrata”.

“Biden tem sido um Presidente admirável”, admitem, acrescentando, contudo, que “o maior serviço público que Biden pode prestar agora é anunciar que não vai continuar a concorrer à reeleição”.

O Conselho Editorial do The Washington Post segue a mesma linha. Um artigo, igualmente publicado na sexta-feira, nota que a “voz fraca” e o “olhar vazio” de Biden levam os democratas a ter de “pensar muito bem se precisam de o substituir no topo da lista”.

O debate que juntou o candidato republicano e o democrata, foi “doloroso para os Estados Unidos” e mostrou que Biden “não está à altura” para ocupar o cargo de Presidente durante os próximos quatro anos, apontam.

“Biden perdeu o debate nos primeiros 10 minutos”, sustentam, descrevendo a actuação do sucessor de Trump como “hesitante e cambaleante”.

Também a publicação britânica The Economist acredita que a solução é substituir Biden.

A revista, que lembra que já em Novembro de 2022 defendeu que Biden não se deveria recandidatar, diz agora que, "se Biden se preocupa realmente com a sua missão, então o seu último e maior serviço público deveria ser sair de cena” e deixar o caminho livre “para outro candidato democrata”,

O debate entre o actual e o anterior Presidente dos Estados Unidos foi “agonizante”, lê-se. O democrata mostrou-se “confuso e incoerente” e incapaz de “aguentar mais quatro anos no cargo mais difícil do mundo”.

No entanto, Joe Biden não parece querer afastar-se da corrida, como mostrou num discurso, na Carolina do Norte, depois do debate.

"Já não ando tão facilmente como antes, não falo tão bem como antes, não debato tão bem como antes, mas há uma coisa que sei, sei dizer a verdade. Sei o que é certo e o que é errado e sei como fazer este trabalho", disse. “Não me candidataria se não acreditasse verdadeiramente que posso fazer este trabalho. Há muitas coisas em jogo.”

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