Longe vão os tempos em que os concursos de beleza se centravam apenas na aparência das concorrentes. O concurso que coroou a Top Women da Bélgica centrou-se na beleza interior e na aceitação corporal das candidatas. A vencedora foi Laurie Dreze.
As 60 candidatas ao título, com idades entre os 23 e os 64 anos, fazem parte do grupo de mais de cinco mil mulheres que frequentaram um programa de nove meses de auto-descoberta e aceitação própria, bem como de styling.
“A verdadeira beleza não vem de um corpo perfeito que corresponde ao que a sociedade dita, mas de um corpo que conta uma história”, declara Nathalie De Reuck, 56 anos, fundadora da Top Women, a organização sem fins lucrativos por detrás do evento do passado fim-de-semana. “Uma mulher que está bem na sua cabeça, bem no seu corpo, é uma mulher que é simplesmente fantástica.”
A candidatura ao título de Top Women, após a realização do programa, é facultativa e os critérios não são a aparência, mas a atitude e a evolução das mulheres, explica Nathalie De Reuck. “Para a maioria dos candidatos, só a ideia de subir ao palco e desfilar era impossível.”
O título foi atribuído a Laurie Dreze, de 38 anos. “Hoje pela primeira vez o meu corpo vai desfilar orgulhoso forte e determinado, a abalar os ditames da beleza”, escreveu a vencedora no Instagram, momentos antes da final do concurso.
Nathalie De Reuck, que fundou o programa em 2014, é uma ex-modelo, que descobriu como o seu trabalho era duro e destrutivo para as mulheres. Hoje, culpa também em parte os filtros das redes sociais que fomentam os sentimentos de vergonha das mulheres em relação ao seu corpo. “A beleza de todos nós é o nosso corpo e a nossa história. Não há nada de que nos possamos envergonhar”, insiste.
A concorrente Nathalie Halleman, mãe de oito filhos, garante que se sente bonita. “A beleza do corpo, da forma como tem sido veiculada na publicidade e pela moda, tem vida curta. A verdadeira beleza é a beleza interior”, defende a candidata de 47 anos. Mas nem sempre Nathalie Halleman teve a mesma confiança e confessa que costumava “chorar” ao pensar no seu passado. “Agora, sorrio”, celebra.