Corpos encontrados em valas comuns na Faixa de Gaza podem ter sido enterrados vivos

Grupos que prestam ajuda humanitária na Faixa de Gaza pedem uma intervenção urgente da ONU para investigar crimes de guerra cometidos por Israel no Sul de Gaza.

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Escavações junto ao Hospital Nasser em Gaza REUTERS/Ramadan
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Ao sexto dia consecutivo de escavações no Sul de Gaza, a Defesa Civil Palestiniana diz ter encontrado 392 cadáveres em valas comuns, incluindo mulheres e crianças. De acordo com o grupo que presta serviços humanitários no enclave palestiniano há sinais de tortura e execuções cometidas pelo Exército de Israel e foi feito um apelo para que seja aberta uma investigação a crimes de guerra nos hospitais de Gaza pelas Nações Unidas.

Pelo menos dez dos corpos encontrados nas valas comuns no Sul de Gaza tinham as mãos atadas e outros ainda tinham tubos médicos ligados a eles, o que indica que podem ter sido enterrados vivos, disse Mohammed al-Mughier, membro da Defesa Civil palestiniana, numa conferência de imprensa nesta quinta-feira. Ainda segundo ​Mughier, que forneceu provas fotográficas e de vídeo de vários dos seus restos mortais, alguns dos corpos encontrados nas valas comuns no Hospital Nasser pertencem a crianças.

Segundo a estação pan-árabe Al-Jazeera, o chefe do departamento de Defesa Civil no Sul de Khan Younis, onde se situa o Hospital Nasser, Yamen Abu Sulaiman, disse que foram encontradas três valas comuns separadas nas instalações daquele hospital – uma atrás da morgue, outra em frente à morgue e outra perto do edifício de diálise. Em alguns desses locais, explicou este responsável, os corpos estavam empilhados, dando a entender que tinham "sido efectuadas execuções no terreno".

Casa Branca pede resposta a Israel e insiste em cessar-fogo

Já na quarta-feira, a Casa Branca tinha dito que queria "respostas" sobre as valas comuns encontradas junto aos hospitais em Gaza. "Queremos respostas", disse aos jornalistas o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan. "Queremos ver isto investigado de forma completa e transparente."

Na quinta-feira, um grupo de 18 países, onde estão também Portugal e os EUA, publicou uma carta apelando a um cessar-fogo imediato e prolongado em Gaza em troca da libertação dos reféns. "Exigimos a libertação imediata de todos os reféns detidos pelo Hamas em Gaza há mais de 200 dias. Entre eles contam-se os nossos próprios cidadãos [norte-americanos]. O destino dos reféns e da população civil em Gaza, que está protegida pelo direito internacional, é motivo de preocupação internacional", pode ler-se na missiva enviada pela Casa Branca, a que o jornal The Guardian teve acesso.

"O acordo em cima da mesa para libertar os reféns traria um cessar-fogo imediato e prolongado em Gaza, o que facilitaria uma vaga de assistência humanitária adicional necessária a ser prestada em toda a Faixa de Gaza e conduziria ao fim credível das hostilidades", lê-se ainda no documento.

Nas últimas horas, Israel intensificou os ataques aéreos a Rafah. À Reuters, médicos que estão no enclave relataram cinco ataques aéreos israelitas na madrugada de quinta-feira, que atingiram pelo menos três casas, matando pelo menos seis pessoas, incluindo um jornalista local.

O gabinete de guerra do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se "para discutir a forma de destruir os últimos vestígios, o último reduto dos batalhões do Hamas, em Rafah e noutros locais", disse o porta-voz do Governo, David Mencer.

Os aviões de guerra israelitas bombardearam também o Norte do país pelo segundo dia consecutivo na quarta-feira. Um alto funcionário da defesa israelita disse, à agência londrina, que Israel estava preparado para deslocar os civis antes do seu ataque a Rafah e que tinha comprado 40 mil tendas com capacidade para albergar 10 a 12 pessoas cada.

As imagens de satélite de Mawasi, entre Rafah, Khan Younis e o mar, uma zona de praias de areia e campos que se estende apenas por cerca de 5km por 3km, mostram acampamentos significativos construídos nas últimas duas semanas

*Texto actualizado às 21h11 com informação de que Portugal assina a carta em que se pede a libertação dos reféns do Hamas

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