Combater os medos

O medo de perdermos qualidade de vida. Isto é o que mais preocupa as figuras públicas que Inês Duarte Freitas entrevistou para o trabalho de capa da revista Ímpar, dedicada ao envelhecimento.

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O medo de envelhecer é comum a muitos de nós e pelas razões mais distintas. O medo de ficarmos velhos. A jornalista Carla Macedo guia-nos pelos procedimentos que podemos fazer para atrasar os sinais de envelhecimento; eu conversei com representantes de diversas marcas de cosmética sobre os produtos antienvelhecimento que prometem retardar a chegada das rugas. O medo de deixarmos de ser saudáveis. A jornalista Carla B. Ribeiro foi conhecer um projecto apostado na prevenção da saúde, focado na alimentação macrobiótica. E a jornalista Rita Caetano conversou com duas especialistas em nutrição e medicina preventiva sobre o que devemos comer para retardar o envelhecimento e vivermos com qualidade de vida. As águas termais, assim como as paisagens calmas, podem ser uma boa opção de descanso e de recuperação das forças.

O medo de perdermos qualidade de vida. Isto é o que mais preocupa as figuras públicas que a jornalista Inês Duarte Freitas entrevistou para o trabalho de capa desta Ímpar, que é dedicada ao envelhecimento. Teolinda Gersão e Sérgio Godinho querem trabalhar até morrer, sem tempo para se preocuparem com o envelhecimento, salvaguarda a escritora. O cantor lamenta que os velhos não sejam valorizados. Também Helena Isabel, que quer continuar a combater o estigma da velhice, lamenta que a sociedade trate tão mal os seus velhos. Ana Maria Lucas deseja deixar um “legado de liberdade” e Lili Caneças continua a acreditar que a “vida é uma festa”.

O medo da solidão. À medida que a idade avança, a vida pode não ser tão festiva como imagina a socialite. A jornalista Carolina Bastos Pereira desceu ao país real e dá a conhecer projectos que ajudam os mais velhos a combater a solidão (e não só). O editor Francisco José Viegas reflecte sobre a solidão, algo descrito com tanta actualidade na poesia dos séculos VII ao XII, revela à jornalista Patrícia Barnabé, algo sentido como o fim do mundo, mas “não é o fim do mundo”, assegura. Para que não seja, o psicólogo britânico Bruce Hood propõe a felicidade e o encontro com os outros. A psicóloga Vera Ramalho acrescenta outras dicas para ajudar a que o envelhecimento possa ser uma experiência positiva e sublinha o estabelecer “pontes geracionais”, expressão que a radialista Inês Meneses também usa para falar da necessidade de tratarmos melhor os nossos velhos — um dia serão assim connosco, alerta. Uma maneira de os respeitar é não os enganar, declara a enfermeira Carmen Garcia. Ainda entre os cronistas, Ana e Isabel Stilwell querem adiar a velhice, já Madalena Sá Fernandes faz notar que “começa-se a envelhecer quando se começa a dar conta”. Liliana Carona imagina a vida de uma velha de uma aldeia e João da Silva observa os velhos do seu bairro. “Envelhecer juntos. Que poema bonito”, escreve.

O medo de não perdurarmos. Quem pode envelhecer connosco e até sobreviver-nos é um relógio cheio de complicações, um vestido Dior, um vinho ou mesmo um carro (pelo menos muitos dos seus componentes). A velhice não nos pode travar, acreditam muitos dos protagonistas desta edição, nem a reforma, que o diga a nadadora síria Yusra Mardini, que se afastou da competição para concretizar novos sonhos. Afinal, o sonho deve continuar a comandar as nossas vidas. Vamos deixar de ter medo!

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