Lucros da Caixa aumentam para 394,5 milhões no primeiro trimestre

O banco público ainda está a beneficiar do contexto de taxas de juro elevadas, que levaram ao crescimento da margem financeira. Lucros subiram 38,4% face ao arranque de 2023.

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Paulo Macedo, presidente executivo da CGD MIGUEL A. LOPES/Lusa
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reportou um resultado líquido de 394,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, valor que representa uma subida de 38,4% em relação aos lucros de 285 milhões que tinham sido registados em igual período do ano passado. Este resultado foi alcançado numa altura em que o banco público ainda beneficiou do contexto de juros elevados e em que viu a actividade comercial crescer.

Os resultados foram divulgados, nesta quinta-feira, em comunicado enviado pela Caixa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O resultado líquido de 394,5 milhões é justificado com "a evolução positiva da margem financeira, a redução de custos regulatórios e a melhoria da recuperação do crédito e um menor custo do risco", pode ler-se no comunicado.

O banco público viu a margem financeira (indicador que mede a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) aumentar em 17%, ultrapassando os 716,5 milhões de euros no primeiro trimestre.

As expectativas do mercado apontam para que o Banco Central Europeu (BCE) comece a baixar as taxas de juro a partir de Julho, razão pela qual a banca tem previsto que, em 2024, a margem financeira (que, no ano passado, impulsionou os lucros do sector) deverá registar quebras. Contudo, para já, este continua a ser um dos indicadores que mais puxam pelos resultados dos bancos.

Ainda do lado operacional, os resultados de serviços e comissões reduziram-se em 4,8% e fixaram-se em 141,8 milhões de euros no primeiro trimestre, o que "reflecte o não-agravamento do preçário e aplicação de isenções", destaca a instituição.

Já os resultados de operações financeiras reduziram-se em mais de 55%, para cerca de 46,9 milhões de euros, uma evolução explicada pelo "efeito extraordinário associado à extinção do Fundo de Pensões, no valor de 80,1 milhões de euros, ocorrida em Fevereiro de 2023". Excluindo este efeito, os resultados de operações financeiras teriam tido uma variação positiva de 21,8 milhões de euros.

Ao mesmo tempo, os custos de estrutura agravaram-se em 5,3% e totalizaram mais de 298 milhões de euros, reflexo, essencialmente, da subida dos custos com pessoal, que aumentaram em quase 9% e totalizaram perto de 199 milhões de euros no primeiro trimestre. Esta subida dos custos com pessoal é explicada pelo programa de reestruturação laboral.

O produto global da Caixa fixou-se, assim, em quase 7%, ascendendo a mais de 905 milhões de euros.

Também do lado comercial se regista uma melhoria dos indicadores da CGD. A carteira de crédito total do banco aumentou ligeiramente, em 0,7%, para 53.040 milhões de euros no final de Março, um crescimento que fica a dever-se, sobretudo, aos segmentos de empresas e de crédito ao consumo. Em sentido contrário, a carteira de crédito à habitação reduziu-se ligeiramente, em 0,3%, totalizando 24,5 mil milhões de euros.

Ainda no que diz respeito ao crédito, a Caixa regista uma melhoria na qualidade da carteira, com o rácio de crédito malparado a diminuir de 1,65% no final do ano passado para 1,62% em Março deste ano.

Ao mesmo tempo, a proporção da carteira de crédito que está classificada no chamado "stage 1" (o crédito que está em cumprimento) aumentou e é agora de 87,7%, enquanto o crédito em "stage 2" (crédito sem incumprimento, mas com risco) diminuiu para 10% e em "stage 3" (crédito em incumprimento) para 2,3%. Isto, depois de, em 2023, a Caixa ter renegociado 38.400 créditos à habitação. Entre estes, foi renegociada a passagem para taxa fixa em 6070 contratos de crédito à habitação, no valor de 662 milhões de euros, e a redução de spread em 1143 contratos.

Já os depósitos de clientes aumentaram em 0,8%, para perto de 81,2 mil milhões de euros, levando os recursos totais de clientes para 103,9 mil milhões de euros, um aumento de 0,7%.

Quanto à solidez do banco, o rácio core equity tier 1 aumentou de 20,3% em Dezembro do ano passado para 20,5%

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