Alemanha: radicais da AfD em segundo, à frente do SPD de Scholz

Votação lida como uma rejeição da “coligação semáforo”, com o SPD a obter o pior resultado da sua história e os Verdes a sofrer a maior queda.

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Chanceler Olaf Scholz (SPD)
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A grande notícia na Alemanha foi a subida do partido radical, e com uma faceta cada vez mais extremista, AfD (Alternativa para a Alemanha), que não pareceu afectado por vários escândalos, incluindo de potencial proximidade da Rússia e China.

A AfD conseguiu ficar em segundo lugar, ultrapassando o Partido Social-Democrata do chanceler Olaf Sholz, com 16,2% contra 14%, segundo a sondagem à boca das urnas da emissora pública ARD, o que será o pior resultado da história do partido numa eleição nacional.

Tentando retirar importância à AfD, o diário Der Tagesspiegel divulgou a sua primeira página de segunda-feira com o título “Afinal, pelo menos cerca de 80% [dos alemães] ainda têm mais ou menos juízo”.

O comentário na primeira página era sobre a rejeição da “coligação semáforo” que integra SPD, Verdes e o Partido Liberal Democrata (FDP) e que é muito pouco popular, com vários desacordos muito públicos entre partidos que defendem políticas muitas vezes contraditórias.

O maior partido da oposição, a União Democrata Cristã (CDU/CSU), de Friedrich Merz, foi sem surpresas o mais votado, com cerca de 30% enquanto os Verdes, que tinham tido o maior sucesso das últimas europeias, registaram nestas europeias a maior queda, de 20% para 11,9%.

O FDP manteve a mesma grandeza, descendo segundo esta sondagem menos de um ponto percentual, apesar de ter como cabeça de lista uma candidata com grande peso político e presença mediática, Marie-Agnes Strack Zimmermann. No entanto, a percentagem que obteve, se transposta para eleições nacionais, significaria que ficava mesmo na linha de entrada no Parlamento, que é de 5% (o que já aconteceu nas legislativas que se seguiram à coligação que formou com Angela Merkel).

A pressão é grande no FDP para considerar sair do Governo, mas a fazer contrapeso para uma decisão neste sentido está o facto de partidos vistos como prejudicando a estabilidade serem muitas vezes penalizados nas urnas.

Na sua estreia eleitoral, o partido Aliança Sahra Wagenknecht conseguiu 6%, e o seu antigo partido Die Linke (A Esquerda) ficou-se pelos 2,6%. O partido de Wagenknecht é descrito como um partido de esquerda em termos de economia mas conservador em temas como imigração ou questões em que a esquerda é mais progressista. E parece ter ido buscar mais eleitores ao liberais e à CDU/CSU, até ao SPD, do que à AfD, como previam comentadores, sublinhava na rede social X (antigo Twitter) o chefe de delegação da revista britânica The Economist em Berlim, Tom Nuttal.

Mantiveram eurodeputados o partido satírico Die Partei e o partido da protecção dos animais, por exemplo, com o Volt a passar a dois eurodeputados.

O especialista em análise eleitoral Jörg Schönenborn declarava na emissora pública ARD que nestas eleições houve um alargar do espectro político na Alemanha, com 14 partidos a obter representação no Parlamento Europeu.

Em relação à AfD, o partido foi o mais votado nos estados federados que faziam parte da antiga RDA excepto Berlim. Em três deles vai haver eleições para o governo estadual já em Setembro. E outra tendência que se verificou foi ser um partido popular entre os jovens (nas últimas legislativas os partidos preferidos entre os jovens tinham sido claramente os Verdes e o FDP).

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