Nuno Melo: o CDS “vale por 50 deputados” e “tem de falar para jovens e mulheres”

O líder centrista falou também das contas do partido e garantiu que a sede do CDS continuará a ser no Largo do Caldas, em Lisboa. “A nossa resistência pode mais do que qualquer soberba”, disse.

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O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, durante a sessão de abertura do 31.º Congresso do CDS-PP, no Pavilhão Cidade de Viseu PAULO NOVAIS / LUSA
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Nuno Melo tomou a palavra no 31.º congresso do CDS-PP, que se realiza neste sábado e domingo em Viseu, para elogiar o "partido fundador do regime democrático" que não se diminuiu com a saída da Assembleia da República, pois "não vive de uns fogachos parlamentares". Num discurso centrado nos "momentos difíceis" do partido em que "não se deitou a toalha ao chão", o líder centrista insistiu que há razões para o partido "estar feliz", pois "não é passado".

O centrista, que é também ministro de Estado e da Defesa, afirmou que o partido terá de falar "para jovens e mulheres", depois de insistir que precisa de mostrar "a sua marca", aberta "a correntes liberais e conservadores".

Agradecendo as contribuições financeiras de todos os que continuam a acreditar no partido, Nuno Melo sublinhou que o partido tem vindo a diminuir a sua dívida. "Levantámos todas as hipotecas em todas as nossas sedes", disse. "O CDS resistiu sempre", assegurou. “Nunca se sintam parceiros menores desta coligação. Porque não somos. Somos aliados. Somos fortemente competitivos, mas leais em coligação", diria.

Voltando a insistir que o CDS-PP não foi apenas uma "muleta" na coligação Aliança Democrática, Nuno Melo vincou que o partido “ajudou à derrota do PS em eleições legislativas”. "Em legislativas, sempre que PSD e CDS foram coligados, nunca perderam”, notou, depois de antes ter lembrado as seis câmaras centristas "conquistadas em listas próprias" e "não dependendo de ninguém". Nuno Melo garantiu que "o CDS nunca foi um parceiro menor" na coligação e que, "durante mais de 20 dias, as bandeiras estiveram sempre bem levantadas ao alto".

Numa alusão aos dois anos em que o partido esteve sem assento na Assembleia da República, o líder centrista assinala o "extraordinário" exercício de "superação". Agora, diz, "o CDS conta e não conta pouco".

Para o líder do partido, o CDS “não se mede nem nunca se mediu por ausência de dois anos na Assembleia da República", recordando o momento em que a placa da sala do grupo parlamentar foi retirada das paredes. "Há dois anos~, prometi-vos que o meu primeiro acto simbólico, mas político, seria aparafusar [a placa] naquela parede da Assembleia da República que fez notícia quando saiu. Apertei-a eu, está lá. No que dependerá de nós, nunca mais de lá sairá. Está lá no lugar que lhe pertence por direito, está lá onde trabalhando faremos por a merecer todos os dias", afirmou, levantando os congressistas que aplaudiram em força o compromisso.

"A casa-mãe da democracia é, por essência, a casa-mãe do CDS, ajudámos a construir a democracia”, declarou. E fazendo contas aos dois deputados eleitos pelo CDS, João Almeida e Paulo Núncio, Nuno Melo deixou um recado ao Chega, sem dizer o nome do partido. "Os deputados do CDS são dois, mas valerão por 50", declarou.

"Não perdi um segundo com ajustes de contas"

Nuno Melo afirmou que não perdeu tempo "a falar para dentro" e em "ajustes de contas". "Levámos dois anos a construir pontes. Não perdi um segundo com ajustes de contas. Somos todos parte do CDS. Sem excepção”, declarou, sem fazer referências ao seu antecessor, Francisco Rodrigues dos Santos.

Assinalando a redução das dívidas do partido, Nuno Melo afirma que o partido amortizou 900 mil euros em dívidas e que acabou com todas as hipotecas que existiam sobre as sedes do partido por todo o país. “Ninguém tem noção como foi gerir o CDS”, declarou, notando que só foi possível porque o partido "é feito de pessoas de bem".

Falando da sede do partido, localizada no Largo do Caldas, em Lisboa, Nuno Melo recordou os ataques "da extrema-esquerda" durante os tempos do PREC, que, mais recentemente, foram seguidos de "outros extremistas" (numa alusão ao Chega) que davam por certo o desaparecimento do CDS e "anunciaram que seriam donos do Caldas". "Não são os novos donos do Caldas, a sede nacional é nossa e será nossa, é mais do que um símbolo, é identidade", asseverou. "Com estas coisas não se brinca", vincou, recordando os sete milhões de euros que chegaram a ser oferecidos pelo partido de André Ventura para comprar a sede do CDS em 2022. "A resistência do CDS pode mais do que qualquer soberba do presente", declarou.

O discurso de Nuno Melo, que terá a sua reeleição garantida, terminou com um recado: “Se o ciclo desta direcção terminasse agora, entregaríamos aos vindouros mais do que recebemos. É assim que deve ser”, disse.

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