Sindicato dos Jornalistas acusa Global Media de falhar pagamentos apesar de ter dinheiro

Administração do grupo de comunicação social confirma entrada de fundos, mas contesta que sejam destinados ao pagamento de salários. Há atrasos com recibos verdes, denuncia o sindicato.

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Greve e manifestação dos trabalhadores e jornalistas da Global Media Group, no início do ano Nelson Garrido
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O Sindicato dos Jornalistas (SJ) acusou hoje a Global Media Group (GMG) de falhar os pagamentos relativos a Março a mais de 130 trabalhadores a recibos verdes, apesar de ter recebido dinheiro "para cumprir essa obrigação".

Em comunicado, este sindicato realçou que a Notícias Ilimitadas (NI), empresa que está a negociar a compra de títulos da Global Media Grupo como o JN, TSF, O Jogo e várias revistas, fez "uma transferência de milhares de euros para a conta" do grupo, apontando que é "dinheiro destinado ao pagamento dos salários de Maio dos trabalhadores e de Março aos trabalhadores a recibos verdes".

"A administração do GMG confirmou ter recebido a transferência, mas disse que não podia garantir que o dinheiro seria para pagamento aos colaboradores", indicou o SJ.

"O SJ entende que esta situação é, a todos os títulos, intolerável e lamentável. Trata-se de dinheiro que tem como destino os salários dos trabalhadores", vincou, acrescentando que vai accionar o seu gabinete jurídico e "tomar as acções necessárias perante mais este abuso e esta violação dos direitos dos trabalhadores, independentemente do vínculo contratual".

No final da semana passada, a GMG disse estar a aguardar a posição da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre a venda de alguns dos títulos à NI, depois da "luz verde" dada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Em comunicado aos trabalhadores, ao qual a agência Lusa teve acesso, a GMG referiu ainda que quando o processo estiver concluído regularizará o subsídio de Natal em atraso.

Em causa está a venda pelo grupo à NI da TSF, Jornal de Notícias, JNH, O Jogo, Evasões, Volta ao Mundo, N-TV e Delas.

O sindicato explicou que tem mantido uma "postura dialogante" com a administração do GMG, salientando que "desde a entrada de Vítor Coutinho para CEO abriu uma via de comunicação que tem sido respeitada e mantida", mas alertou que a "continuada violação dos direitos dos trabalhadores" pode levar a uma mudança no relacionamento.

"[O SJ] não abdica de nenhuma forma de luta, estando a avaliar qual a melhor forma de defender os postos de trabalho e salvaguardar a manutenção dos vários títulos, cuja importância no panorama da comunicação social portuguesa é verdadeiramente imprescindível", destacou.

Esta estrutura sindical considerou ainda perturbador o "comportamento do GMG, num momento em que decorrem negociações, aparentemente em fase final". "Se realmente os accionistas querem fazer este negócio, devem dar sinais de que é fundamental e prioritário manter a empresa para terem o que vender", sublinhou.

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