Covid-19: número de infecções aumentou, mas não há razão para alarme
Subida de casos de covid-19 deverá manter-se devido aos festejos dos santos populares. Mas “a mortalidade está dentro dos padrões esperados e não há nenhum sinal de alarme”, assinala especialista.
O número de infecções por covid-19 aumentou na última semana em Portugal, mas os especialistas garantem que não há motivo para alarme. Assistimos a uma “variação relativamente normal no número de casos” de infecção, como explica ao PÚBLICO o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges. Além disso, tendo em conta a altura do ano (de festejos de santos populares e início de festivais de Verão), é expectável que o percurso natural dos casos de SARS-CoV-2 seja de continuidade desta subida, em função dos ajuntamentos de pessoas.
De acordo com os números de novos casos de covid-19, publicados no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS), na semana entre 27 de Maio a 2 de Junho, verificaram-se 1143 infecções. O dia em que houve mais contágios foi na terça-feira, 28 de Maio, quando se somaram 225 infecções por covid-19. No mesmo período de 2023 (entre 29 de Maio a 4 de Junho), contudo, registavam-se ainda mais infecções: nessa semana, contavam-se 1792 casos. Recorde-se que este número não será representativo do total de casos reais, uma vez que se deixaram de fazer testes à covid-19 de forma maciça como aconteceu nos períodos mais intensos da pandemia, pelo que muitos casos não chegam a ser reportados.
“Não há, de facto, uma necessidade de ficarmos alarmados. Aquilo a que estamos a assistir é a uma variação relativamente normal no número de casos que vão aparecendo, sendo que há um aumento relativamente ao mês passado”, começa por explicar Gustavo Tato Borges. Na última semana do mês passado (29 de Abril a 5 de Maio), o número de casos de covid-19 limitou-se às 95 infecções e tem vindo a aumentar progressivamente desde então.
Importa notar que “não houve uma alteração do padrão de gravidade desta doença, portanto, neste momento, não há nenhuma razão para alarme”. O representante dos médicos de saúde pública recorda, apesar disso, a necessidade de manter os cuidados habituais para quem tiver algum tipo de sintoma respiratório, ou seja, “usar máscara, manter algum distanciamento social e etiqueta respiratória, assim como lavar as mãos com regularidade”, sobretudo quando existirem contactos com pessoas mais vulneráveis.
No que toca às semanas que se avizinham, Gustavo Tato Borges deixa ainda o conselho para quem tiver sintomas respiratórios de evitar participar nos festejos dos santos populares ou, “se o fizer, usar máscara, manter o distanciamento e tentar comer ao ar livre”.
“É possível que o número de casos superior ao habitual se mantenha neste período actual de festas, que proporciona também maiores ajuntamentos. E, quanto mais casos, maior a probabilidade de aumentarem também as mortes. O ideal e expectável é que, mesmo existindo um aumento de casos, não haja um impacto significativo no aumento de internamentos e mortes”, conclui, recordando a protecção elevada contra doença grave e mortalidade dada pelas vacinas contra a covid-19. “Se as vacinas estivessem a falhar, estaríamos a assistir a um aumento dos internamentos e da mortalidade”, diz.
Na última campanha de vacinação sazonal foram vacinadas 1.687.260 pessoas acima dos 60 anos, que representam 56,14% dos cidadãos nessa faixa etária, de acordo com os dados da DGS até 28 de Abril.
“Esta doença vai continuar a estar entre nós, vai continuar a circular e, mais do que circular, vai continuar, infelizmente, a causar mortes nos nossos mais vulneráveis”, refere ainda Tato Borges. “Neste caso [da última semana], a mortalidade está dentro dos padrões esperados e não há nenhum sinal de alarme, de nenhuma situação que venha a perturbar o equilíbrio que temos com o vírus.”
Na última semana morreram 42 pessoas por covid-19 em Portugal — no período homólogo de 2023 tinham sido 44. Em termos gerais, por todas as causas, morreram em Portugal no mesmo período deste ano 2187 pessoas, segundo os dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO). Contas feitas, os óbitos por SARS-CoV-2 não chegam a representar 2% do total.