Das águas de Maio para o prato: eventos gastronómicos a saborear este mês
Entre o bacalhau servido em Chaves e a caldeirada que vai em Silves, provamos um “polvosaurus” lourinhanense, sardinhas em Matosinhos e todo o peixe de Sesimbra.
Chaves para o “fiel amigo”
É no “quilómetro zero” da Estrada Nacional 2 que começa o mês, com o “fiel amigo” à prova – e a provar que ainda há muita receita à espera de ser criada à sua volta. De 1 a 5 de Maio, a terceira edição do Festival Gastronómico do Bacalhau de Chaves instala-se num total de 62 restaurantes.
Os pratos “prometem conciliar a inovação com a tradição” e ficar na memória também “pela exuberância e sabor da gastronomia flaviense”, lê-se num comunicado da organização, a cargo do município.
É bom que deixem boas lembranças gustativas, já que o festival também é um concurso: um júri de chefs há-de eleger a melhor entrada, o melhor prato principal, o melhor prato tradicional, o jovem talento e a inovação gastronómica, enquanto os comensais comuns determinam o prémio do público.
As propostas são mais do que muitas: na brasa ou na telha; com natas, com grão, com broa ou com todos; à casa ou na brasa; em pataniscas ou bolinhos; recheado, gratinado, desfiado, assado ou acebolado. Pode ter a forma de um clássico – à Brás, à Zé do Pipo, à Narciso, à lagareiro, à chefe – ou o tom sofisticado de um aveludado de bacalhau contemporâneo. Não lhe falta sequer a companhia da batata a murro – mas sem violência, salvaguarda um dos menus.
Sai um “polvosaurus”
Seja no centro da cidade, em Porto Dinheiro ou na Areia Branca, o polvo é quem mais ordena nas ementas da Lourinhã: entre 10 e 24 de Maio, a 15.ª Quinzena Gastronómica do Polvo estende os tentáculos a 25 restaurantes do concelho.
Uns embarcam em marés da tradição, servindo polvo à lagareiro, em salada, em arroz, na espetada, em patanisca ou numa caldeirada. Outros mergulham num “mar de irreverência” – descrição da autarquia – que pode levar o cefalópode para uma francesinha regada por aguardente DOC Lourinhã, para um risotto preto com frutos do mar, para uma piza, para um fogo de chão ou até para um prato baptizado de “polvosaurus” em honra da linhagem lourinhanense enquanto “capital dos dinossauros”.
Fora do prato, a iniciativa passa por noites de música ao vivo, teatro de sombras e “oficinas polvásticas” para os mais pequenos. A lista de estabelecimentos aderentes, respectivas ementas e actividades paralelas pode ser consultada aqui.
Sesimbra? É Peixe
Os créditos sesimbrenses na sardinha, no peixe-espada-preto, no espadarte, na cavala e noutras delícias marinhas tornam a confluir para o festival gastronómico Sesimbra É Peixe. Ao longo de praticamente um mês – de 5 de Maio a 2 de Junho –, vão à mesa nos 16 restaurantes aderentes.
Entre cataplanas, caldeiradas e ensopados, peixes grelhados, escalados ou corados, imperadores, raias ou robalos, os degustadores podem ter a certeza de estar perante espécies pescadas pelas frotas locais. Podem também contar com sugestões de vinhos da Península de Setúbal para regar a refeição. Ao pedirem o prato de cada casa, podem ainda habilitar-se a ganhar vales de 50 a 100 euros para descontar em repastos futuros.
O festival foi criado em 2019, por acção da Câmara Municipal de Sesimbra, com o objectivo de promover o pescado do concelho – e, por extensão, a sua gastronomia e identidade – e dinamizar a economia local.
Está a caldeirada armada
Quem visitar Armação de Pêra (Silves) no último fim-de-semana do mês (24 a 26 de Maio) é convidado a conhecer e saborear o pescado que lhe está na tradição gastronómica e que, anualmente, é pretexto para o Festival da Caldeirada e do Mar.
O evento algarvio, que já vai na 25.ª edição, espraia-se por vários restaurantes da povoação de raiz piscatória, desde que garantam “um prato de caldeirada ou outros pratos característicos da região com a utilização de frutos do mar desta vila”, faz saber a autarquia. Frutos do mar e também da terra – mandam as regras e as expectativas que também assegurem “pelo menos um vinho de Silves”, bem como “sobremesas confeccionadas com produtos locais, nomeadamente com laranja de Silves”, acrescenta.
Em Quarteira, petiscos à rede
Quarteira, outra vila algarvia com pergaminhos enraizados na faina, esta no município de Loulé, está em preparativos para a Festa dos Petiscos do Pescador, onde é tão importante saborear pratos cheios de mar como celebrar aqueles que o levam à mesa.
De 31 de Maio a 2 de Junho, no Passeio das Dunas, servem-se “os sabores sempre apetecíveis do marisco e peixe fresco, confeccionados por familiares de pescadores”, assegura a autarquia louletana. À margem, ergue-se um programa cheio de música – este ano com Zé Amaro, Íris e Deejay Telio no cartaz – e sempre com entrada livre.
Mas o ponto alto da festa acontece de pés na areia: a população é chamada a participar na tradicional lavada e ajudar a puxar as redes para terra.
São sardinhas, Senhor
Não sendo exactamente um festival gastronómico, tem honras nesta lista pelo aroma a sardinha assada que já se pressente em Matosinhos. Vêm aí as grandes festas da cidade, três semanas (10 de Maio a 2 de Junho) movidas pela fé no Senhor de Matosinhos, mas alimentadas por muito mais.
Às celebrações religiosas juntam-se arraiais, artesanato (atenção à Feira da Louça), carrosséis, música, matraquilhos, fogo-de-artifício, animação para todas as idades e a infalível sardinha a sair com fartura dos assadores, vinda das redes locais, como manda a tradição, e bem acompanhada pela divulgação de outros “receituários gastronómicos de peixes e de mariscos”, como assegura a autarquia.