Nos livros de Bridgerton, Francesca apaixona-se por Michael e na série por Michaela. Fãs não gostaram

“Confio na visão da Shondaland para Bridgerton, mas queria ter a certeza de que podíamos manter-nos fiéis ao espírito do livro e das personagens”, defende Julia Quinn que escreveu os oito livros.

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Francesca e John são interpretados por Hannah Dodd e Victor Alli DR
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O último episódio da terceira temporada de Bridgerton reservava uma surpresa aos fãs, que causou revolta aos leitores da saga original de oito livros. A futura paixão de Francesca Bridgerton foi apresentada como Michaela Stirling, em vez de Michael, a personagem original da obra de Julia Quinn. Perante a avalanche de críticas, a autora respondeu e pediu confiança no trabalho de Shonda Rhimes, que adaptou os livros para a Netflix.

“Queridos leitores”, escreveu Julia Quinn, usando as palavras de Lady Whistledown, que narra a história dos personagens. “Qualquer pessoa que tenha visto uma entrevista minha dos últimos quatro anos sabe que estou profundamente empenhada em que o mundo de Bridgerton se torne mais diversificado e inclusivo à medida que as histórias passam do livro para o ecrã. Mas mudar o género de uma personagem importante é uma mudança enorme”, reconhece a autora.

Quando foi sugerida a mudança de género, a própria Julia Quinn confessou que ficou de pé atrás com a ideia de mudar drasticamente o futuro de uma personagem tão importante — Michael é com quem Francesca (interpretada por Hannah Dodd) se casa depois da morte do primeiro marido, John (Victor Alli). Contudo, a autora autorizou a mudança: “Confio na visão da [produtora] Shondaland para Bridgerton, mas queria ter a certeza de que podíamos manter-nos fiéis ao espírito do livro e das personagens. Deixei claro que era extremamente importante para mim que o amor incondicional de Francesca por John fosse mostrado no ecrã.”

Até porque esse “amor incondicional” também esteve quase para não ser incluído no seu livro When He Was Wicked (Quando ele era malvado, ainda sem tradução em português) por escolha editorial. “O meu editor estava preocupado com o facto de que escrever sobre o amor de Fran por John iria retirar o papel de Michael como o eventual herói”, explica.

Mas só assim faz sentido o resto da história, afiança, levantando o véu sobre o que se segue para a série, que só deverá regressar à Netflix em 2026. “Senti que se não mostrasse como ela amava profundamente John e como Michael, o primo dele, também o amava, então os sentimentos de culpa por se apaixonarem um pelo outro não faziam sentido.”

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O momento em que Francesca conhece Michaela DR

Todavia, na série Bridgerton, quando Francesca conhece Michaela parece apaixonar-se à primeira vista, de tal maneira que até perde as palavras, o que muda a perspectiva de Julia Quinn sobre o amor incondicional a John. “Em que universo é que Francesca poderia casar com uma mulher no século XIX? Deixa-me adivinhar, vão fazer com que Benedict [irmão de Francesca] também seja gay na sua história de amor? Li todos os oito livros de Bridgerton e isto é incrivelmente triste”, escreve uma leitora nos comentários do Instagram.

E outro assevera: “Isto é uma desilusão. Sou queer e gosto que queiram dar representação à comunidade LGBTQ+, mas deviam criar novas personagens para lhes dar esse palco e não alterar uma personagem importante que é adorada por toda a gente na comunidade.”

Talvez as críticas dos fãs da série façam eco junto de Shonda Rhimes, criadora da série, e a mudança possa ser revertida. Para já, a argumentista, responsável pela criação de êxitos como Anatomia de Grey ou Queen Charlotte, ainda não reagiu à polémica.

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