Apenas 13% dos alunos de cursos profissionais seguem para o ensino superior

Dos 28.582 alunos que terminaram o curso profissional do secundário no Verão de 2022, só 6403 estavam inscritos numa instituição de ensino superior (IES) no ano seguinte.

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Mais de 90% dos alunos de cursos como os de Tecnologias de Diagnóstico e Terapêutica, Cuidados de Beleza ou Hotelaria e Restauração não prosseguiram os estudos para o ensino superior Paulo Pimenta/Arquivo
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Cerca de 22 mil jovens deixaram de estudar quando terminaram o curso profissional em 2022 e apenas seis mil prosseguiram os estudos para o ensino superior. A Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) acompanhou o percurso dos jovens um ano após terem terminado o ensino secundário e, na semana passada, divulgou os resultados, que mostram que apenas 13% dos alunos de cursos profissionais continuaram a estudar.

A publicação Transição entre o ensino secundário e o ensino superior 2021/22 – ​2022/23 revela que 28.582 alunos terminaram o curso profissional do secundário no Verão de 2022 e, um ano depois, só 6403 estavam inscritos numa instituição de ensino superior (IES).

Os dados da DGEEC mostram que existem vários cursos em que a grande maioria dos estudantes não prossegue os seus estudos. Entre as áreas em que mais de 90% dos alunos não foram encontrados a estudar no ensino superior estão os cursos de Tecnologias de Diagnóstico e Terapêutica, Cuidados de Beleza, Hotelaria e Restauração, mas também Materiais, que engloba Indústrias da Madeira, Cortiça, Papel, Plástico ou Vidro.

A estas áreas somam-se os únicos oito alunos que terminaram o curso de Artesanato em 2022 e naquele Verão deram por terminados os estudos, assim como os únicos cinco estudantes de Floricultura e Jardinagem, que também não estavam a estudar em 2023. Nestes dois casos, 100% dos alunos não foram encontrados a estudar em IES, segundo as tabelas disponibilizadas pela DGEEC.

As estatísticas revelam ainda que, entre os alunos dos cursos científico-humanísticos, a situação é diametralmente oposta: quase 56 mil alunos terminaram o secundário em 2022 e mais de 42 mil (85%) estavam, no ano seguinte, a frequentar uma instituição de ensino superior.

Outra das diferenças está no tipo de formação que seguem: se 91% dos alunos de cursos científico-humanísticos prosseguiram um curso que confere um grau superior (licenciatura), no caso dos alunos de cursos profissionais metade segue cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP).

Oito em cada dez alunos dos cursos de Ciência e Tecnologias (81%) e de Ciências Socioeconómicas (80%) estavam em cursos que equivalem a licenciaturas, seguindo-se os alunos de Artes Visuais (65% estavam a frequentar um curso superior) e Línguas e Humanidades (59% do total).

Numa análise às regiões com mais alunos a estudar, surgem Guarda e Bragança, onde apenas 17% dos jovens não seguiram para o ensino superior, por oposição a Setúbal (33%), Faro e Lisboa (estes dois últimos com 29% dos alunos fora do ensino superior).

Analisando os diferentes municípios, podem destacar-se casos como Alcácer do Sal, em Setúbal, onde a maioria dos alunos (55%) não prosseguiu os estudos. Também Beja, Moura e Mértola são os concelhos que apresentam percentagens mais elevadas de alunos que deixam de estudar assim que terminam o ensino secundário (43% e 39%, respectivamente).

Em Braga, também mais de metade dos alunos de Terras do Bouro (53%) só fez o ensino secundário, sendo que o universo é de apenas 19 jovens.

Em Penamacor, Castelo Branco, 48% dos jovens não foram encontrados em qualquer instituição do ensino superior e, em Vendas Novas (Évora), 41% dos 101 alunos não estudaram mais depois de terminado o secundário em 2022.