Comissário dos direitos humanos da ONU “horrorizado” com vala comum em hospital de Gaza

“A cada dez minutos uma criança é morta ou ferida”, condenou Volker Türk, referindo-se aos ataques israelitas que mataram várias crianças e mulheres na cidade de Rafah.

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Palestiniano chora junto ao corpo de uma criança em Rafah, a 21 de Abril Mohammed Salem
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O comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk​, afirmou estar “horrorizado” com a destruição dos hospitais Nasser e Al-Shifa, na Faixa de Gaza, e com as notícias de valas comuns ali descobertas. Türk​ pediu uma investigação independente depois de as autoridades palestinianas terem retirado 310 corpos de uma vala comum no Hospital Nasser, em Khan Yunis, de onde as tropas israelitas se retiraram na primeira semana de Abril.

A existência da vala comum foi denunciada no domingo e os números não param de crescer, à medida que as unidades da protecção civil continuam a recuperar mais corpos: 73 na segunda-feira, 35 na terça-feira de manhã.

Entre os corpos retirados há “crianças, mulheres, pessoal médico, pessoas que estavam feridas e pacientes”, descreve Hani Mahmoud, jornalista da Al-Jazeera sediado em Rafah, a sete quilómetros de Khan Yunis, citando a Defesa Civil do enclave palestiniano. Segundo Mahmoud, as pessoas que conseguiram sair do hospital antes da retirada relatam cenas de “horror, assassínios em massa e detenções numa dimensão tal que o inteiro hospital passou de ser um lugar de cura para se tornar uma vala comum".

Tendo em conta “o clima de impunidade”, o inquérito ao que aconteceu nos hospitais cercados e ocupados por Israel em Gaza “deve incluir investigadores internacionais”, afirmou Türk​ num comunicado, sublinhando que os hospitais têm direito a uma protecção especial.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) insistem ter sido forçadas a combater dentro dos hospitais, porque era a partir destes que muitos membros do Hamas operavam, alegações desmentidas por médicos e pelo movimento islamista.

Mas Türk​ também condenou uma série de ataques das IDF que nos últimos dias mataram sobretudo crianças e mulheres em Rafah, a cidade mais a sul da Faixa de Gaza. “As últimas imagens de uma criança prematura a ser retirada do útero da sua mãe moribunda [a agência Reuters divulgou a fotografia do bebé], das duas casas adjacentes onde 15 crianças e cinco mulheres foram mortas – isto é para além da guerra”, afirmou, citado no site do gabinete do alto-comissário.

Türk​ referia-se a diferentes ataques entre 19 e 20 de Abril em vários bairros de Rafah: a 19 de Abril, nove palestinianos, incluindo seis crianças e duas mulheres morreram num ataque a um edifício de apartamentos; no dia seguinte, um ataque a duas casas contíguas matou 15 mulheres e cinco crianças, no mesmo dia em que um ataque ao campo de As-Shabora terá deixado quatro mortos, incluindo uma grávida.

“A cada dez minutos uma criança é morta ou ferida. Estão protegidas pelas leis da guerra e, apesar disso, são elas que estão a pagar desproporcionadamente o preço mais alto desta guerra”, denunciou ainda Türk​.

Segundo as autoridades de Gaza, até segunda-feira foram mortas pelo menos 34.151 pessoas em ataques israelitas na Faixa de Gaza, incluindo 14.685 crianças.

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