Também a Beira Interior defende a continuação dos apoios à plantação de vinhas

A Comissão Vitivinícola da região que vai de Castelo Rodrigo à Cova da Beira une-se ao coro de protestos contra a ideia do ministro da Agricultura de colocar “um travão” nas novas plantações de vinha.

Foto
Na Beira Interior, "não há excesso de vinha", afiança Rodolfo Queirós, presidente da comissão vitivinícola regional, num comentário à polémica entrevista do ministro da Agricultura Sérgio Azenha
Ouça este artigo
00:00
02:51

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, referiu, no início desta semana numa entrevista ao PÚBLICO, que Portugal tem um problema com o stock de vinho por escoar e que, para equilibrar a balança, é preciso "um travão" nas novas plantações, "caso contrário está-se a deitar dinheiro fora". E as reacções do sector surgiram em catadupa. Esta sexta-feira, é a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) que vem a terreiro explicar que, na região que vai de Castelo Rodrigo à Cova da Beira, não há excesso de vinha e que os apoios devem continuar.

"Não creio que haja excesso de vinha na nossa região. Até porque, felizmente, tem havido uma procura por novas licenças e novas autorizações, e isso mostra que há aptidão para se plantar novas vinhas", disse à agência Lusa o presidente da CVRBI, Rodolfo Queirós.

A região tem actualmente 13.100 hectares de vinha, tendo perdido cerca de três mil hectares na última década. O dirigente salienta que a vitivinicultura é uma das actividades que suporta muita gente e que ajuda a fixar pessoas a este território.

"Por isso, eu penso que se deve continuar a apoiar a reestruturação da vinha, podendo ser outro modelo. Deve continuar-se a atribuir novas licenças e autorizações, porque nós também não podemos cortar as pernas a ninguém."

Para Rodolfo Queirós, "se as pessoas querem investir num território que por si já é deprimido, não se pode desperdiçar esse tipo de investimento". Mas, ressalva o responsável, cada região tem uma realidade diferente. "Da nossa parte, nós temos ainda caminho para fazer. Se temos caminho para fazer temos de o fazer juntos, com as pessoas que querem investir cá".

O presidente da CVRBI realça que a região tem-se vindo a afirmar, tem ganho notoriedade e está numa trajectória de ascensão e por isso os apoios devem ser mantidos.

"Os agricultores são quase os primeiros bombeiros do nosso território, onde há vinhas cultivadas não há incêndios e não há abandono das terras. É muito importante a vitivinicultura para a nossa região."

Sobre as dificuldades de escoamento, o dirigente da CVRBI considerou que o principal factor está na entrada de vinhos em Portugal a preços baixíssimos, considerando que "aí haveria de se fazer qualquer coisa". E refere que se fala muitas vezes na sustentabilidade em termos ambientais, mas se esquece que o primeiro pilar da sustentabilidade tem de ser o económico.

"Temos de trabalhar para que as nossas regiões produzam vinhos de qualidade e pratiquem preços competitivos para que a agricultura seja sustentável", vaticina, realçando ainda que a Beira Interior tem mais de mil hectares em modo produção biológica e que tem havido uma enorme procura nos mercados externos. "Temos de continuar a fazer este trabalho de divulgação."

A CVRBI tem sede na Guarda e abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios. Na sua área existem cerca de 70 produtores de vinho, entre adegas cooperativas, produtores e engarrafadores.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários