Mais uma mulher assassinada. E uma encomenda ao Governo
A benevolência que se atribui aos homens em crimes contra mulheres, até aos criminosos condenados, é arrepiante.
Estamos (muito infelizmente) acostumados a ler sentenças de primeira instância ou acórdãos justificando penas suspensas a violadores e abusadores sexuais com o facto de estarem bem inseridos na sociedade e não terem antecedentes criminais. Desde que tenham emprego e uma vida estável, é violar à vontade, que os tribunais portugueses não têm nenhum pejo em proteger a vida organizada de criminosos sexuais quando estes, pobres homens, têm o azar de violar uma mulher demasiado espalhafatosa que não sabe que a sua obrigação é ficar calada e tratar do trauma sem aborrecer terceiros. E só porque um homem se inicia na vida de crime com uma violação, não quer dizer que não se lhe dê benevolência de primeiro crime, pois não? Não se vai estragar a vida a um homem (pessoa que conta) lá por estragar a vida a uma mulher (pessoa que não conta).
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