Futebolistas na Dinamarca abdicam de aumentos para garantir igualdade com mulheres

O acordo entre o sindicato dos jogadores e a Federação Dinamarquesa de Futebol entrará em vigor após o Euro 2024.

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O acordo na Dinamarca será válido até 2028 CARL RECINE / REUTERS
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O sindicato dos jogadores dinamarqueses de futebol, Spillerforeningen, chegou a um acordo com a Federação Dinamarquesa de Futebol (DBU) através do qual homens e mulheres passarão a receber prémios monetários de valor idêntico nas competições em que as selecções masculinas e femininas participarem. Este entendimento, que entrará em vigor após o Europeu 2024 e terá a duração de quatro anos, apenas foi possível após os atletas masculinos declinarem um aumento dos seus prémios.

O Euro 2024 que arranca nesta sexta-feira, em Munique, assinalará um momento de transformação no futebol da Dinamarca e, quando terminar a competição na Alemanha, começará a valer um período de quatro anos, até ao Euro 2028, no qual os jogadores da selecção masculina e as jogadoras da feminina vão receber prémios iguais.

O acordo anunciado nesta sexta-feira surge após a selecção masculina e o sindicato dos jogadores recusaram um aumento salarial para homens, permitindo assim que ambas as equipas recebam o mesmo valor-base quando representarem a Dinamarca em jogos fora do seu país.

As partes chegaram igualmente a um entendimento para que haja uma redução no valor do seguro da equipa masculina em 15%, o que permitirá aumentar o seguro da formação feminina em 50%.

“É um passo extraordinário para ajudar a melhorar as condições das selecções nacionais femininas. Em vez de procurarem melhores condições para eles, os jogadores preocuparam-se em apoiar a selecção feminina. Quando apresentámos o plano à equipa de negociações, composta por Andreas Christensen, Thomas Delaney, Christian Eriksen, Pierre-Emile Hojbjerg, Simon Kaer e Kasper Schmeichel, eles mostraram-se muito satisfeitos”, comentou o director do sindicato dos jogadores de futebol da Dinamarca, Michael Sahl Hansen.

O acordo também prevê a co-participação da federação dinamarquesa e dos jogadores na criação do novo centro de treinos das selecções do país nórdico, em Hoje-Taastrup. Cada parte vai participar com um milhão de coroas dinamarquesas (cerca de 134 mil euros) para um fundo de desenvolvimento.

Uma polémica antiga

O tema “igualdade salarial” no futebol está longe de ser novidade e, também na Dinamarca, em 2017 e 2018, as equipas masculinas e femininas entraram em conflito com a DBU e recusaram-se a disputar jogos oficiais.

Outros países nórdicos introduziram a igualdade de remuneração entre homens e mulheres em acordos recentes com as selecções nacionais. Na Suécia, por exemplo, existe um único acordo para ambos os sexos.

Já nos Estados Unidos, existe um entendimento assinado até ao final de 2028 que define que as equipas feminina e masculina têm de jogar em estádios de igual qualidade, ficar em hotéis do mesmo nível e ter acesso ao mesmo número de voos charter para viagens para os jogos.

O acordo pressupõe igualdade também na vertente comercial: serão divididos em iguais partes os lucros de acordos e será paga uma percentagem igual relativa a cada bilhete vendido para os jogos.

Em Portugal, em Junho de 2020, a Federação Portuguesa de Futebol retirou do regulamento da principal Liga feminina um ponto que estabelecia um “limite máximo de 550 mil euros” para a massa salarial das jogadoras. A regra tinha gerado forte contestação por parte de um grupo de jogadoras, que entendeu esta regra da FPF como uma medida de descriminação contra as mulheres.

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