As quatro razões do Governo para escolher Alcochete em vez de Vendas Novas

O ministro Miguel Pinto Luz apontou quatro motivos para a opção ter recaído num futuro aeroporto único no Campo de Tiro em Alcochete, considerando ainda que esta “decisão é um tripé”.

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Miguel Pinto Luz explicou as razões para a decisão do Governo Nuno Ferreira Santos
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O ministro das Infra-Estruturas e da Habitação falou depois do primeiro-ministro para passar às explicações mais técnicas que justificam a opção do Governo pela construção de um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete. Miguel Pinto Luz considerou que a “decisão do Governo é um tripé”, porque assenta em três vectores, e apresentou quatro razões para a escolha ter sido Alcochete e não Vendas Novas, a segunda opção apontada como viável pela comissão técnica independente (CTI) responsável por avaliar quais as melhores localizações possíveis para a futura infra-estrutura aeroportuária da região de Lisboa.

Tanto Alcochete como Vendas Novas tinham como pressuposto uma solução dual transitória em que o aeroporto Humberto Delgado seria reforçado até que a futura infra-estrutura estivesse operacional. E se a comissão técnica liderada por Rosário Partidário deu melhor pontuação à solução Alcochete, também o Governo da Aliança Democrática a preferiu em detrimento de Vendas Novas.

Em primeiro lugar porque o futuro aeroporto Luís de Camões, em Alcochete, será "inteiramente localizado em terrenos públicos", o que assegura uma solução financeiramente melhor para o Estado. A segunda razão prende-se com o facto de Alcochete dispor de "avaliação de impacte ambiental", que pese embora já esteja caducada, como lembrou Pinto Luz e antes já recordara Luís Montenegro, permite ao executivo já saber "medidas mitigadoras" das questões ambientais que serão levantadas.

O terceiro motivo decorre da "maior proximidade [física] a Lisboa" assegurada pelo Campo de Tiro de Alcochete e o quarto a "proximidade às principais vias rodoviárias e ferroviárias" que esta solução assegura.

O ministro Miguel Pinto Luz deixou ainda a garantia de que esta “solução dual transitória” está “absolutamente em linha com o contrato de concessão” assinado pelo anterior Governo PSD-CDS com a ANA e "permite acomodar os planos de expansão da TAP".

O governante explicou também a preferência do Governo pela solução de um futuro aeroporto único face a uma dual. "A nossa análise não aponta para uma solução dual porque as que estavam ser analisadas não permitiam redundância", o que “não servia os interesses nacionais”. Esta solução permite "mitigar" o impacte ambiental e social na região de Lisboa, ao passo que com qualquer solução dual "estamos a penalizar dois territórios", argumentou ainda.

Entre os fundamentos apresentados para esta decisão, Miguel Pinto Luz apontou ainda a “capacidade de acomodar a procura até 2050 e pós-2050” assegurada por Alcochete, a melhoria da qualidade de serviço porque as outras hipóteses que estavam ser analisadas não permitiam redundância e a intenção de fazer do Arco Ribeirinho Sul "uma extensão da região de Lisboa e não uma segunda região de Lisboa", o que promove a "coesão territorial” e o “desenvolvimento económico e social”, defendeu.

Antes, o também vice-presidente social-democrata caracterizou o resultado saído do Conselho de Ministros desta terça-feira como uma "decisão tripé", porque as decisões tomadas assentam em três vectores. O primeiro consiste no "desenvolvimento" de um novo aeroporto em Alcochete, o segundo na garantia de que o aeroporto Humberto Delgado "consegue provisoriamente garantir capacidade que não ponha em causa a competitividade do país e a competitividade da região de Lisboa enquanto as obras em Alcochete não estão concluídas” e, por fim, o reforço das "ligações ferroviárias de alta velocidade entre Porto e Lisboa e Lisboa-Madrid e as acessibilidade todas para o aeroporto Luís de Camões”.

No início das suas declarações, Pinto Luz aproveitou para salientar a importância de, a prazo, retirar o aeroporto do centro de Lisboa para resolver um problema que afecta diariamente os lisboetas e adiantar que “todas as estimativas de tráfego" previsto "têm sido sistematicamente ultrapassadas”. Ainda que felicitando o trabalho desenvolvido pela CTI, o ministro afirmou sobre a capacidade estimada para o aeroporto Humberto Delgado: "Acreditamos que as estimativas estavam demasiado optimistas.”

Assim, a "decisão difícil" de escolher Alcochete assenta numa “visão de longo prazo” que irá “garantir quase o triplo da capacidade necessária e suficiente para garantir a curva de procura que esperamos”, disse o ministro.

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