Chega apresenta voto de condenação a Marcelo. IL acusa-o de enfraquecer a democracia

O candidato da IL às europeias, Cotrim de Figueiredo, fala em “tentativas desastradas” de fazer uma “reinterpretação criativa da história” que “enfraquecem a democracia e fragilizam a liberdade”.

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Chega e IL falam em "traição" e em declarações "inaceitáveis" por parte do Presidente MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
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À direita, a posição defendida pelo Presidente da República de que Portugal deve reparar os países que colonizou voltou a não a cair bem. O Chega vai apresentar um voto formal de condenação a Marcelo Rebelo de Sousa e pedir uma audição ao ministro dos Negócios Estrangeiros sobre esta matéria. E a Iniciativa Liberal, que considera que o Governo "reagiu no sentido certo", acusa o chefe de Estado de ter prioridades "absolutamente descabidas" e de enfraquecer a democracia. Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse neste domingo ter ouvido as declarações de Marcelo com “normalidade e tranquilidade”​.

Num comunicado enviado à comunicação social, o Chega insurge-se contra a "ideia de reparação devida pelo passado colonial" e de que "Portugal deveria liderar esse processo", como Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, considerando até que se trata de uma "traição ao povo português e à sua história".

Anuncia ainda que, apesar da nota enviada neste sábado pelo Governo, em que recusa avançar com um processo de reparação, vai pedir uma audição no Parlamento ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, para aferir se existem contactos sobre este assunto com os Estados que anteriormente foram colonizados e se já foi feito algum "pedido específico" a Portugal.

Também a Iniciativa Liberal criticou a posição do Presidente da República e elogiou a decisão do Governo, neste sábado. Citado pela Lusa, o presidente do partido, Rui Rocha, questionou as "prioridades" de Marcelo Rebelo de Sousa e considerou que são "absolutamente descabidas", "quando há tantos desafios em Portugal".

Para o líder liberal, o chefe de Estado tem trazido para a discussão pública "aspectos que não têm nenhum interesse" e que estão "fora de tempo", sendo a questão das reparações "um deles". Já o Governo "reagiu no sentido certo", disse.

Mais crítico ainda, o cabeça de lista da IL às eleições europeias, João Cotrim de Figueiredo, defendeu, também citado pela Lusa, que "as apreciações étnicas ou sociológicas de outros titulares de cargos públicos, presentes ou passados, são absolutamente inaceitáveis". E que as "tentativas desastradas" de Marcelo de "fazer uma espécie de reinterpretação criativa da história enfraquecem" não só a "Presidência da República" como a "democracia", e "fragilizam a liberdade".

O antigo líder da IL avisou mesmo que "o Presidente da República, enquanto fiel do regime", "quanto mais fraco for, quanto menos respeitado for, quanto menos ouvido for, menos poderá fazer pelo equilíbrio do sistema que nos tem feito viver em democracia".

O Chega e a IL, tal como o CDS, já tinham condenado as declarações do Presidente da República durante e após a sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril no Parlamento. Um dia depois de o chefe de Estado ter dito que Portugal deve assumir "responsabilidade" pelos crimes coloniais e "pagar os custos", o Chega acusou-o de "traição" e a IL de atentar "contra os interesses do país". com Lusa

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