Delegação do Hamas vai ao Egipto discutir proposta de cessar-fogo

Casa Branca diz que Governo israelita concordou em ouvir as preocupações dos EUA antes de lançar uma invasão de Rafah.

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Incursão israelita em Rafah poderá ser adiada se houver acordo para um cessar-fogo HAITHAM IMAD / EPA
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O Hamas vai enviar uma delegação ao Egipto, nesta segunda-feira, para responder à recente contraproposta israelita de cessar-fogo na Faixa de Gaza e de libertação de reféns, numa altura em que os mediadores intensificam os esforços para chegarem a acordo de forma a evitar um ataque israelita à cidade de Rafah, no Sul do enclave.

A delegação, liderada por Khalil al-Hayya — membro do braço político do Hamas para Gaza, e que tem estado envolvido nas negociações —, "encontrar-se-á com o director e responsáveis do serviço de informações egípcio para discutir e apresentar a resposta do movimento", disse à AFP um alto funcionário do grupo islamista, sob condição de anonimato.

Na sexta-feira, Al-Hayya disse que o grupo tinha recebido a resposta de Israel à sua proposta de cessar-fogo e estava a estudá-la antes de entregar a sua resposta aos mediadores egípcios e do Qatar.

As anteriores rondas de conversações não colmataram as lacunas entre as posições das duas partes. O Hamas exige um acordo que ponha fim à guerra de forma permanente e que Israel retire as suas forças da Faixa de Gaza.

Israel ofereceu um cessar-fogo temporário para libertar cerca de 130 reféns que permanecem em cativeiro e para permitir a entrega de mais ajuda humanitária. O país afirmou que não vai terminar as suas operações enquanto não atingir o seu objectivo de destruir o Hamas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, disse no sábado que uma incursão planeada em Rafah, onde se encontram mais de um milhão de palestinianos deslocados, poderia ser adiada se surgisse um acordo para libertar os reféns israelitas.

A questão criou fissuras na coligação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Os ministros mais agressivos insistem na incursão em Rafah, enquanto os parceiros centristas afirmam que o acordo sobre os reféns é a principal prioridade.

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, da linha dura nacionalista, exortou Netanyahu a não recuar num ataque a Rafah e disse que concordar com a proposta de cessar-fogo constituiria uma derrota humilhante.

Sem erradicar o Hamas, "um governo chefiado por si não terá o direito de existir", disse Smotrich, que não é membro do gabinete de guerra, numa declaração em vídeo dirigida a Netanyahu.

Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelita, declarou na rede social X que "a entrada em Rafah é importante na longa luta contra o Hamas, mas o regresso dos reféns é urgente e de muito maior importância."

Os países ocidentais, incluindo o aliado mais próximo de Israel, os Estados Unidos, instaram Israel a abster-se de atacar a cidade fronteiriça, preocupados com as potenciais vítimas civis.

O porta-voz da segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse este domingo que Israel tinha concordado em ouvir as preocupações dos EUA antes de lançar uma invasão de Rafah. Washington afirmou que não poderia apoiar uma operação em Rafah sem um plano humanitário adequado e credível.

Por sua vez, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, afirmou no Fórum Económico Mundial, em Riade, capital da Arábia Saudita, que só os EUA podem impedir Israel de atacar Rafah.

Abbas disse esperar um ataque a Rafah nos próximos dias, afirmando que mesmo um "pequeno ataque" a Rafah obrigaria a população palestiniana a fugir da Faixa de Gaza.

"Aconteceria então a maior catástrofe da história do povo palestiniano", afirmou Abbas.

O ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, o príncipe Faisal bin Farhan bin Abdullah, disse que é do interesse "de todos na região, e na comunidade global de nações, que se encontre uma via para resolver esta questão de uma vez por todas".

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