Para quem gosta de Fórmula 1, o GP do Canadá foi um bom dia

Com tanta coisa a acontecer, numa corrida rica, esta teria sido uma boa oportunidade para manter Verstappen longe dos triunfos, mas o campeão é campeão por algum motivo e deu uma aula de condução.

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Verstappen em acção no Canadá Mathieu Belanger / REUTERS
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Neste domingo, no Grande Prémio do Canadá em Fórmula 1, houve três líderes, carros de três equipas diferentes a liderarem, seis organizações diferentes do pódio, chuva forte, chuva média, chuva fraca, sol, erros de pilotos experientes, erros de outros menos renomados, safety car virtual, safety car efectivo e estratégias muito variadas. Em suma, houve de tudo. Só não aconteceu uma coisa: a possibilidade de se prolongar a agonia passageira da Red Bull e de Max Verstappen.

O piloto neerlandês, que se tem queixado do seu carro – e ficou fora do pódio na corrida anterior, no Mónaco – foi o mais forte nas 70 voltas ao circuito de Montreal, à frente do McLaren de Lando Norris e do Mercedes de George Russell, e conquistou o sexto triunfo em nove corridas, dilatando para 56 pontos a vantagem na liderança do Mundial.

Com tanta coisa a acontecer, numa corrida bastante rica, esta teria sido uma boa oportunidade para manter Verstappen longe dos triunfos – e reequilibrar o campeonato –, mas o campeão é campeão por algum motivo.

Muito consistente, o neerlandês foi o único que praticamente não errou entre os pilotos da frente e deu uma boa aula de condução em condições variadas, mesmo estando a guiar um carro que o próprio diz ser um “assassino” quando pisa correctores, tal é a dureza actual do monolugar.

Animação desde o início

Esta era uma corrida difícil de prever, pela chuva fraca que atacava Montreal, mas dizia-se que dificilmente alguém andaria com pneus de chuva forte, até pelo desempenho fraco desses compostos.

Apesar do muito spray que havia para todos os que rodariam com carros à frente e de correctores muito escorregadios, a direcção de corrida decidiu que haveria uma partida normal, sem safety car.

Quase todos os pilotos arrancaram com pneus intermédios, para chuva ligeira, com excepção dos Haas de Magnussen e Hulkenberg, que, sem nada a perder na segunda metade da grelha, escolheram pneus de chuva forte.

Quando se apagaram os semáforos, Russell, na pole position, patinou um pouco, mas aguentou a pressão de Verstappen. Mais atrás, Magnussen e Hulkenberg partiram muito bem, aproveitando o piso ainda bastante molhado.

Os pneus de chuva não tinham dado estas indicações nos treinos e o chamado pneu que “não serve para nada” era, afinal, um pneu que servia para alguma coisa. A diferença de tracção era gigantesca, bem visível quando dois pilotos saíam de uma curva em simultâneo e punham a potência no chão ao mesmo tempo.

Magnussen ganhou dez posições em três voltas, mas a partir da volta 5, assim que surgiu o sol, começava a desenhar-se uma trajectória mais seca e os intermédios passavam a ser mais rápidos do que os de chuva forte. Foi divertido, mas Magnussen e Hulkenberg acabaram a ir trocar pneus e regressaram aos “seus” lugares na cauda do pelotão.

À volta 15 chegou uma notícia interessante. A pista estava a secar e os pilotos já iam às zonas molhadas para arrefecerem os compostos, mas dali a 15 minutos iria chover. Essa seria mais ou menos a fase em que justificaria passar-se para pneus de piso seco.

A decisão iria sempre depender da duração e da intensidade dessa chuva, mas ninguém iria arriscar trocar para pneus de seco antes de ver o que iria acontecer.

Pouco depois, o ritmo do McLaren de Norris, a rodar em terceiro, era demasiado forte. Com DRS, Norris passou o campeão do mundo e passou, minutos depois, o líder Russell – que caiu para terceiro, depois de ter falhado uma travagem.

Ferrari em problemas

Um acidente de Sargeant fez entrar o safety car na altura em que se esperava a chuva e os pilotos foram às boxes trocar para mais um jogo de pneus de chuva fraca. Essa manobra de boxes fez Norris cair para terceiro e Verstappen regressou à liderança.

E a chuva? Apareceu rapidamente e a pista acabou por secar. Entretanto já não havia Leclerc em prova, com a Ferrari a mandar regressar o monegasco às boxes – e em definitivo, com um carro com problemas no motor e já nada por que lutar nesta prova.

Gasly foi o primeiro a arriscar os pneus de seco e entre os pilotos da frente foi Hamilton o que apostou mais cedo. Norris, por outro lado, foi o que demorou mais, “espremendo” ao máximo os intermédios, para uma diferença que lhe permitisse parar a sair à frente de Verstappen.

Não saiu. Foi por pouco, mas o belga passou quando Norris ainda saía da via das boxes. Pouco depois houve novo safety car, com acidente entre Sainz e Albon, que deixou a Ferrari em branco nesta corrida.

Verstappen geriu, depois, a corrida da melhor forma e não havia como parar o Red Bull, com pista livre à frente e sem qualquer chuva.

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