10 anos de reinado de Felipe VI de Espanha em 10 imagens

Da repentina proclamação, às visitas de Estado a Portugal ou a preparação do futuro para Leonor, eis como tem sido o reinado de Felipe VI de Espanha.

Foto
Felipe VI no dia da proclamação a 19 de Junho de 2014 REUTERS/Juan Carlos Cardenas/Pool
Ouça este artigo
00:00
08:31

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Foi há uma década, a 19 de Junho de 2014, que Felipe VI chegou subitamente ao trono, na sequência da abdicação de Juan Carlos, ao fim de 39 anos de reinado. Na ausência de escândalos ligados ao reinado nestes dez anos, apesar da fragilidade da monarquia em Espanha, as atenções têm-se virado para a vida privada dos reis, com os tablóides e revistas sociais a especularem sobre possíveis traições da rainha Letizia ou a escreverem sobre os escândalos ligados a Juan Carlos. Eis o reinado de Felipe VI em dez imagens.

Foto
O emérito e o novo rei REUTERS/Zipi/Pool

Emérito e novo rei

É um aperto de mão simbólico entre o rei emérito e o novo soberano, a 19 de Junho de 2014. Juan Carlos foi forçado a abdicar na sequência de vários escândalos de corrupção e infidelidades. Mais tarde, em 2020, terá sido o próprio filho que propôs o exílio do pai, em Abu Dhabi, onde tem estado o emérito.

A cerimónia de proclamação, 17 dias depois da abdicação de Juan Carlos, foi “marcada pela austeridade e ausência de emoção”, escrevia então o jornalista do PÚBLICO em Madrid, Nuno Ribeiro, lembrando que não foram convidadas as famílias reais estrangeiras. “Do novo monarca espera-se a mesma discrição que mostrou enquanto príncipe — mas não lhe compete resolver as grandes questões que o país enfrenta”, previa.

O juramente do novo rei aconteceria às 10h, no Palácio do Congresso, com a representação de todos os poderes constitucionais e a presença da nova rainha, Letizia, da princesa herdeira, Leonor, e da infanta Sofia. Depois de se cantar o hino de Espanha, falou Felipe VI que prometeu: “Nesta Espanha diversa cabemos todos.”

Foto
A família real REUTERS/Andrea Comas

A multidão

Finalmente empossado o novo rei de Espanha, a família real subiu à varanda do Palácio Real para cumprimentar a multidão — longe de euforia que se tinha vivido uma década antes no casamento de Felipe e Letizia, descrevia a reportagem do PÚBLICO nas ruas de Madrid. “Felipe é austero, daí que os espanhóis o apelidem de prudente. Não tem escândalos, não deu um único título de nobreza, não faz negócios, até recusou a herança do pai”, elogiava Bouza Serrano, antigo chefe do protocolo de Estado, a propósito dos 20 anos de casamento dos reis.

Tal como no dia do casamento, foi com um beijo que Felipe VI e Letizia selaram o novo papel de reis, com as filhas a seu lado, que também acenavam timidamente aos espanhóis. Também na varanda, Juan Carlos e Sofia assumiam uma nova posição mais discreta, que se tem vindo a exacerbar ao longo dos anos, com os reis eméritos a serem afastados do quotidiano da casa real.

Ninguém esquece a polémica de 2018, quando, à saída da missa da Páscoa, em Palma de Maiorca, a rainha Sofia se preparava para tirar uma fotografia com as duas netas e Letizia impediu-a, levando o marido, Felipe VI, a intervir. As imagens tornaram-se virais com Letizia a ser rotulada como uma mãe demasiado severa. A família real não tardou a corrigir a situação, com a nora e a sogra a posarem juntas para os fotógrafos nas semanas seguintes.

Foto
Felipe VI e Cavaco Silva Daniel Rocha

A primeira visita a Portugal

Recém-proclamados, Felipe Vi e Letizia foram ao Vaticano, onde foram recebidos pelo Papa Francisco, a 30 de Junho de 2014. Dias depois, foi vez de visitarem Portugal para a primeira visita oficial, a 6 de Julho, onde se encontraram com o então Presidente da República Cavaco Silva e a primeira-dama, Maria Cavaco Silva, no Palácio de Belém.

Na agenda esteve, ainda, um almoço oferecido pela Presidência no Palácio de Queluz, uma visita ao Parlamento, que incluiu uma reunião com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, além de um encontro com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Então, Felipe VI salientou os “laços especiais de amizade” entre os dois países vizinhos.

A última vez que os dois tinham estado em Portugal fora em Maio de 2012, quando ainda eram príncipes das Astúrias.

Foto
O discurso de Natal de 2014 CASA DE S. M. EL REY

Primeiro discurso de Natal

É sempre um dos momentos mais simbólicos do ano nas monarquias europeias: os discursos de Natal dos reis. Tradicionalmente, os monarcas divulgam o postal de família no início de Dezembro e fazem um discurso transmitido na televisão na manhã de Natal.

Para o primeiro discurso de Natal, Felipe VI foi mordaz e concentrou-se naqueles que considera serem os principais problemas de Espanha: o desemprego e a corrupção. Contudo, o monarca não se esqueceu dos telhados de vidro da família e nunca mencionou directamente os problemas judiciais da irmã Cristina e do cunhado Iñaki Urdangarin, acusado de envolvimento no caso Nóos. Contudo, deixou um pedido aos espanhóis: “cortar a corrupção pela raiz e sem contemplações”.

Foto
Marcelo Rebelo de Sousa e os reis espanhóis LUSA/ESTELA SILVA

E o regresso a Portugal

Se a primeira visita foi formal e simbólica, o regresso em Novembro de 2016 foi mais vistoso, com o programa a iniciar-se no Porto, obrigando até ao corte do trânsito, onde Felipe e Letizia não só foram recebidos na Câmara Municipal para receber a chave de honra da cidade, como também conheceram a Fundação Serralves para visitar uma exposição do catalão Joan Miró.

A visita ficou ainda marcada por um jantar de gala oferecido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães. Entre os convidados, estavam Sara Carbonero e Iker Cassilas, que viviam então em Portugal.

Foto
Felipe e Letizia em Barcelona PA/QUIQUE GARCIA

O terrorismo

Os festejos de casamento de Felipe e Letizia tiveram por sombra o atentado à estação de Atocha, em Madrid, que tinha acontecido dois meses antes. No dia do casamento, a noiva deixou o bouquet no memorial às vítimas.

A 19 de Agosto de 2017, quando acontece o atentado nas Ramblas, em Barcelona, os reis não demoraram a acorrer ao local onde morreram 16 pessoas, para deixarem também um ramo de flores em sinal de respeito pelas vítimas e os mais de 140 feridos de 34 nacionalidades distintas.

Foto
Sanchez e Felipe VI Emilio Naranjo / POOL

A tomada de posse de Sánchez

Em 2018, Felipe VI recebe Pedro Sánchez no Palácio de Zarzuela para o empossar enquanto presidente do Governo espanhol. No dia anterior, 1 de Junho, o socialista tinha vencido uma moção de censura contra o presidente Mariano Rajoy.

Foi o primeiro presidente a tomar posse sem a presença de símbolos católicos, como a Bíblia ou o crucifixo, que eram obrigatórios na cerimónia até 2014. Pedro Sánchez ainda continua a ser o presidente do Governo de Espanha.

Foto
Leonor jura fidelidade EPA/BALLESTEROS / POOL

Os 18 anos de Leonor

No dia em que fez 18 anos, a 31 de Outubro de 2023, a princesa Leonor, herdeira do trono espanhol, jurou fidelidade à Constituição. A cerimónia, em que prometeu defender a lei, respeitar os direitos dos cidadãos e das regiões, além de ser fiel ao rei, tornou a jovem a sucessora oficial do pai, Felipe VI, que já prepara o futuro.

Apesar da felicidade aparente da família real, o dia destacou-se pela ausência de alguns deputados que se recusaram a participar, afirmando que ter um chefe de Estado hereditário e não eleito não é democrático. Uma sondagem realizada em 2022 pela Sinaptica revelou que 51,6% dos espanhóis queriam que o país se tornasse uma república, enquanto 34,6% preferiam uma monarquia, embora uma outra sondagem realizada um ano antes mostrasse que 55,3% apoiavam a coroa.

Foto
Leonor e Felipe VI Royal House / HANDOUT

A proximidade com as filhas

Além de ser soberano, Felipe mostra-se um pai empenhado na educação das filhas. “Não quis as filhas educadas em redomas de vidro, em escolas onde fossem tratadas de forma diferente por serem infantas. Escolheu o mesmo colégio onde estudou para as filhas, deu-lhes uma visão internacional e incutiu-lhes o gosto pelas línguas estrangeiras, incluindo o árabe e o chinês”, analisava Alberto Miranda, autor de As Dez Monarquias da Europa, em conversa com o PÚBLICO.

É frequente ver-se os reis a trocarem alguns gestos de carinho com as filhas, como quando se despediram da princesa Leonor quando a herdeira foi estudar para o País de Gales (onde está agora a infanta Sofia) ou quando a primogénita entrou na Academia Geral Militar de Saragoça, onde está a cumprir a formação militar durante três anos.

Foto
Fotografia dos 20 anos de casamento de Felipe e Letizia Royal House / HANDOUT

A relação com Letizia

Durante os dez anos de reinado, Felipe e Letizia têm permanecido unidos, apesar dos vários rumores de traição por parte da rainha. No final de 2023, um novo livro do jornalista Jaime Peñafiel alegava que Letizia teria tido um romance com o ex-marido da irmã Jaime del Burgo e que teria feito um aborto. Mais: as filhas Leonor e Sofia teriam sido geradas com óvulos da sua irmã, Erika, que se suicidou em 2007. As alegações nunca foram provadas e a imprensa de referência espanhola não fez menção ao assunto, que incendiou os tablóides até no Reino Unido.

A dúvida ficou no ar e a casa real espanhola nunca reagiu ao escândalo, seguindo a máxima dos ingleses de “nunca explicar”. Certo é que os rumores esmoreceram e, a propósito dos 20 anos de casamento, a casa real divulgou novos retratos do casal, captados nos jardins do Campo del Moro, onde Felipe e Letizia se mostram cúmplices e até surgem abraçados.

Sugerir correcção
Comentar