Blinken diz que “o momento” para um acordo entre Israel e o Hamas “é agora”

Netanyahu volta a garantir que nunca aceitará uma proposta que inclua o fim da guerra na Faixa de Gaza. Hamas pode dar uma resposta aos mediadores já na quinta-feira.

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Blinken e Netanyahu encontraram-se em Jerusalém Haim Zach/ GPO (Gabinete de imprensa do Governo israelita)
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O primeiro-ministro israelita já deixara claro que nunca aceitaria um acordo que estabeleça o fim da guerra na Faixa de Gaza ou a retirada de Israel do enclave, mas decidiu repeti-lo num encontro com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, precisamente quando este foi à região dizer que os Estados Unidos estão decididos a conseguir uma trégua “agora, sem atrasos, sem desculpas”. Ainda que, para Blinken, seja “o Hamas que está a bloquear” as negociações.

“Estamos determinados a conseguir um cessar-fogo que traga os reféns de volta a casa e a consegui-lo agora, e a única razão pela qual isso não será conseguido é o Hamas”, disse Blinken durante o encontro com o Presidente israelita, Isaac Herzog, em Telavive.

Mas segundo o jornal israelita Haaretz, Blinken também insistiu com todos os interlocutores israelitas (Herzog, Benjamin Netanyahu ou o ministro da Defesa) que uma operação contra a cidade de Rafah diminuiria as hipóteses de um acordo e minaria os esforços de Washington para reactivar as negociações para a normalização de laços entre a Arábia Saudita e Israel.

“Relativamente a Rafah, a nossa posição é clara, não mudou, não mudará. Não podemos, não apoiaremos uma operação militar de grande envergadura em Rafah na ausência de um plano eficaz que garanta que não há danos para os civis”, disse Blinken. Netanyahu respondeu-lhe repetindo que a ofensiva contra a cidade no extremo sul da Faixa de Gaza, onde estarão 1,4 milhões de palestinianos, vai mesmo avançar, independentemente de um acordo com o Hamas.

De acordo com a imprensa israelita, os membros da coligação governamental estão divididos: os ministros de extrema-direita garantem que sem uma invasão de Rafah (onde Israel diz que estarão quatro batalhões do Hamas) vão derrubar o Governo, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, disse à televisão israelita que a operação seria suspensa se houvesse um acordo.

Segundo a Al-Jazeera, é por medo de ser derrubado que Netanyahu recusa que o acordo preveja qualquer coisa como “um longo período de trégua sustentado a longo prazo”, formulação que seria do agrado do Hamas.

“Concessões reais”

Sabe-se que em cima da mesa está uma proposta que prevê um cessar-fogo de 40 dias em troca da libertação de mais de 30 reféns israelitas (mulheres, crianças, idosos e pessoas que estejam a precisar de cuidados médico), em paralelo à libertação de palestinianos encarcerados nas prisões israelitas. De visita ao Cairo, na véspera da viagem para Israel, Blinken disse que a proposta israelita é “muito generosa”.

Suhail al-Hindi, um alto funcionário do Hamas, disse esta quarta-feira à AFP que o grupo vai dará uma resposta clara "num prazo muito curto". Num comunicado do movimento palestiniano, citado, entretanto, pela Associated Press, lê-se que “provavelmente amanhã, quinta-feira, se Deus quiser, será dada uma resposta aos mediadores”. Outro responsável ouvido pela AFP admite que a proposta israelita contém “concessões reais”, mas que a questão da retirada total da Faixa de Gaza, mesmo que prevista numa segunda fase, continua a separar os dois lados.

Blinken visitou o posto fronteiriço de Kerem Shalom, (Karam Abu Salem), entre Israel e a Faixa de Gaza, onde se amontoavam paletes com sacos de grão em lata, arroz ou batatas (do Programa Alimentar Mundial ou da ONG World Central Kitchen) à espera de passar. Saudando os progressos "reais e significativos" na melhoria do acesso humanitário a Gaza, o responsável norte-americano afirmou que, tendo em conta as enormes necessidades, estes têm de ser acelerados.

Segundo o governo de Gaza (do Hamas), em Abril entraram no território uma média de 163 camiões por dia, um total de 4887 – destes, só 419 tiveram como destino o Norte da Faixa, onde estarão umas 700 mil pessoas a precisar urgentemente de ajuda. Estas entradas são uma melhoria, mas estão ainda muito longe dos 300 a 400 camiões por dia que os EUA têm discutido com Israel e dos 800, 1000 ou 1500 que diferentes ONG estimem ser necessários para fazer face à situação actual.

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