Eurovisão: Representantes de Portugal e de mais oito países pedem cessar-fogo em Gaza

Iolanda junta-se aos participantes da Irlanda, Noruega, São Marino, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Lituânia e Finlândia. Pedem também “o regresso em segurança de todos os reféns”.

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Iolanda será a representante portuguesa com a canção Grito Pedro Pina/RTP
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Um grupo de representantes de nove países no Festival Eurovisão da Canção 2024, entre os quais Portugal, assina uma declaração na qual pede um "cessar-fogo imediato e duradouro" na guerra que opõe Israel ao Hamas na Palestina e o regresso a casa de todos os reféns israelitas.

Na carta, publicada no site Eurovison Fun, mas também nas páginas das redes sociais X (antigo Twitter) e Instagram da intérprete portuguesa, Iolanda, os representantes de nove países começam por afirmar que reconhecem "o privilégio de participar na Eurovisão", mas que não se sentem "confortáveis em ficar em silêncio" perante a "situação actual nos territórios palestinianos ocupados".

"É importante para nós sermos solidários com os oprimidos e comunicar o nosso sincero desejo de paz, de um cessar-fogo imediato e duradouro e do regresso em segurança de todos os reféns. Estamos unidos contra todas as formas de ódio, incluindo o anti-semitismo e a islamofobia", defendem.

"Sentimos que é nosso dever criar e defender este espaço, com a forte esperança de que ele inspire maior compaixão e empatia", acrescentam.

Além de Portugal, assinam esta carta os intérpretes da Irlanda, Noruega, São Marino, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Lituânia e Finlândia.

A participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção deste ano tem vindo a gerar polémica, tendo recentemente a organização validado a música daquele país após uma modificação na letra com a intenção de apagar qualquer menção que pudesse ser considerada política.

A controvérsia sobre a letra da canção israelita surgiu entre vários apelos de representantes políticos e artísticos europeus à União Europeia de Radiodifusão (UER), para que vetasse a participação de Israel devido à guerra na Faixa de Gaza.

O organismo respondeu que a Eurovisão é um evento "apolítico", mas este argumento também foi criticado quando se recordou a rápida expulsão da Rússia na sequência da sua agressão militar contra a Ucrânia em 2022.

Num email enviado às redacções, o Comité de Solidariedade com a Palestina fez eco desta tomada de posição dos nove concorrentes, mas pede para que vão mais longe, dando o passo decisivo ao boicotar o festival. "Embora seja de louvar a afirmação destas vontades, elas não passarão de palavras inconsequentes enquanto não forem seguidas do boicote", pode ler-se num pequeno texto. "Ao participarem num festival ao lado do Estado de apartheid israelita enquanto este comete um genocídio (transmitido em directo) contra 2,3 milhões de palestinianos em Gaza, os concorrentes estarão a normalizar e a ser cúmplices do branqueamento deste enorme crime contra a humanidade."

O 68.º Festival Eurovisão da Canção decorre em Maio, em Malmo, na Suécia, 50 anos depois da primeira vitória daquele país com o tema Waterloo, dos ABBA.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes.