Estados Unidos atrasam venda de kits de armas de precisão a Israel

Em causa está um acordo no valor de cerca de 240 milhões de euros para vender kits que permitem converter munições de armas não guiadas em mísseis de precisão.

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A administração norte-americana, liderada por Joe Biden, terá atrasado a concretização do acordo Samuel Corum / POOL / EPA
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O Governo dos Estados Unidos adiou o envio de mais de 6 mil kits para conversão de armas de precisão para Israel, informou esta terça-feira o jornal norte-americano Wall Street Journal, citando representantes norte-americanos antigos e actuais ligados aos processos de venda de armas.

Em causa está o envio de cerca de 6500 kits que permitem converter bombas não guiadas em armas munidas de sistemas de precisão (Joint Direct Attack Munitions, no seu nome inglês) que Israel teria acordado comprar aos Estados Unidos por um valor que poderia atingir cerca de 240 milhões de euros. O site noticioso Axios já tinha avançado, no domingo, que os EUA tinham suspendido um fornecimento de armas a Israel, citando dois representantes israelitas anónimos.

A confirmar-se, será a primeira vez em que os Estados Unidos congelam o fornecimento de armas a Israel. A decisão surge numa altura em que forças israelitas começam a avançar sobre Rafah, cidade localizada no Sul da Faixa de Gaza, apesar das críticas dos Estados Unidos, União Europeia e Egipto.

As razões para o adiamento da venda são ainda desconhecidas. O Congresso norte-americano foi informado do acordo com Israel em Janeiro, mas, segundo o Wall Street Journal, este nunca foi concretizado.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, John Kirby, recusou comentar este assunto em conferência de imprensa, afirmando que os “compromissos de segurança” com Israel estavam “blindados”, incluindo “fornecer assistência em matéria de segurança a Israel desde 7 de Outubro”.

O Departamento de Estado norte-americano, no caso de venda de armas, é obrigado, de acordo com a lei americana de controlo de exportação de armas, a notificar oficialmente o Congresso 30 dias antes de concretizar a venda, quando esta ultrapassa um certo valor, para além de informar preliminarmente as comissões de Assuntos Externos das duas câmaras do órgão legislativo sobre a existência do acordo.

Porém, após a informação preliminar dada em Janeiro pelo Governo norte-americano, o processo terá paralisado, algo que um representante contactado pelo jornal norte-americano considera “invulgar, especialmente por se tratar de Israel e especialmente durante uma guerra”, não sabendo quais eram as razões para este atraso. Seth Binder, especialista em vendas de armas americanas contactado pelo Wall Street Journal, afirma que, caso este atraso seja intencional, seria “a primeira vez desde o início da guerra” que o Governo dos EUA “teria uma iniciativa deste tipo relativamente a armas que se sabe terem sido utilizadas em Gaza”.

Segundo o Wall Street Journal, também os acordos de venda de armas para Israel de Março deste ano, que valeriam cerca de cerca de 930 milhões de euros, estão suspensos, sem notificação oficial feita ao Congresso dos Estados Unidos.

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