Conselho de Segurança da ONU aprova acordo de cessar-fogo em Gaza proposto pelos EUA

“Hoje, votámos a favor da paz”, declarou a embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, logo após uma votação em que só a Rússia se absteve.

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A resolução foi aprovada por 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança Stephanie Keith / REUTERS
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A ofensiva diplomática dos Estados Unidos para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza obteve esta segunda-feira um resultado que pode ser decisivo, com a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de uma resolução a apoiar a proposta norte-americana para pôr fim aos combates entre Israel e o Hamas no enclave.

A resolução levada à mesa pelos EUA, cujo texto foi finalizado no domingo após seis dias de negociações com as nações com assento no Conselho de Segurança, obteve o voto favorável de 14 dos 15 membros, com a Rússia a abster-se.

“Hoje, votámos a favor da paz”, declarou a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, logo após a votação. A resolução apoia a proposta norte-americana de cessar-fogo, afirma que Israel a aceitou e apela ao Hamas que o faça também, pedido “a ambas as partes a aplicação integral dos seus termos, sem demora e sem condições”.

Numa reacção inicial à votação no Conselho de Segurança, o grupo islamista afirmou estar pronto a cooperar com os mediadores na implementação dos princípios do plano dos EUA.

“O Hamas congratula-se com o que está incluído na resolução do Conselho de Segurança, que afirma o cessar-fogo permanente em Gaza, a retirada total, a troca de prisioneiros, a reconstrução, o regresso dos deslocados às suas áreas de residência, a rejeição de qualquer alteração demográfica ou redução da área da Faixa de Gaza e a entrega da ajuda necessária ao nosso povo na Faixa”, afirmou o Hamas através de um comunicado.

Poucas horas antes da votação no Conselho de Segurança, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, iniciava um novo périplo diplomático pelo Médio Oriente, com o objectivo de pressionar os líderes dos países árabes a pressionarem o Hamas a aceitar a proposta de cessar-fogo.

Em Nova Iorque, a Argélia, o único membro árabe do Conselho de Segurança, deu um sinal positivo ao apoiar a resolução. “Acreditamos que pode representar um passo em frente em direcção a um cessar-fogo imediato e duradouro”, disse o embaixador argelino na ONU, Amar Bendjama.

Na que é a sua oitava visita à região desde que o Hamas atacou Israel em 7 de Outubro, Blinken chegou a Israel esta segunda-feira à noite, onde informou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre “os esforços diplomáticos em curso para planear o período pós-conflito”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, num comentário sobre o encontro com o chefe de Governo israelita.

Blinken também “reiterou que a proposta em cima da mesa abriria a possibilidade de calma ao longo da fronteira norte de Israel e de uma maior integração com os países da região”, acrescentou Miller.

Biden apresentou um plano de cessar-fogo de três fases em 31 de Maio, que descreveu como uma iniciativa israelita, o que levou alguns membros do Conselho de Segurança a questionar se Israel tinha de facto aceitado o plano para acabar com os combates em Gaza.

Mas, após a aprovação, Thomas-Greenfield disse que a votação mostrou ao Hamas que a comunidade internacional estava unida.

“Unidos por um acordo que salvará vidas e ajudará os civis palestinianos em Gaza a começar a reconstruir e a sarar. Unidos por um acordo que reunirá os reféns com as suas famílias, após oito meses de cativeiro”, afirmou.

As conversações para chegar ao cessar-fogo intensificaram-se desde o discurso de Biden no qual propôs o acordo, tendo o director da CIA, William Burns, viajado na quarta-feira para Doha para discutir o plano com altos funcionários dos mediadores Qatar e Egipto, antes da deslocação de Antony Blinken.

As forças israelitas resgataram no sábado quatro reféns detidos pelo Hamas desde Outubro, num ataque em Gaza durante o qual 274 palestinianos foram mortos, mas o chefe da diplomacia dos EUA recusou comentar a possibilidade de a incursão israelita ter consequências no acordo.

“Em última análise, não me posso colocar - nenhum de nós se pode colocar - na mente do Hamas ou dos seus líderes”, disse Blinken. “Portanto, não sabemos qual será a resposta”.

A viagem de Blinken acontece depois de o ministro israelita Benny Gantz ter anunciado, no domingo, a sua demissão do governo de Netanyahu, ele que era o único membro moderado no gabinete de guerra israelita.

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