Alunos de Línguas e Humanidades são os mais avessos a ir para a universidade

Novo modelo para os alunos do ensino artístico e profissional adiado para 2020/2021, diz presidente da Comissão Nacional de acesso ao ensino superior.

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No conjunto dos alunos dos cursos científico-hamanísticos, 20% não vão para o superior Adriano Miranda

Entre os alunos dos cursos científico-humanísticos do ensino secundário, os que escolhem a opção de Línguas e Humanidades são os que mais optam por não prosseguir estudos no superior. Foi o que aconteceu com 30% dos estudantes de Línguas e Humanidades que concluíram o ensino secundário em 2016/2017, uma proporção que duplica a registada pelos seus colegas das áreas de Ciências.

Estes são alguns dos dados revelados num novo estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que se propôs detectar qual a percentagem de alunos que, um ano depois de terem concluído o ensino secundário, estavam a estudar numa instituição do ensino superior. Para esse efeito, a DGEEC acompanhou o percurso individual dos alunos que concluíram o ensino secundário em 2016/2017 para determinar se estes estavam ou não inscritos no ensino superior no ano lectivo seguinte (2017/2018).

Do conjunto dos alunos dos cursos científico-humanísticos, que ainda representam mais de metade dos estudantes do secundário, 20% não tinham seguido para o ensino superior, uma proporção que se tem mantido estável nos últimos anos.

Desagregando pelo tipo de opção seguida, constata-se que os alunos dos cursos de Ciências e Tecnologias e Ciências Socioeconómicas são os que menos desistem de seguir para o superior logo após concluírem o secundário. Os que não prosseguiram estudos representam respectivamente 14% e 15% dos alunos destas áreas. Com os alunos de Artes Visuais tal acontece com 27% dos estudantes, uma proporção que sobe para 30% na opção de Línguas e Humanidades, que é a segunda em número de estudantes.

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Para o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior João Guerreiro, esta é uma situação que ainda não se encontra convenientemente estudada, o que o obrigou aliás a procurar informação junto de vários outros especialistas para poder avançar com hipóteses de explicação ao PÚBLICO. “Normalmente os alunos que vão para Línguas e Humanidades já acabam o 9.º ano com notas mais baixas dos que aqueles que seguem para outras áreas. E quando acabam o secundário não continuam estudos porque não é isso que pretendem, não estão vocacionados para seguir esse caminho”, adianta João Guerreiro.

Uma situação bem diferente é a dos alunos de Artes Visuais, embora também 27% não prossigam estudos para o ensino superior. “São alunos particularmente bons, que as universidades estão desejosas de receber, mas que têm o mesmo bloqueio de acesso ao superior que é colocado aos estudantes dos cursos profissionais”, alerta. Mais concretamente, para concorrerem ao ensino superior são obrigados a fazer exames a disciplinas que não constam dos planos de estudos em vigor para estas formações.

Essa é uma das razões que justifica o facto de 82% dos alunos que concluíram o ensino profissional em 2016/2017 não se encontrarem no superior um ano depois. 

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Entre os alunos que em 2016/2017 concluíram o ensino secundário em cursos profissionais, 12% estavam no ano seguinte inscritos nos novos cursos Técnicos Superiores Profissionais (Tesp). Estes cursos, que arrancaram em 2014/2015, são ministrados nos institutos politécnicos, tendo uma duração de dois anos. Não conferem um grau académico.

A existência ou não desta oferta é uma das razões que explica a desproporção que se faz sentir a nível regional no que respeita aos alunos que vieram do profissional e estão a estudar numa instituição do ensino superior. No distrito de Bragança são 42%, enquanto que em Lisboa e no Porto não vão além dos 14%.

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