Também a Beira Interior defende a continuação dos apoios à plantação de vinhas

A Comissão Vitivinícola da região que vai de Castelo Rodrigo à Cova da Beira une-se ao coro de protestos contra a ideia do ministro da Agricultura de colocar “um travão” nas novas plantações de vinha.

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Na Beira Interior, "não há excesso de vinha", afiança Rodolfo Queirós, presidente da comissão vitivinícola regional, num comentário à polémica entrevista do ministro da Agricultura Sérgio Azenha
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O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, referiu, no início desta semana numa entrevista ao PÚBLICO, que Portugal tem um problema com o stock de vinho por escoar e que, para equilibrar a balança, é preciso "um travão" nas novas plantações, "caso contrário está-se a deitar dinheiro fora". E as reacções do sector surgiram em catadupa. Esta sexta-feira, é a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) que vem a terreiro explicar que, na região que vai de Castelo Rodrigo à Cova da Beira, não há excesso de vinha e que os apoios devem continuar.

"Não creio que haja excesso de vinha na nossa região. Até porque, felizmente, tem havido uma procura por novas licenças e novas autorizações, e isso mostra que há aptidão para se plantar novas vinhas", disse à agência Lusa o presidente da CVRBI, Rodolfo Queirós.

A região tem actualmente 13.100 hectares de vinha, tendo perdido cerca de três mil hectares na última década. O dirigente salienta que a vitivinicultura é uma das actividades que suporta muita gente e que ajuda a fixar pessoas a este território.

"Por isso, eu penso que se deve continuar a apoiar a reestruturação da vinha, podendo ser outro modelo. Deve continuar-se a atribuir novas licenças e autorizações, porque nós também não podemos cortar as pernas a ninguém."

Para Rodolfo Queirós, "se as pessoas querem investir num território que por si já é deprimido, não se pode desperdiçar esse tipo de investimento". Mas, ressalva o responsável, cada região tem uma realidade diferente. "Da nossa parte, nós temos ainda caminho para fazer. Se temos caminho para fazer temos de o fazer juntos, com as pessoas que querem investir cá".

O presidente da CVRBI realça que a região tem-se vindo a afirmar, tem ganho notoriedade e está numa trajectória de ascensão e por isso os apoios devem ser mantidos.

"Os agricultores são quase os primeiros bombeiros do nosso território, onde há vinhas cultivadas não há incêndios e não há abandono das terras. É muito importante a vitivinicultura para a nossa região."

Sobre as dificuldades de escoamento, o dirigente da CVRBI considerou que o principal factor está na entrada de vinhos em Portugal a preços baixíssimos, considerando que "aí haveria de se fazer qualquer coisa". E refere que se fala muitas vezes na sustentabilidade em termos ambientais, mas se esquece que o primeiro pilar da sustentabilidade tem de ser o económico.

"Temos de trabalhar para que as nossas regiões produzam vinhos de qualidade e pratiquem preços competitivos para que a agricultura seja sustentável", vaticina, realçando ainda que a Beira Interior tem mais de mil hectares em modo produção biológica e que tem havido uma enorme procura nos mercados externos. "Temos de continuar a fazer este trabalho de divulgação."

A CVRBI tem sede na Guarda e abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios. Na sua área existem cerca de 70 produtores de vinho, entre adegas cooperativas, produtores e engarrafadores.

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