Orbán sofre golpe na Hungria

Fidesz fica em primeiro lugar mas com resultado que deverá ser o pior em 20 anos, com Peter Magyar com mais força do que o previsto.

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Orbán vota em Budapeste. Reivindicou vitória mas não convenceu Bernadett Szabo / REUTERS
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Na Hungria, a dúvida não era tanto o resultado do Fidesz, do primeiro-ministro iliberal Viktor Orbán, mas sim, sobretudo, a que distância ficaria o seu desafiador Peter Magyar. E, segundo os resultados parciais, Orbán recebeu um golpe: não só a sua percentagem foi menor do que era previsto, com 43,8% dos votos, como Magyar e o seu recém-criado partido terão conseguido 31%, mais do que previam as sondagens.

Orbán não demorou a declarar vitória, mas o resultado não foi visto assim pelos analistas: este deverá ser o seu pior resultado numa eleição nacional ou europeia em quase duas décadas, diz a agência Reuters.

“Esta é uma desilusão para Orbán”, comentou na rede social X o cientista político András Tóth-Czifra. “O Fidesz gastou muita energia e dinheiro a mostrar a sua força. Este não é um resultado de preguiça. Esta é a actual força do Fidesz.”

Magyar entrou na política depois do afastamento da sua ex-mulher, Judit Varga, do poder, após um perdão concedido quando era ministra da Justiça a um homem condenado por ter ajudado um pedófilo. Varga deveria ser a cabeça de lista do Fidesz.

O político recém-chegado tinha actividade em empresas ligadas ao Governo, que cessou, dedicando-se a denunciar a corrupção no regime do Fidesz. Sendo uma pessoa do sistema, é o maior desafio a Orbán, que não o pode apresentar como alguém da oposição.

Numa grande manifestação em Budapeste na véspera das eleições, Magyar declarou que quer construir um país onde não há direita nem esquerda – apenas húngaros".

O seu partido Tisza (que significa “respeito e liberdade”) foi fundado há poucos meses atirando ao alvo Orbán, com o objectivo definido de acabar com o seu reinado no país, que dura há 14 anos. Magyar também tem feito bandeira da necessidade de a Hungria levar a cabo mudanças que permitam normalizar a sua relação com a União Europeia e que possam levar ao descongelamento de fundos europeus.

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