Reino Unido aprova deportação de migrantes para o Ruanda
Sunak afirmou que primeiros voos de deportação de migrantes para o Ruanda poderão começar em 10 a 12 semanas.
O Parlamento britânico aprovou a proposta de lei que permite o início dos voos de deportação para o Ruanda dos requerentes de asilos que entrem ilegalmente no Reino Unido.
Os membros da Câmara dos Lordes (câmara alta) concordaram em não apresentar mais alterações e votaram a favor da proposta, reconhecendo o Ruanda como um destino seguro, depois de meses de debates e críticas da oposição.
O plano, anunciado há dois anos pelo então primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, e apoiado pelo actual chefe do Governo, Rishi Sunak, pode entrar em vigor após a ratificação por parte do rei Carlos III, disse a televisão pública britânica BBC.
A proposta de lei, apoiado num novo tratado entre Londres e Kigali, ao abrigo do qual Londres ia pagar quantias substanciais ao Ruanda em troca do acolhimento de migrantes, pretendia responder ao Supremo Tribunal britânico, que decidiu, em Novembro, que o plano era ilegal.
A Câmara dos Lordes tinha atrasado a aprovação da proposta, exigindo que um órgão independente confirmasse o estatuto do Ruanda como um país seguro.
O Ruanda é um dos países mais estáveis do continente africano, mas o Presidente, Paul Kagame, no poder há 24 anos, é acusado de governar num clima de medo, reprimindo a dissidência e a liberdade de expressão.
A Câmara dos Lordes queria também que agentes, aliados e funcionários do Reino Unido no estrangeiro, incluindo afegãos que lutaram ao lado das forças armadas britânicas, não fossem abrangidos por este plano.
Sunak afirmou, na segunda-feira, que os primeiros voos de deportação de migrantes para o Ruanda poderão começar em 10 a 12 semanas.
Antecipando recursos judiciais que podem demorar quatro a oito semanas, o chefe do Governo disse que o espaço para deter migrantes foi aumentado para 2200 locais e 200 trabalhadores foram treinados para analisar processos, além de 25 salas de tribunal disponibilizadas e 150 juízes identificados para avaliar os casos.
A legislação também permite ao Governo ignorar providências cautelares do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. "Nenhum tribunal estrangeiro nos vai parar", declarou Sunak, prometendo que as deportações para o Ruanda vão ocorrer "aconteça o que acontecer".
O plano do Governo tem sido criticado pela oposição trabalhista, associações de apoio aos migrantes, a Igreja Anglicana e pelo Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, que considerou ser “contra os princípios fundamentais dos direitos humanos”.
Rishi Sunak espera que o plano dissuada migrantes de entrarem ilegalmente no país: este ano, 6265 chegaram ao Reino Unido depois de atravessarem o canal da Mancha. No ano passado foram contabilizados 29.437 migrantes ilegais que chegaram em embarcações como barcos de borracha, uma redução de 36% face aos 45.774 de 2022.