EUA e Israel em alerta para potencial resposta iraniana a ataque em Damasco

Ataque atribuído ao Estado de Israel atingiu complexo diplomático do Irão na Síria. Fontes iranianas dizem que há decisão para uma “resposta directa”.

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Cartaz em Teerão prometendo vingança contra figuras israelitas pela morte de militares iranianos em Damasco Majid Asgaripour/Reuters
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Os Estados Unidos estão num nível de alerta elevado e a preparar-se para um potencial ataque iraniano atingindo alvos americanos ou israelitas no Médio Oriente após um ataque atribuído a Israel contra um complexo diplomático iraniano em Damasco, segundo a agência Reuters.

No Irão, diz por seu lado o diário The New York Times, “foi tomada a decisão de que o Irão tem de responder directamente ao ataque, para restabelecer dissuasão”.

Segundo a estação de televisão norte-americana CNN, tanto os EUA como Israel acham que um ataque iraniano é “inevitável”.

As fontes de ambos os lados, diz o New York Times, acreditam que o ataque poderá acontecer durante a próxima semana, embora a estação de televisão CBS cite fontes dizendo na sexta-feira que o ataque poderia ocorrer mais cedo, entre esse mesmo dia e o final do Ramadão (na próxima quarta ou quinta-feira).

O ataque em Damasco levado a cabo na segunda-feira matou um importante comandante da força de elite Al Quds e outros seis militares iranianos. Por ter atingido um complexo diplomático no estrangeiro foi considerado um ataque ao próprio Irão (e não apenas às suas forças na Síria, como acontece com mais frequência com ataques israelitas) e assim visto como sem precedentes e uma escalada da parte do Estado hebraico, com a chamada guerra nas sombras entre Israel e o Irão a tornar-se mais aberta, como apontou o analista Ali Vaez, director para o Irão do International Crisis Group​.

Israel não comenta, na esmagadora maioria dos casos, operações no estrangeiro, e este caso não foi uma excepção; um porta-voz militar disse, no entanto, que o local atacado não era uma instalação diplomática.

Uma resposta proporcional iraniana seria atacar uma instalação diplomática israelita. Uma fonte diplomática disse ao diário israelita Haaretz que foram encerradas cerca de 30 embaixadas israelitas por se temer um ataque iraniano (as medidas de segurança em instituições ligadas a Israel já estavam aumentadas desde 7 de Outubro).

Até agora, os ataques iranianos contra alvos dos EUA ou Israel na região depois de 7 de Outubro têm sido levados a cabo pelas milícias apoiadas pelo Irão na região, como o libanês Hezbollah ou os iemenitas houthis.

Mas, lembra o New York Times, há precedentes de uma resposta em força do Irão, por exemplo após o ataque norte-americano que matou o general Qassem Soleimani, chefe da força de elite Al Quds e responsável pela estratégia de apoio a grupos armados na região, do Hezbollah ao Hamas, com o disparo, a partir do Irão, de mísseis contra bases americanas no Iraque, que deixaram mais de cem militares feridos.

A CBS dizia, no entanto, que não era claro se o ataque poderia ser levado a cabo a partir de território iraniano ou antes por grupos pró-iranianos a partir do Iraque ou Síria. Segundo fontes dos serviços secretos americanos, espera-se que sejam usados “enxames de drones Shahed e mísseis de cruzeiro”.

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