Acusações de Trump Jr. a Biden sobre o domingo de Páscoa são falaciosas

Proibição de símbolos religiosos em actividade de Páscoa na Casa Branca existe há mais de 45 anos. Biden não declarou o domingo de Páscoa Dia da Visibilidade Trans – este é sempre a 31 de Março.

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Donald Trump Jr. fez as acusações ao actual Presidente dos EUA no seu perfil do X Reuters/CARLOS BARRIA
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A publicação

Contexto

Donald Trump Jr., filho do ex-Presidente dos Estados Unidos, afirmou este sábado, na sua página do X (antigo Twitter), que Joe Biden tinha “banido símbolos religiosos” das celebrações de Páscoa da Casa Branca.

Na mesma publicação, Trump Jr. também condenou a alegada decisão de Biden de “declarar o domingo de Páscoa o ‘Dia da Visibilidade Trans’”. “Esta é a nova religião da esquerda”, escreveu. “Eles querem que as pessoas venerem a bandeira trans em vez de Deus. Têm de ser parados.”

Junto ao pequeno texto, colocou o print screen de um comunicado que terá sido retirado do site oficial da Casa Branca, no qual sublinhou o seguinte excerto: “Biden Jr., Presidente dos Estados Unidos da América, em virtude da autoridade que me foi atribuída pela Constituição e pelas leis dos Estados Unidos, proclamo o 31 de Março de 2024 Dia da Visibilidade Trans”.

O ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, também publicou na rede social Truth um artigo da Fox News relacionado com a alegada proibição de desenhos religiosos durante um concurso de decoração de ovos da Páscoa.

Os factos

Na origem da indignação dos membros da família Trump e apoiantes estão as linhas orientadoras de uma das actividades de pintura e decoração de ovos da Páscoa que acontece, anualmente, nos jardins da Casa Branca. De acordo com o artigo da Fox News partilhado pelo ex-Presidente, as regras do concurso de design de ovos da Páscoa não permite “conteúdo questionável, símbolos religiosos, temas explicitamente religiosos ou manifestações político-partidárias”.

É verdade que os símbolos religiosos estão banidos, mas não foi Biden quem tomou essa decisão. A regra vigora desde 1978, durante o período de presidência de Jimmy Carter, como confirmou num comunicado a American Egg Board, organização que apoia o evento, citada pelo Independent.

“O American Egg Board tem apoiado a Caça aos ovos da Páscoa da Casa Branca há mais de 45 anos e a linguagem das linhas orientadoras referidas em artigos noticiosos recentes tem vindo a ser aplicada consistentemente”, explicou a organização. Ou seja, durante o período de presidência de Trump (excepto em 2020, quando as actividades foram canceladas devido à pandemia), os símbolos religiosos também estavam proibidos.

O mesmo artigo da Fox News inclui outro esclarecimento da CEO do American Egg Board: “Quando dizemos que não pode ser explicitamente religioso, não podemos passar a imagem de promover uma religião em detrimento de outra. Assim como não podemos promover um ponto de vista político ou ideologia em detrimento de outras. Temos de ser totalmente neutros em tudo o que fazemos".

A porta-voz de Jill Biden, Elizabeth Alexander, também fez uma publicação na sua página pessoal de X a sublinhar que a linguagem não discriminatória do panfleto do American Egg Board "tem sido usada nos últimos 45 anos, durante todas as administrações democratas e republicanas".

Quando Donald Trump Jr. acusou Biden de declarar o domingo de Páscoa o Dia da Visibilidade Trans, também não foi rigoroso. Desde 2009 que o Dia Internacional da Visibilidade Trans se celebra, invariavelmente, a 31 de Março. Este ano apenas aconteceu de calhar no domingo de Páscoa.

Veredicto

Joe Biden não baniu os símbolos religiosos das celebrações de Páscoa da Casa Branca. Há mais de 40 anos que essa proibição existe em algumas actividades, como esclareceu a American Egg Board, em comunicado. Também não declarou o domingo de Páscoa Dia da Visibilidade Trans. Como o segundo se comemora invariavelmente no dia 31 de Março, este ano aconteceu de coincidir com o domingo de Páscoa.

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