Museu do Calçado expõe ilustrações do português que desenha para a Fendi e Chanel

O trabalho de António Soares tem uma reputação sólida pelo seu traço “facilmente identificável”, a sua “pincelada precisa” e o seu “colorido vibrante”. Trabalho estará patente até Abril de 2025.

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O Museu do Calçado fica em São João da Madeira Paulo Pimenta/Arquivo
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O Museu do Calçado inaugurou no sábado a exposição "António, Sem Título", que reúne em São João da Madeira ilustrações de moda do português que vem trabalhando com imprensa especializada como a Vogue e marcas como a Fendi e Chanel.

A mostra ficará patente nesse espaço cultural do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto até Abril de 2025, para realçar que, embora em Portugal a ilustração de moda seja pouco conhecida do grande público e receba pouca divulgação institucional, o trabalho de António Soares tem uma reputação sólida pelo seu traço "facilmente identificável", a sua "pincelada precisa" e o seu "colorido vibrante".

Estes descritivos são de Sara Paiva, que, enquanto directora do Museu do Calçado e curadora da exposição, declara que "António trabalhou directamente com grandes marcas, como a Chanel e a Fendi, por onde passou Karl Lagerfeld", e vem ilustrando "coordenados, acessórios de moda, cosmética, joalharia, perfumaria, relógios e outros produtos de luxo para a imprensa internacional da especialidade", como a revista Vogue da China, da Arábia e do Dubai, e ainda a Marie Claire, a New Yorker e o jornal The Guardian.

Aos 51 anos, o artista que nasceu em Angola e se formou em Pintura pela Faculdades de Belas Artes da Universidade do Porto acumula, contudo, várias outras experiências profissionais no currículo: já assinou retratos de personalidades do meio musical, ilustrou livros infantis e deu aulas de Arte em várias escolas, mas foi ao integrar a equipa docente do CITEX - Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil que iniciou o seu percurso no desenho específico de moda.

Entre os criadores para os quais vem trabalhando desde então incluem-se, a par das referidas casas de moda estrangeiras, também designers portugueses como Alexandra Moura, Carolina Curado, Luís Buchinho, Luís Onofre, Nuno Baltazar, Nuno Gama, Pedro Pedro e Ricardo Dourado.

Na moda nacional, as obras do ilustrador têm ainda presença regular na contracapa da revista Portuguese Soul, editada pela Associação Portuguesa da Indústria do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos (APICCAPS), que representa a indústria nacional de calçado e marroquinaria.

Fora do país, a esse trabalho acrescem desenhos mais recentes para colecções de postais da marca de papelaria Fashionary e para o livro Sketching Fashion, de Laia Beltran Querol e Lucy Victori Davis.

Quanto às 30 ilustrações expostas no Museu do Calçado, Sara Paiva diz que evidenciam o "romantismo subjacente" a todo o trabalho de António Soares, que admite retirar inspiração não apenas do cinema, das artes plásticas e da dança, mas também "da feminilidade" da própria mãe.

"Sem nunca tenderem para um look vintage, as peças de António estão repletas de referências históricas como porcelana, naturezas mortas ou elementos arquitectónicos e escultórios da antiguidade clássica", defende a directora do museu.

Além disso, "elementos da flora e da fauna são representados com tanto rigor e mestria que é possível identificar as espécies", o que favorece no observador a impressão de que, "à maneira da Arte Nova, as composições de António parecem procurar a beleza eterna no mundo natural".

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