Nova vacina pode ser eficaz contra coronavírus que ainda não surgiram

A nova vacina, testada por agora em ratinhos, treina o sistema imunitário para reconhecer zonas específicas de oito coronavírus diferentes, incluindo o Sars-CoV-2, que causa a covid-19.

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Coronavírus SARS-CoV-2 NIAID/RML
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Foi desenvolvida uma nova vacina que poderá proteger contra uma série de coronavírus com potencial para originar futuros surtos de doenças, incluindo desconhecidos, revelou esta segunda-feira a Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Num comunicado, a universidade adianta tratar-se de uma nova abordagem, proactiva, ao desenvolvimento de vacinas, que são criadas antes mesmo de emergir o agente patogénico causador da doença, precisando que a vacina em causa já foi testada em ratinhos.

O soro da nova vacina treina o sistema imunitário para reconhecer zonas específicas de oito coronavírus diferentes, incluindo o SARS-CoV-2 (causador da covid-19) e outros que circulam actualmente em morcegos com potencial para passar para humanos e causar uma pandemia.

A chave para a sua eficácia é que as zonas específicas do vírus que a vacina atinge também aparecem em muitos coronavírus relacionados, permitindo proteger igualmente contra outros coronavírus não representados na vacina incluindo aqueles que ainda nem foram identificados.

Por exemplo, a nova vacina não inclui o coronavírus SARS-CoV-1, que causou o surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2003, mas induz uma resposta imunitária contra este vírus.

Nanopartículas como gaiolas

A nova vacina é do tipo quarteto de nanogaiolas”, baseando-se em nanopartículas bolas de proteínas unidas por interacções fortes. Cadeias de diferentes antigénios virais são ligadas a estas nanopartículas usando uma nova “supercola proteica”, permitindo que o sistema imunitário seja treinado para atingir zonas específicas compartilhadas por uma série de coronavírus.

Estas nanogaiolas são uma nova abordagem de nanomedicina. A tecnologia subjacente também tem potencial para utilização no desenvolvimento de outras vacinas.

O nosso objectivo é criar uma vacina que nos proteja contra a próxima pandemia de coronavírus e tê-la pronta antes de a pandemia começar, disse Rory Hills, investigador do Departamento de Farmacologia da Universidade de Cambridge e autor principal do estudo, cujos resultados são divulgados esta segunda-feira na revista Nature Nanotechnology.

Mark Howart, professor no mesmo departamento e coordenador do trabalho, assinalou que os cientistas não precisam de esperar que surjam novos coronavírus, porque se sabe o suficiente sobre eles, bem como sobre as diferentes respostas imunitárias, para que possam começar a construir vacinas protectoras contra coronavírus ainda desconhecidos.

Os cientistas fizeram um excelente trabalho ao produzir rapidamente uma vacina extremamente eficaz contra a covid-19 durante a última pandemia, mas o mundo ainda teve uma crise enorme com um grande número de mortes. Precisamos de descobrir como podemos fazer ainda melhor no futuro e começar a construir as vacinas antecipadamente é um elemento importante.

O trabalho resulta da colaboração entre cientistas da Universidade de Cambridge, da Universidade de Oxford (Reino Unido) e do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos.

No mês passado, a Universidade da Califórnia em Riverside indicou, num comunicado, que investigadores da instituição revelaram uma nova estratégia para uma vacina baseada em ARN, que é eficaz contra qualquer estirpe de um vírus e segura mesmo para bebés e para quem tem o sistema imunitário enfraquecido.

Esta vacina visa uma parte do genoma viral que é comum a todas as estirpes de um vírus e eliminará a necessidade de criar vacinas diferentes consoante as variantes. Essa vacina, como funciona e uma demonstração da sua eficácia em ratinhos foram descritas num artigo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.