Organizações palestinianas denunciam “crimes atrozes” de Israel contra prisioneiros

ONG Addameer apelou ao Tribunal Penal Internacional para que investigue as condições em que Israel mantém detidos palestinianos da Faixa de Gaza.

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Palestinianos em Khan Younis, na Faixa de Gaza, junto às ruínas de uma mesquita, esta sexta-feira HAITHAM IMAD
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A comissão da Autoridade Palestiniana dedicada à defesa dos direitos de prisioneiros e ex-prisioneiros denunciou este sábado, 25 de Maio, “crimes atrozes” cometidos por Israel contra palestinianos detidos na Faixa de Gaza, alegando casos de “tortura e espancamentos” em prisões e centros secretos israelitas.

“Os detidos [de Gaza] estão a ser transferidos para centros de detenção secretos, como o de 'Sdeh Taman', no deserto do Neguev [Sul de Israel], conhecido pelo tratamento duro a que são submetidos os prisioneiros”, alertou este sábado a Autoridade Palestiniana em comunicado.

Nesta nota, acusa as forças de segurança de Israel de submeter os detidos a “todo o tipo de torturas” durante os interrogatórios com o objectivo de obter informação, além de denunciar a rejeição de qualquer visita de organizações humanitárias, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha. Muitos terão sido detidos por suspeita de terrorismo, na sequência dos ataques de 7 de Outubro de 2023 em território israelita, existindo entre eles mulheres e crianças.

“A ocupação impõe condições extremamente cruéis e criminosas, violando todas as normas e leis internacionais”, lamentam as autoridades palestinianas, apelando à abertura de uma investigação internacional sobre “os crimes de Israel contra prisioneiros indefesos” e a uma maior pressão para que advogados e instituições internacionais possam visitá-los e avaliar as condições em que se encontram.

Também a ONG Addameer, de defesa dos direitos de palestinianos detidos, denuncia o "desaparecimento forçado de detidos na Faixa de Gaza, mantendo-os em total isolamento do mundo exterior". Alguns entretanto libertados contam que toda a roupa lhes foi retirada no momento da detenção, sendo depois "amarrados e espancados".

"Esta violência continua durante a sua transferência para centros de detenção como 'Sdeh Taman' ou 'Anatot', ou aquilo a que alguns prisioneiros chamam 'AlBaraks', desconhecendo a localização destas instalações ou os seus nomes oficiais", lê-se num relatório divulgado a 12 de Maio.

Além de relatarem as formas de tortura, humilhação e agressões israelitas, "todos salientam a falta de cuidados de saúde, em especial no campo 'Sdeh Taman', onde alguns prisioneiros tiveram membros amputados por causa destas práticas", adianta a Addameer. A organização lembra ainda que "a ocupação tinha anunciado a morte de 27 prisioneiros de Gaza em 'Sdeh Taman', mas até agora só foram confirmadas as identidades de seis mártires, vítimas de tortura e das duras condições" em que estão detidos.

"Há fundamentação plausível para afirmar que as forças de ocupação estão a cometer crimes de guerra e contra a humanidade sobre os prisioneiros da Faixa de Gaza, com a cumplicidade do Governo, juízes, autoridades prisionais, polícias e o Exército de ocupação", conclui a ONG, deixando um apelo ao Tribunal Penal Internacional para que conduza uma investigação especial sobre os crimes denunciados.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, sob governo do Hamas, indicou este sábado que o número total de mortos no enclave desde 7 de Outubro já ultrapassou os 35.900, registando mais 46 vítimas nas últimas 24 horas. Ficaram ainda feridos mais de 80.400 palestinianos.