Teoria da conspiração sobre Taylor Swift e Joe Biden “é real para 18% dos americanos”

Mais de 80% dos inquiridos que acreditam que Swift é uma agente clandestina ao serviço do Presidente dos EUA vão votar em Donald Trump na próxima eleição presidencial.

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Taylor Swift e o namorado, o jogador de futebol americano Travis Kelce Reuters/BRIAN SNYDER
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Quase 20% dos inquiridos numa sondagem da universidade norte-americana de Monmouth, em New Jersey, acreditam que a cantora Taylor Swift faz parte de uma "operação clandestina" da Casa Branca para ajudar o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a ser reeleito em Novembro.

Na sondagem, realizada entre os dias 8 e 12 de Fevereiro junto de 902 norte-americanos com mais de 18 anos de idade, 46% dos inquiridos dizem que já ouviram falar da teoria da conspiração, promovida nos últimos meses por figuras da direita radical norte-americana e pelo canal de televisão Fox News — e amplificada pelo dono da rede social X, o multimilionário Elon Musk —, segundo a qual Swift foi recrutada pelo Pentágono para influenciar o voto em Biden.

Numa das versões mais extravagantes desta teoria da conspiração, a "operação clandestina" passaria pela fabricação de um namoro entre Swift e o jogador de futebol americano Travis Kelce. O ponto alto seria revelado no jogo que decidiu o título de campeão no futebol americano, entre os Kansas City Chiefs e os San Francisco 49ers, que teve lugar no último domingo: no intervalo do jogo, Swift e Kelce surgiriam juntos para incentivarem os jovens norte-americanos a votarem em Biden.

Segundo a sondagem da Universidade Monmouth, 18% dos inquiridos acreditam que a Administração Biden e Taylor Swift estão a trabalhar em conjunto, numa "operação clandestina", para levar os milhões de admiradores da cantora e do jogador de futebol americano a votarem no candidato do Partido Democrata em Novembro — uma declaração de apoio que, a acontecer nas próximas semanas ou meses, será apenas uma repetição do apoio declarado por Swift ao Partido Democrata nas eleições de 2018 e a Biden na eleição presidencial de 2020.

Dos 18% que dizem acreditar na teoria da conspiração que envolve Swift, 83% dizem também que vão votar em Donald Trump na próxima eleição presidencial.

O número de inquiridos (902) e a margem de erro (de +/-4,1%) aconselham cautela na leitura dos resultados, e também não é certo que todos os que dizem acreditar na tese da "operação clandestina" alinham pela versão mais extravagante da teoria da conspiração. Ainda assim, uma qualquer variação no sentido de voto ou na afluência às urnas, por mais pequena que seja, numa eleição presidencial que se espera muito renhida, pode ser decisiva para o resultado final.

"A conspiração sobre Taylor Swift tem pernas para andar entre um número significativo de apoiantes de Trump", disse Patrick Murray, director do instituto de sondagens da Universidade Monmouth, num comunicado. "Até alguns inquiridos que não tinham ouvido falar sobre a conspiração antes de terem respondido à sondagem disseram que a tese é credível. Bem-vindos à eleição de 2024."

No total, 68% dos inquiridos aprovam a decisão de Swift de sugerir um sentido de voto aos seus admiradores, com diferenças significativas entre os eleitores republicanos (42%) e os eleitores democratas (88%) e independentes (71%).

"Até as teorias da conspiração menos disseminadas têm o efeito negativo de facilitar a crença em outras teorias da conspiração", disse ao Washington Post Richard Greene, um professor de Filosofia na Universidade de Weber, no Utah, e autor de um livro sobre o tema.

Ouvida pelo mesmo jornal, Barbara McQuade, professora de Direito na Universidade do Michigan e comentadora no canal MSNBC, considera que a teoria da conspiração sobre Taylor Swift tem um objectivo político claro — o de "fabricar uma polémica na esperança de que Swift recue numa intenção de declarar o seu apoio a Joe Biden".

Em Maio de 2021, numa sondagem feita a 5625 pessoas nos 50 estados do país, por duas organizações independentes que estudam temas ligados à religião nos EUA — o Public Religion Research Institute (PRRI) e o Interface Youth Core —, 15% dos inquiridos disseram que acreditam na teoria da conspiração QAnon, segundo a qual as agências do Governo norte-americano, as empresas jornalísticas e o mundo das finanças são controlados por pedófilos adoradores de Satanás que lideram uma rede internacional de tráfico sexual de menores.

O fundador do PRRI, Robert P. Jones — um doutorado em Religião na Universidade Emory e autor do livro The End of White Christian America (“O fim da América branca cristã”, de 2016) — disse na altura, ao New York Times, que "se o QAnon fosse uma religião, teria tantos fiéis [nos EUA] como os protestantes evangélicos brancos ou os protestantes brancos tradicionais".

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